Pedaços de eternidade

03-03-2014 10:56

Pontos de Vista

O tempo é o que temos de mais valioso na vida.


Não admira que todos tentemos domesticá-lo e obrigá-lo a obedecer-nos – há cursos e mil e um conselhos sobre gestão de tempo. Quase sempre o objectivo é o mesmo: queremos aprender a fazer mais em menos tempo. Aproveitar bem. Conseguir que as horas do dia se multipliquem e nelas caiba tudo o que gostaríamos de fazer. Como vivemos numa aceleração constante, cada vez mais lamentamos que as horas não estiquem.
Poderá dizer-se que não é o tempo, mas a saúde, a família, o amor, a fé, o emprego. Cada um tende a escolher o que considera o bem mais precioso na sua vida. Se escolho o tempo, é porque dele depende o espaço para que tudo o resto possa acontecer.
Numa altura em que tanto falamos em gestão de tempo e tendemos a olhá-lo de forma estratégica, diria que exactamente por ele ser precioso devemos tentar fazer menos. Hoje tendemos a fazer várias coisas em simultâneo. Estamos a ver um espectáculo e ao mesmo tempo vêem-se pessoas a consultar, no telemóvel, informações sobre a música que se ouve. Nos estádios, ao mesmo tempo que o jogo decorre, os espectadores consultam os resultados de outros encontros, espreitam notícias e pormenores sobre aquilo que se passa à sua frente. À mesa, por vezes entre conversas com amigos, mandam-se e-mails e mensagens.
Por querermos aproveitar o tempo, escolhemos fazer muitas coisas. Viver em ritmo frenético. Procurar muita informação, muita distracção, muita novidade. Perdemos a noção de espera. Parar? Parece-nos quase sempre uma perda de tempo.
O tempo é o que temos de mais precioso na vida, mas não numa visão estratégica ou contabilística.
O que realmente conta é a decisão quanto àquilo e aqueles a quem damos o nosso tempo. É a soma das nossas escolhas, no tempo que damos a determinados projetos, objectivos, ideias ou pessoas, que determina o resultado do que é a nossa vida. E escolher bem exige… tempo. Parar é condição para conseguirmos encher cada momento de pedaços de eternidade.                                                         M. I. C.