Chiara Luce, jovem de 18 anos Beatificada em Roma

05-12-2010 21:42

Celebrámos recentemente o Dia de Todos os Santos. No “Glória “ da missa proclamamos, dirigindo-nos a Deus : ”Só Tu és santo!”, no sentido de que só Ele é perfeito, é o Tudo, está acima de tudo. Porém, também os homens podem elevar-se a Ele e participar na sua santidade, como seres criados à sua imagem e semelhança. E não só um dia no céu, mas já hoje aqui na terra, pessoas concretas que, como discípulos de Cristo, se esforçam por viver a sua Palavra, o seu Evangelho.

Na visita do papa Bento XVI a Inglaterra, lançou aos jovens o convite a ter como objectivo a santidade, caminho para a verdadeira felicidade. Igual desafio foi lançado aos cerca de 12000 jovens vindos de mais de cinquenta países ( incluindo Portugal) e dos cinco continentes, no dia 25 de Setembro no Santuário do Divino Amor, em Roma, na Missa de Beatificação de Chiara Luce Badano,

Á noite, na Aula Paulo VI, através de música, vídeo, teatro, testemunhos e momentos de diálogo com os próprios pais de Chiara e alguns dos seus amigos, e na presença de muitos bispos e cardeais, os jovens fizeram uma festa que  percorreu a sua história de Chiara Luce ( Clara Luz, em português)em 3 etapas:

LIFE: a espera do seu nascimento e a infância, a descoberta do Evangelho e a possibilidade de o pôr em prática na vida de todos os dias.

LOVE: o crescimento e a adolescência, com a descoberta de Jesus crucificado e abandonado, o seu maior amor.

LIGHT: a doença acolhida e vivida na certeza do amor de Deus; a plenitude da sua alegria também no sofrimento; o rasto de luz que deixou.

 Preparando-se para o encontro com o Esposo

Chiara preparou-se para o encontro: “É o Esposo que vem ter comigo”, e escolheu o vestido de noiva, os cânticos para a “sua” Missa. O rito deveria ser uma “festa” onde “ninguém deveria chorar”.

Depois de ter recebido Jesus Eucaristia pela última vez, parecia que estava imersa Nele e suplicou que recitassem a oração: “Vem, Espírito Santo, manda-nos do Céu um raio da tua luz”.

Não tinha medo de morrer. Tinha dito à mãe: “Já não peço a Jesus que me venha buscar para me levar para o Paraíso, porque quero ainda oferecer-lhe as minhas dores, para poder ainda partilhar com Ele a cruz”. Um pensamento especial para a juventude: “… Os jovens são o futuro. Eu já não posso correr, mas gostaria de lhes passar a chama como nas Olimpíadas. Os jovens têm uma só vida e vale a pena vivê-la bem!”. E o “Esposo” veio buscá-la na madrugada do dia 7 de Outubro de 1990, depois de uma noite de muito sofrimento. Era o dia da Virgem do Rosário. Foram estas as suas últimas palavras: “Mãe, sê feliz, porque eu sou feliz. Adeus”. E ofereceu ainda as suas córneas para transplante.

 

O processo de  beatificação

O exemplo luminoso de Chiara chegou a muitos corações de jovens e menos jovens, direccionando-os para Deus. D. Lívio Maritano, bispo da Diocese de Acqui, no dia 11 de Junho de 1999 abriu o processo para a Causa de canonização. No dia 3 de Julho de 2008 foi proclamada Venerável com o reconhecimento do exercício heróico das Virtudes teologais e cardiais. No dia 19 de Dezembro de 2009, o Santo Padre Bento XVI reconheceu o milagre atribuído à intercessão da Venerável Chiara Badano e assinou o Decreto para a sua Beatificação. Chegou agora o momento da Beatificação.” Uma santa, jovem dos nossos dias. Um exemplo luminoso para todos.

 

Quem foi  a agora beata CHIARA BADANO ?

Eis um resumo da sua vida, num texto lido na missa da sua beatificação:

“Chiara Luce Badano nasceu em Sassello, na Ligúria (Itália) na diocese de Acqui, a 29 de Outubro de 1971, após 11 anos de espera de seus pais. Era sã, amava a natureza e o desporto, mas desde pequena que se distinguia porque amava os “últimos”, cobrindo-os de atenções e de serviços ou renunciando muitas vezes a momentos de lazer. No infantário depositou as suas poupanças na caixa de esmolas para os “negrinhos”. Sonhava ir para a África como médica para curar aquelas crianças. No dia da sua Primeira Comunhão recebeu de presente o livro dos Evangelhos. Era para ela o «magnífico livro» e «uma mensagem extraordinária». Afirmava: «Assim como para mim é fácil aprender o alfabeto, o mesmo deve acontecer com o Evangelho!». Quando tinha 9 anos começou a fazer parte dos Gen do Movimento dos Focolares, e fez completamente seu esse Ideal, levando os pais também a aderir.

A doença

Aos 17 anos sentiu de repente uma dor muito forte no ombro esquerdo. Os exames, e as várias operações revelaram um osteosarcoma, dando assim início a um verdadeiro calvário que durou quase dois anos. Logo que teve conhecimento do diagnóstico, Chiara não chorou nem se rebelou. Ficou envolvida num silêncio e, 25 minutos depois, da sua boca saiu um sim à vontade de Deus. Disse muitas vezes: “Se é assim que queres, Jesus, também eu quero”. Nunca perdeu o seu sorriso luminoso. Enfrentou tratamentos muito dolorosos envolvendo neste Amor todos os que dela se aproximavam. Recusou a morfina porque lhe tirava a lucidez, oferecendo tudo pela Igreja, pelos jovens, pelos , pelas missões… permanecendo forte e serena. Dizia muitas vezes: “Não tenho nada, mas tenho ainda o coração e com ele posso amar sempre”.

O seu testemunho

O seu quarto no hospital em Turim ou na sua casa era um lugar de apostolado e de unidade. É a sua Igreja. Até os médicos, muitas vezes não praticantes, ficavam desconcertados diante da paz que se respirava à sua volta, e alguns deles voltaram a aproximar-se de Deus. Sentiam-se “atraídos como por um íman”, e ainda hoje se recordam, falam e invocam Chiara Luce.

Desde pequena que se empenhava em “dar Jesus aos amigos não com palavras mas com o comportamento”. Para viver bem o cristianismo, Chiara decidiu participar, dentro dos possíveis, todos os dias na Santa Missa. Recebia Jesus que tanto amava. Lia a Palavra de Deus e meditava-a. Reflectia sobre a afirmação de Chiara Lubich: “Serei santa se for santa agora”.

Recebia com amabilidade aqueles que a iam visitar. Ouvia e oferecia os seus sofrimentos porque: “Eu tenho matéria para oferecer”. Nos últimos encontros com o seu Bispo, manifestou um grande amor pela Igreja. Mas o mal continuava a avançar e as dores aumentavam. Não se lamentava. Dizia: “Contigo, Jesus, por Ti, Jesus!”.