Maljoga

19-11-2010 09:27

 Em jeito de síntese...

É mesmo uma síntese aquilo que passarei a escrever! Não é que não me apeteça, ou seja falta de tempo, ou desinteresse! Desengane-se quem assim estiver a pensar. É que é difícil descrever como foi o 1º Pedestre – Percursos do Lameiro da Serra, promovido pela A. Cultural da Maljoga, tal foi a sua dimensão humana!

O 1º dia começou cedo com o amassar do pão, da broa e do bolo finto, ao que se seguiu o aquecer do forno com lenha de esteva e eucalipto para apressar as modas, pois o dia era longo e as actividades recheadas de coisas boas! Enquanto o pão fintava e a broa ganhava fole, o nosso amigo António da Mata, presenteou os nossos amigos dos quatro cantos de Portugal e muitos outros da nossa Maljoga, com uma belissima explicação do mundo maravilhoso das abelhas. Homem habituado a estas coisas, e em jeito de bom anfitrião, logo desafiou os mais atrevidos para uma lagarada de morangueiro! Aquilo é que foi ver pé ante pé a esmagar os morangueiros que já lacrimejavam de tanto doce! Havemos de o provar lá mais para diante ó António!

Já mijava no lagar um mosto delicioso que fazia as delicias de miúdos (e eles eram muitos) e graúdos, quando no forno da aldeia se enfornavam a broa de milho, o pão de trigo e os pães chatos recheados com coisas boas, todas elas mediterrânicas. Fizemos também o pão rico com aquele fruto que em outros tempos, a alguns alveitérios, fazia trocar os passos enquanto guardavam os rebanhos de cabras pela serra! O almoço foi partilhado, como se de uma família se tratasse, e assim foi todo fim de semana, partilhado em família! À tarde, o Pedi Papper começou na Aldeia Ruiva, lugar de pernoita dos de Lisboa e do Norte do Centro e do Oeste, eu sei lá de onde veio tanta gente! Daí desse Portugal..., cheio de gente boa! Foi uma percurso cheio de peripécias, desde a Isna ao Moinho Branco, passando pela Várzea da Ribeira, seguindo-se a nossa Maljoga e uma visita ao moinho, que aqueles lá do Oeste procuraram pelo Cabeço da Porca, Serra das Talhadas, Lameiro da Serra..., mas de moinho só viram estes de agora, modernos, que já não moem pão, e lentamente vão triturando um caminho mais limpo, em busca de maior sustentabilidade. Não têm culpa de não encontrarem o nosso moinho a água da levada da Foz da Água Boa, lá na terra deles é nos montes e serras que o pão nosso de cada dia ganha forma de farinha!

O jantar foi feito na grelha, e na panela. O Domingo começou às 8.00h com um pequeno almoço servido em bufete(parecia um hotel), todos compareceram à hora marcada! O Rui Lavrador e o Lameiro da Serra esperavam por um belo grupo de corajosos, que nem a chuva, o vento ou o frio foram capazes de deter. E lá foram quase 2 dezenas em busca dos caminhos que os levaram num percurso circular de quase 3 horas!

Os restantes, receando uma gripe ou um resfriado, fizeram-se à estrada em descoberta de outros encantos do Concelho de Proença. A hora do almoço chegou por volta das 13h, e às 4 dezenas de convidados, juntaram-se outras 4 dezenas de conterrâneos para um almoço, em que o rei foi o cozido, que não era à portuguesa, mas à Alentejana! Alentejana sim senhor! Porque a si o que é seu! E nestas coisas da comida, não façamos trocas e baldrocas! O que é daqui, é daqui, e não é dali! E quem o diz sou eu mesmo, que defendo religiosamente a origem das coisas! Teoria à parte, estava delicioso, começando pelo caldo do cozido a regar umas migas de pão com hortelã, e passando pela diversidade de legumes e leguminosas. Pela tarde a fora um magusto, agua pé ainda a pedir umas geadas, mas muito boa, fizeram companhia aos participantes enquanto se apuravam os resultados do Pedi Papper. Ganharam todos!

Acabou, mas o Sol, ficou cá dentro!

Rui Lopes,

Presidente da Direcção ACDRS de Maljoga