Pontos de vista

11-06-2011 17:24

 A matéria dos sonhos

 

A vida, todos o sabemos, não é aquilo que sonhamos. A par da fragilidade do que não controlamos e muitas vezes nos desarruma as certezas e projectos, temos de aceitar que a falha e a imperfeição são a nossa condição. Os sonhos são mobilizadores e fazem-nos lutar por aquilo em que acreditamos. Mas há momentos em que somos obrigados a aceitar a distância que vai entre o que sonhamos e o que conseguimos construir.

O sonho, como tão bem exprimiu Antonio Gedeão, comanda a vida. E nunca devemos prescindir dele. Só temos de aprender a ajustá-lo. Na juventude achamos que vamos conquistar e mudar o mundo. Crescer implica perceber que a mudança não é tão fácil como parece, sem que essa percepção implique desistência. Crescer é, de certa forma, aprender a distinguir aquilo que não podemos mudar do que podemos e não devemos prescindir de fazer.

Os sonhos crescem connosco e nós com eles. Modificam-se à medida que vamos aprendendo com a vida. Modificam-nos na medida em que sabemos reinventá-los e às vezes desistir dos que descobrimos que de certa forma eram excessivos, desajustados ou um pouco infantis. Ou dos que deixámos que outros sonhassem por nós.

Os pessimistas não sonham, têm pesadelos. Vêem sempre os piores cenários, as piores perspectivas, o pior dos outros. Os excessivamente optimistas têm défice de realidade. Falta-lhes uma dose de realismo necessária para encararem o mundo de olhos bem abertos. Gosto de acreditar que quem se deixa inspirar pelos sonhos está algures no meio-termo. Olhando a vida tal como é e sabendo que nem sempre o caminho para chegar à meta é fácil, mas insistindo sempre que acham que vale a pena. A matéria de que é feita os sonhos é indestrutível.

 M. I. C.