O Cantinho dos poetas - Da Amoreira para o Brasil
Neste nosso cantinho, de vez em quando aparecem os nossos “poetas”, que, embora não possam ser chamados poetas no sentido verdadeiro do tema, retraram aspectos da vida quotidiana à sua maneira, mas que nos ajudam a reviver a história. Hoje falamos do Sr. António Sequeira Dias, natural da Amoreira e a viver no Brasil. Para lá partiu, tal como muitos outros nosso conterrâneos no ano de 1963. Entre muitas coisas que fez, teve um matadouro de frangos na cidade de São José de Rio Preto, no Estado de São Paulo. Vem duas vezes por ano a Proença-a-Nova (no Verão e no Inverno para apanhar azeitona). Traz a mulher e algumas vezes também vem com os filhos. Gosta muito da Amoreira (terra natal). Participa em convívios e escreve versos, que publicamos Alguns destes versos eram de um rancho que houve na Amoreira e outros foi ele que compôs.
O harmónio é de pinho
E as folhas de oliveira
E o tocador que o toca
É o António da Amoreira
II
Ai tintinho meu tintinho
Que saíste da videira
Escorrega devagarinho
E apaga-me esta fogueira
III
E o harmónio pede, pede
Eu bem o ouço pedir
Pede, pede cama
Para o tocador dormir
IV
Adeus povo da Amoreira
Adeus ò terreiro varrido
Ainda muito que eu queira
Não consigo tirar de lá o meu sentido
V
Adeus povo da Amoreira
Ao fundo da serra fica
Não sei como tens criado
Mocidade tão bonita
VI
Adeus povo da Amoreira
E no meio tens um repuxo
Tens lá rapazes bonitos
E moças de alto luxo
VII
Atira José atira
À pomba que anda na eira
Ò ladrão que tu a mataste
E ela era a minha companheira
VIII
Adeus povo da Amoreira
Ao cimo tens uma rosa
E no meio tens um botão
Foi lá no fundo que encontrei
o amor do meu coração
IX
Esta noite não é noite
Para os meus olhos dormir
É noite de extravagância
Quero-me é divertir
X
Nesta noite sonhei eu
A outra a sonhada a tinha
Tinha-a nos meus braços
Muito apertadinha
XI
A essa respondo eu
E à outra darei combate
E o meu coração
É leal em toda a parte
XII
Não te rias de quem chora
Que é coisa que Deus ordena
Poda a roda desandar
E chorares da mesma pena
XIII
Trago um relógio no pulso
Uma corrente ao coração
Faz favor de me dizer
Quantas horas é que são
XIV
Estas meninas de agora
Estas que de agora são
Usam relógios no pulso
E não sabem que horas são
XV
A água que corre ao baixo
Ao cimo não tem corrente
Mal empregado rapazinho
Não estares ao pé de
mim sempre