O Cantinho dos poetas - Da Amoreira para o Brasil

03-11-2010 22:27

Neste nosso cantinho, de vez em quando aparecem os nossos “poetas”, que, embora não  possam ser chamados poetas no sentido verdadeiro do tema,  retraram aspectos da vida quotidiana à sua maneira, mas que nos ajudam a reviver a história. Hoje falamos do Sr. António Sequeira Dias, natural da Amoreira e a viver no Brasil. Para lá partiu, tal como muitos outros nosso conterrâneos no ano de 1963. Entre muitas coisas que fez, teve um matadouro de frangos na cidade de São José de Rio Preto, no Estado de São Paulo. Vem duas vezes por ano a Proença-a-Nova (no Verão e no Inverno para apanhar azeitona). Traz a mulher e algumas vezes  também vem  com os filhos. Gosta muito da Amoreira (terra natal). Participa em convívios e escreve versos, que publicamos Alguns destes versos eram de um rancho que houve na Amoreira e outros foi ele que compôs.

O harmónio é de pinho

E as folhas de oliveira

E o tocador que o toca

É o António da Amoreira

 

II

Ai tintinho meu tintinho

Que saíste da videira

Escorrega devagarinho

E apaga-me esta fogueira

 

III

E o harmónio pede, pede

Eu bem o ouço pedir

Pede, pede cama

Para o tocador dormir

 

IV

Adeus povo da Amoreira

Adeus ò terreiro varrido

Ainda muito que eu queira

Não consigo tirar de lá o meu sentido

 

V

Adeus povo da Amoreira

Ao fundo da serra fica

Não sei como tens criado

Mocidade tão bonita

 

VI

Adeus povo da Amoreira

E no meio tens um repuxo

Tens lá rapazes bonitos

E moças de alto luxo

 

VII

Atira José atira

À pomba que anda na eira

Ò ladrão que tu a mataste

E ela era a minha companheira

 

VIII

Adeus povo da Amoreira

Ao cimo tens uma rosa

E no meio tens um botão

Foi lá no fundo que encontrei

o amor do meu coração

IX

Esta noite não é noite

Para os meus olhos dormir

É noite de extravagância

Quero-me é divertir

 

X

Nesta noite sonhei eu

A outra a sonhada a tinha

Tinha-a nos meus braços

Muito apertadinha

 

XI

A essa respondo eu

E à outra darei combate

E o meu coração

É leal em toda a parte

 

XII

Não te rias de quem chora

Que é coisa que Deus ordena

Poda a roda desandar

E chorares da mesma pena

 

XIII

Trago um relógio no pulso

Uma corrente ao coração

Faz favor de me dizer

Quantas horas é que são

 

XIV

Estas meninas de agora

Estas que de agora são

Usam relógios no pulso

E não sabem que horas são

 

XV

A água que corre ao baixo

Ao cimo não tem corrente

Mal empregado rapazinho

Não estares ao pé de

mim sempre