“Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!”

19-05-2011 18:49

 “Queridos irmãos e irmãs, hoje diante dos nossos olhos brilha, na plena luz de Cristo ressuscitado, a amada e venerada figura de João Paulo II. Hoje, o seu nome junta-se à série dos Santos e Beatos que ele mesmo proclamou durante os seus quase 27 anos de pontificado”. Com palavras expressivas da meta para qual tendem todos os filhos de Deus, o Sumo Pontífice, Bento XVI, apresentava João Paulo II como digno de veneração dos católicos. A Igreja afirma oficialmente aquilo que era certeza de muitos, desde a altura da sua morte e até antes: aquele homem era santo. Naturalmente porque Carol Wojtyla nunca desistiu no caminho da conversão. Viveu intensamente este caminho, desde a sua juventude, marcada pela experiência dramática da segunda guerra mundial, até ao ocaso da vida, marcado pelo sofrimento e pela doença. As palavras memoráveis que João Paulo II enunciou na sua primeira Missa solene de Pontificado, na Praça de São Pedro, aparecem como um legado, um testamento acolhido e repetido por Bento XVI e outros neste contexto especial: “Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!”. Se esta indicação tem valor inesgotável é porque ganhou vida na pessoa de Carol Wojtila. Aquilo que o Papa recém-eleito pedia a todos, começou, ele mesmo, a fazê-lo: abriu a Cristo, à sociedade, à cultura, aos sistemas políticos e económicos, invertendo com a força de um gigante – força que lhe vinha de Deus -, uma tendência que parecia irreversível. Essa “força de gigante” que impulsionava. Tudo isto emergia do Evangelho. À luz do Evangelho, como enfatizou o cardeal Tarcisio Bertone, “ele leu a história da humanidade e de cada homem e mulher que o Senhor colocou no seu caminho”. Do encontro com Cristo no Evangelho brotava a sua fé e a consequente força de gigante. É digno de notar, que um dos aspectos evidentes da santidade de Carol Wojtila, reside precisamente na sua persistência: apesar da sua longa vida, de inúmeras tarefas que o ocuparam, das missões que a Igreja lhe exigiu, dos sofrimentos e as doenças, ele nunca renegou nada, nunca voltou as costas.

A beatificação do Papa João Paulo II é um desafio aos fiéis católicos em assumir peremptoriamente o legado motor da sua vida: “Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!”

Casualmente, no dia 1 de Maio de 2011, dia da beatificação de João Paulo II, alguns jovens das paróquias de Peral, São Pedro e Proença-a-Nova, tiveram a alegria de celebrar a festa do Compromisso e Envio. Naquela, estão os jovens do 9º ano a celebrar a sua livre e responsável opção a seguir Jesus, “caminho verdade e vida”. Nesta, estão os jovens do 10º, na atitude de quem assume o convite de Jesus a ir para o mundo, e aí ser como sal que dá sabor e luz que ilumina. A estes jovens deixo o convite feito pelo beato João Paulo II em 2005, Colónia: “Amados jovens, a Igreja precisa de testemunhas autênticas para a nova evangelização: homens e mulheres cuja vida seja transformada pelo encontro com Jesus; homens e mulheres capazes de comunicar esta experiência aos outros. A Igreja precisa de santos”.

Nesta semana de 8 a 15 de Maio acentuamos a oração pelas vocações, com o slogan: “Foste escolhido, espalha a Palavra”. Consciente do valor da oração e vocações consagradas na Igreja, o Papa Bento XVI na sua mensagem que fecha esta semana recorda-nos: “… A vocação dos discípulos nasce, precisamente no diálogo íntimo de Jesus com o Pai. As vocações ao ministério sacerdotal e à vida consagrada são fruto, primariamente, de um contacto constante com o Deus vivo e de uma oração insistente que se eleva ao “Dono da messe” quer nas comunidades paroquiais, quer nas famílias cristãs”.

Nestes tempos de confusão sobre o valor da oração, da magnanimidade da fé, da natureza da Igreja… e consequentemente, do valor da vida humana, o beato papa João Paulo II, é um testemunho precioso que não se deve deixar perder.

Feliz és tu, amado Papa João Paulo II, porque acreditaste! Continua do Céu – nós te pedimos – a sustentar a fé do Povo de Deus.

P. Ilídio Graça