ESPERANÇA e FÉ para CELEBRAR A VIDA

19-11-2014 17:23

Na vida, é motivo de alegria o tempo de esperança(s).
Vive a mulher o tempo de esperanças com mil cuidados para que o fruto do Amor nasça são e escorreito. E quanta alegria enche a casa de família que se vê aumentada pelo nascimento duma criança. Alegria justificada porque mais uma vez se cumpre o projecto de Deus: «Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos.”» (Gn, 1,28) E desde então todos os anos pelo aniversário da criatura se renova a festa da vida. Entretanto, (como Maria, mãe de Jesus e Nossa Mãe) a mãe continua desveladamente a cuidar do seu filho, para que nada lhe falte e possa crescer em estatura e sabedoria até ao fim dos seus dias.
Mas neste processo de vida é indispensável ter a consciência de si como ‘ser’ com direito a dignidade humana e de que «o homem não pode viver sem conhecer o significado da sua existência.» (João Paulo II)
Prestes a fechar o ano litúrgico 2013-14, registamos mais que muitas ocorrências de absurdo atentado à vida: abortos, suicídios, morte medicamente assistida (eutanásia), genocídios em guerras por dá cá aquela palha, violência de todo o tipo nas famílias e entre nações. A palavra crise encheu manchetes e serviu para justificar todos os meios e fins tantas vezes ofensivos da mais elementar dignidade humana. Parece ser também o efeito da crise a explicação para tanto divórcio. Porque não sabem que «Dizer a alguém: amo-te!, é dizer: não morrerás!» (G. Marcel). Infelizmente, se tudo isto é verdade, não é menos verdadeiro que os tempos e modos de vida actuais influenciam exponencialmente a relação da pessoa e da sociedade com a vida. Lamentavelmente, assistimos a uma cruel banalização da Vida. Tantas vezes o valor da Vida foi desvalorizado a eito e a jeito em filmes e telenovelas, por opinadores e entrevistados alinhados com ideologias aviltantes e interesses abjectos em relação à vida. Porque não sabem que «o Homem é a chave das coisas e a sua última harmonia. (…) O Homem é uma parte da Vida, mais ainda, a parte mais característica, mais polar, mais viva da Vida». (T. de Chardin).
Assim é porque falta Amor nas suas vidas. Para aqueles, a vida não tem valor, não respeitam a inviolabilidade da Vida, não consideram que «a vida humana é sagrada» (CIC, 2258), porque lhes falta desfrutar do único e verdadeiro Amor, o Amor de Deus.
Para nós, cristãos, está a chegar o tempo da Esperança, o gracioso Advento que nos prepara para a grande festa da vida na celebração do nascimento de Jesus. Pela Liturgia do Advento, a Igreja actualiza a expectativa do Messias (CIC, 524) e nela projecta e renova a segunda vinda de Cristo. Na simplicidade do estábulo, na humildade das palhas da manjedoura, o nascimento de Jesus configura a beleza da Vida nascida e renova o acto criador de Deus-Pai, Encarnação do Verbo feito Homem pela qual restabelece a Aliança com o Seu Povo e cumpre a Promessa da Redenção.
Cientes de que «a glória de Deus é que o homem viva» (S. Ireneu) e com a certeza de que «o cristianismo no mundo não representa somente, como às vezes parece, o lado religioso de uma civilização transitória, nascida no Ocidente. É antes de tudo um fenómeno de amplitude universal que marca a aparição, no interior da humanidade, de uma ordem vital nova» (T. de Chardin), ousemos terçar pela Vida, pugnar pela defesa da Vida, feitos cristãos! Afinal, é dever de todo o cristão, feito discípulo de Cristo, imprimir no mundo a marca cristã da Vida dom de Deus.
A caminho dos sempre renovados tempos litúrgicos que se iniciam com o Advento, abramos as janelas da Fé à Luz Sinodal! Sejamos sal no mundo! Proclamemos a Esperança que brota do Natal de Jesus e em cada humano nascimento! Aclamemos a Vida feita Natal todos os dias na negação da morte e com a Fé na Esperança da Ressurreição!             ABS