O Dia de Portugal devia merecer mais respeito...

30-06-2014 19:36

No passado dia 10 de Junho celebrou-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. A data escolhida, o décimo dia de Junho, é o dia que os anais da história assinalam como o dia da morte de Luís Vaz de Camões, nos idos de 1580.
Acresce que, neste dia carregado de significados, celebra-se também o Dia do Anjo de Portugal. Esta festa encontra as suas raízes no reinado de D. Manuel I, quando a pedido do monarca português, o Papa Júlio II instituiu, em 1504, a festa do «Anjo Custódio do Reino» cujo culto já seria antigo em Portugal. A sua devoção quase desapareceu depois do séc. XVII, mas seria restaurada mais tarde, em 1952, quando foi inserida no Calendário Litúrgico português por Pio XII, para comemorar o dia de Portugal. Esta acção do sumo pontífice, vai ao encontro da secular tradição em que cada nação tem um Anjo encarregado de velar por ela. Contemporaneamente, esta devoção teve um aprofundamento na piedade popular muito devido às Aparições do Anjo aos Pastorinhos, em Fátima.
O dia de Portugal deveria ser o pretexto para celebrarmos as razões da nossa dignidade aos mais vários níveis. Os símbolos que nos enraízam numa história de nobre povo e nação valente deveriam sair reforçados quando celebramos o nosso dia, o Dia de Portugal.
Por isto tudo, é difícil perceber o que aconteceu este ano nas cerimónias do Dia de Portugal. Falo do ódio devotado à figura do Presidente, por uns quantos que se acham no direito de representar a nação por inteiro quando as contrariedades da vida nos assolam. Para além de serem sempre os mesmos, estão longe de representar o Portugal de Camões. Há um lugar para cada coisa e não ter consciência disso é perder o senso comum e, inclusive, correr o risco de debilitar as causas que se defendem. Foi uma crispação lamentável que nada dignifica os seus protagonistas. Dizia São Josemaria Escrivá: “Serenidade: Por que te zangas, se zangando-te ofendes a Deus, incomodas os outros, passas tu mesmo um mau bocado... e por fim tens de te acalmar?” (Caminho, 8).
Concluo citando o Papa Francisco na sua Exortação Apostólica Evangelium Gaudium: “Os males do nosso mundo – e os da Igreja – não deveriam servir como desculpa para reduzir a nossa entrega e o nosso ardor. Vejamo-los como desafios para crescer. Além disso, o olhar crente é capaz de reconhecer a luz que o Espírito Santo sempre irradia no meio da escuridão, sem esquecer que, «onde abundou o pecado, superabundou a graça» (Rm 5, 20)” (n.84).
José Manuel Pimenta