Cimadas Cimeiras - “A Boída”
Mais uma vez a tradição cumpriu-se. Tradição que já vem desde 1923 , assim reza o livro onde estão registados os nomes dos que pertencem à “Irmandade”, mas é bem possível, que tenha tido origem em data anterior.
Esta tradição surgiu da necessidade dos tempos em que não havia ainda agências funerárias e era preciso sepultar os mortos. A família muitas vezes nem tinha posses para pagar o caixão.
Surgiu então a necessidade da criação da “Irmandade”, que era afinal um conjunto de pessoas ,geralmente os habitantes da aldeia, que todos os anos e pela ordem de inscrição no livro, nomeavam um “Juiz”, que tinha como incumbência fazer a colecta do dinheiro do caixão, avisar da hora do funeral e nomear os homens para levar o carro com o defunto até ao cemitério.
As funções do “juiz” atrás referidas eram, digamos assim, as principais, mas para além destas tinha também a obrigação de todos os anos e no dia de Todos-os-Santos dar a “Boída”, que consiste em receber em sua casa, todos os sócios da “Irmandade”. Antigamente vinha apenas o chefe de família , mas actualmente alargou-se a todo o agregado familiar.
Para além de receber, tinha também de providenciar as sardinhas e o vinho; no início do encontro é rezado o terço. Hoje os comes e bebes foram enriquecidos com novos manjares mas as sardinhas mantêm-se.
Este ano, foi o casal Luís e Lena Ferreira, que nos recebeu, com alegria e conforto, avivando mais um ano esta tradição.
Para o ano lá estaremos outra vez na casa do que se segue e assim cumpriremos a ordem do livro dos assentos e desta forma mantemos esta tão antiga tradição.
Vidimor.