"Os homens precisam de mimo"

13-07-2011 14:39

Leituras Partilhadas – L

 João Miguel Tavares ´”nasceu em Portalegre em 1973. Depois de ter passado pela Engenharia Química, licenciou-se em Ciências da Comunicação. Foi jornalista no Diário de Notícias e actualmente é colunista do Correio da Manhã, director adjunto da revista Time Out e integra a equipa ministerial do programa da TSF governo Sombra”. Conheço o João Miguel há trinta anos e existe entre nós uma amizade sem dependências mas sincera. À sua esposa, a Dra. Teresa, devo uma dedicação quase filial sobretudo desde que a doença se tornou companheira do meu dia-a-dia.

Acontece que o João acaba de publicar o seu primeiro livro com o sugestivo título de “Os homens precisam de mimo” e o subtítulo “Como sobreviver a uma família e ser feliz”. Contém mais de quatro dezenas de crónicas, sugestivamente ilustradas, com que o João colaborou em diversos jornais e revistas. Já estava habituado a saborear o seu estilo simples simultaneamente irónico, incisivo e ternurento. Nas crónicas de teor político o João Miguel é de uma ironia forte, às vezes sarcástico, que já lhe tem trazido alguns problemas.

 

Nas crónicas de sabor familiar, e delas se compõe este livro, sem deixar a ironia, ele mostra também o seu amor de marido e pai que prevalece e é o segredo da vitória no meio das canseiras familiares do dia-a-dia. Os heróis são os três filhos, a esposa e ele próprio. Não pensem, no entanto, que o livro tem qualquer pretensão de auto-elogio apesar de aqui e além surgir, como não podia deixar de ser, a figura de “um pai babado” capaz de se “infantilizar”, sem perder a autoridade paterna, nas brincadeiras com os filhos, como já pude observar. Também não é, nem muito menos, um livro de bons conselhos sobre a forma de exercer uma paternidade responsável. É um livro cuja leitura faz bem à alma. Eu diria que é o trivial feito beleza…Já tinha lido, na imprensa, algumas destas crónicas mas agora que teve a amabilidade de me oferecer o livro atirei-me à sua leitura, saboreando umas pela primeira vez e recordando outras. Na dedicatória diz-me “… se este livro lhe proporcionar dois ou três sorrisos, já terá valido a pena”. Ainda o não pude ler todo mas os sorrisos já foram muitos. Claro que já valeu bem a pena.

Apenas para despertar o gosto dos leitores, transcrevo parte de um texto que vem na contracapa: “Este livro nasce de um grito de revolta: porque é que as mulheres hão-de ter o exclusivo das queixinhas sobre a vida doméstica? O que não falta por aí é literatura sobre a sacrificada mulher moderna e a forma heróica como ela conjuga o trabalho e a família. Nada contra. É tudo verdade. Mas e os homens? Alguém acha que o mundo está fácil para nós? Hoje em dia qualquer homem digno desse nome tem de ganhar a vida, amar a esposa, tratar dos filhos, cuidar da casa, fazer o jantar, baixar a tampa da sanita, e, já agora, telefonar à sogra no dia dos anos, com voz fofinha. E, no entanto, quem fala de nós? Quem derrama uma única lágrima pelo nosso esforço? O sofrimento masculino anda há décadas a ser silenciado. Mas isso acabou. Não mais. Sou um jornalista de 37 anos com três filhos e uma certeza: o homem moderno precisa de mimo, como nunca precisou desde que o primeiro australopiteco pisou o planeta. Precisa de ajuda, de atenção, de carinho. E por isso precisa de um livro como este: orgulhosamente queixinhas, que ninguém é de ferro”.

Leia este livro, caro amigo, far-lhe-á bem. Editado pela “Esfera dos Livros”, a distribuição é da “Sodilivros, SA”.

 

6/07/2011- P. Armando Tavares (alves.armandotavares@gmail.com )