Unidade Pastoral de Proença-a-Nova 7 dias com os frades Capuchinhos

De 30 de Junho a 6 de Julho esteve entre nós um grupo de frades Franciscanos Capuchinhos em missão pela Unidade Pastoral.
Iniciaram a sua semana com a oração das vésperas e celebração da Eucaristia em Proença-a-Nova, às 17H30 de segunda-feira. A partir daí, passaram pelas diversas Igrejas e capelas, rezando, celebrando e convivendo com a comunidade. Outra vertente muito presente da sua missão foi o estar com os mais velhos. Visitaram os lares de idosos e levaram a sua hospitalidade e alegria.
O grupo era constituído por 12 frades, um deles o frei e padre José Pires que por estas terras trouxeram a sua fraternidade evangélica vivendo ao jeito de Jesus de Nazaré, na simplicidade  e humildade, vivendo no meio do povo.
Constituem uma instituição religiosa da Igreja Católica, que nasceu a partir da Ordem fundada no século XIII por São Francisco de Assis, com o objectivo de viver e anunciar o evangelho em Fraternidade, na simplicidade e na alegria.
O grupo era constituído por rapazes jovens, a acabar a sua formação teológica e vindos de 3 continentes. Ásia, (Timor), da África (Cabo Verde) e da Europa (Portugal). Fizeram o percurso de formação juntos e agora regressam às suas comunidades. Mas antes fizeram esta pequena missão por terras da Beira.
Com o seu hábito, à mistura com a música e a alegria que imanavam, deram às nossas comunidades uma visão mais alargada do ser Igreja e das diversas formas de estar em Igreja.
Isso pudemos constatar ao falar com as pessoas, desde Proença, passando por S. Pedro do Esteval, Lameira, Pedra do Altar, Vales, Cardigos, Malhadal, Pergulho, todos manifestaram a alegria pela sua presença e pelo testemunho que deixaram.
Conversámos com o Frei José que nos falou dos objetivos desta missão. “Criar a experiência da missão, encontrar outras pessoas, outras realidades e procurar partilhar a nossa vida, a nossa alegria cristã, a nossa forma de viver  o evangelho”.  Nesta Unidade pastoral, porque conhecia o Padre Ilídio, foi pároco na sua paróquia e além disso o padre Arantes que tem vindo fazer formação bíblica a Proença, também sugeriu esta passagem por estas terras.
O grupo era constituído por 13 estudantes. Em Proença estiveram apenas 11 porque um foi para Timor-leste e o outro para Cabo Verde. Já todos professaram, fizeram a primeira profissão chamada de profissão temporária e depois tem a profissão definitiva. Agora estão naquela fase entre a profissão temporária e a perpétua. Estão a estudar na Universidade Católica do Porto, onde têm a formação pós-noviciado. O noviciado é o ano de experiência, em que o jovem está mais recolhido, sem estudo académico para depois tomar o hábito religioso. Seguir ou não o sacerdócio, o frei José explicou que “os estudos teológicos têm dois objetivos. O primeiro é a formação pessoal como religiosos. Mas para nós o principal não é ser sacerdote, estudar teologia sim para termos a nossa formação, depois quem quiser ser ordenado será, se não quiser pode continuar como Irmão, porque S. Francisco  de Assis nunca foi padre”.
Os Capuchinhos estão em Portugal, de maneira continuada, desde 1932. Com casas na Baixa da Banheira, em Lisboa, o Centro Bíblico em Fátima, no Porto, em Gondomar e Barcelos.
Relativamente às vocações na Igreja, o frei José salientou que estas “estão relacionadas com toda a vida da Igreja, é a própria Igreja em si que está a envelhecer por causa da família que está também a ficar velha, com menos filhos. São consequências de uma Igreja que precisa de renovar”.
Como renovar? “Como diz o Papa “é voltar ao primeiro amor”, que é o encontro de Jesus Cristo com os seus discípulos. Precisamos de encontrar com este Cristo e não só com as doutrinas deste Cristo, mas encontrarmo-nos com o próprio Jesus Cristo. Não é com projetos humanos, mas com o projeto de Deus”, disse. Aqui o frei José destacou o facto“das famílias terem poucos filhos o que faz com que tenham mais dificuldade em entregá-lo para o serviço da Igreja”.
Relativamente à realidade europeia e africana, o frei José salientou que as diferenças se situam por exemplo no facto de em Cabo Verde a população ser muito jovem e a família ainda é numerosa “e por isso temos mais vocações porque as famílias são mais numerosas e ainda há esta generosidade de deixar o filho ir para a vida religiosa”. Destacou aquilo que ele chama o intercâmbio religioso dizendo: “acho que mais que evangelizar é retribuir o que recebemos dos antepassados”.
Depois desta semana, o frei José destaca o tempo disponível que as pessoas têm para estar na Igreja, para ir às celebrações, estar um tempo antes com Santíssimo Sacramento.  Considerou esta experiência muito positiva “vou com esta consciência de que há um trabalho muito grande que está a ser desenvolvido aqui pelos sacerdotes, que têm tantas paróquias, tantos serviços e não é fácil acudir a tudo. Gostei muito da pastoral que é feita, uma pastoral aberta, de proximidade, de contacto com as pessoas. O facto de o sacerdote conhecer as pessoas pelo nome. É por aqui que a Igreja terá que ir e é isso que o Papa já está a fazer. Acho que não temos outro caminho. E esse caminho não é nada de novo, é aquilo que Jesus Cristo fazia, andava pelas terras da Galileia, no meio das pessoas, a chamar as pessoas pelo nome”.
Deixou-nos esta mensagem: “Não se esqueçam da Palavra de Deus, ela tem que ser o livro da cabeceira, mas também o livro da vida. Levar a Bíblia para a vida e a vida para a Bíblia”.
Conceição Cardoso

 

Conversámos com alguns Irmãos.

O Feri Emanuel de 27 anos é de Cabo Verde, e este é o primeiro ano a estudar em Portugal. Porquê seguir este caminho? “Porque me senti chamado por Cristo, estar mais perto dos pobres, dos doentes, dos mais fragilizados”. A família ajudou nesta sua caminhada. “Foram eles os primeiros a despertar a minha vocação, depois alguns frades que passaram pela minha Ilha, S. Nicolau. O Frei José Garcia, também de Cabo Verde, tem 25 anos, terminou terceiro ano de Teologia. Vai agora para Cabo Verde fazer um ano de Pastoral Fraterna. Seguir este caminho é, para o Frei José “um chamamento, uma resposta que damos a esse chamamento, ao impulso que sentimos. É como voltar ao primeiro amor, esse é o nosso lema. Dar resposta à voz de Deus”. O que dizer aos jovens?  “Que estejam atentos, abram o coração à voz de Deus porque o chamamento não é como nós queremos ou esperamos mas por vezes tem uma forma tão simples que pode passar despercebido”.
O Tiago é português e o porquê de seguir este caminho “porque ainda ando a descobrir. Sempre gostei muito de ajudar as pessoas, tentar ter uma atenção para elas. O serviço caridoso é para mim muito importante. Depois tive uma experiência em Taizé que o espírito de lá a convivência é algo que nem consigo explicar e isso marcou-me profundamente. Todos diferentes, mas no fundo todos com o mesmo ideal. A oração também me tocou muito. Depois de vir de lá, comecei a meditar sobre a minha vida e a juntar a isso houve um frade que teve a ousadia de me perguntar se eu queria ser missionário Capuchinho e aqui estou”. A família ajudou, salientando que o importante era a sua felicidade.
O Frei Rafael é de Timor, juntamente com mais dois frades. Aqui vieram receber formação para depois voltarem, ajudarem depois na formação de outros jovens  que queiram seguir este ideal Franciscano Capuchinho. Em Timor há duas fraternidades. “O ideal Capuchinho de vida alegre, de poder partilhar com os pobres. Que podemos trabalhar juntos no mesmo ideal, para construir uma nova comunidade, uma nova missão”.