São João XXIII e São João Paulo II
No passado dia 27 de Abril, segundo domingo da Páscoa, também conhecido como de Pascoela, ou também da Divina Misericórdia, o papa Francisco, numa única celebração, canonizou dois novos santos, juntando quatro papas: ele, papa Francisco, e Bento XVI, papa emérito, e os dois novos santos, os papas São João XXIII ( papa entre 1958 e 1963) e São João Paulo II ( papa entre 1978 e 2005 ). Ser canonizado significa ser incluído na lista, ou cânone, dos bem-aventurados aos quais a Igreja, depois de lhes reconhecer virtudes heróicas e o poder de realizar milagres, tributa culto universal.
São João XXIII
João XXIII foi o nome que Angelo Giuseppe Roncali, com provável muito remoto parentesco com famílias lusitanas, nascido em 1881, na diocese de Bérgamo, em Itália, escolheu após a sua eleição no conclave, em 28 de Outubro de 1958, com 77 anos. Depois de 624 anos, o primeiro sucessor de Pedro reassumia, como papa, o nome do único papa português, João XXI João XXIII assumia o pontificado depois de uma longa carreira diplomática em tarefas difíceis na Bulgária, Grécia, Turquia e França e cinco anos como bispo de Veneza. Três meses após a sua eleição, na festa da Conversão de S.Paulo ( 25 de janeiro 1959), surpreende o colégio de cardeais ao anunciar a intenção de convocar um Sínodo Diocesano para a cidade de Roma e um Concílio Ecuménico para a Igreja Universal. O Concílio Vaticano II ( o mais importante concílio da história recente da Igreja) teve a sua sessão inaugural a 11 de outubro de 1962, estando presentes 2540 padres conciliares, vindos de todo o mundo. João XXIII viria a falecer em 3 de junho de1963, sendo os trabalhos conciliares continuados e aprofundados por Paulo VI. João XXIII, papa do “aggiornamento” da Igreja, impulsor do ecumunismo, era um pontífice de espírito aberto e conciliador, dotado de uma grande afabilidade, de uma bondade cativante e de uma profunda espiritualidade, bem patentes no seu Diário Íntimo, que lhe grangearam o epíteto do “bom papa João” e a fama de santidade. No seu Magistério, incluem-se duas encíclicas de repercussão universal: “Mater et Magistra” sobre a evolução da questão social e “ Pacem in Terris” sobre “a paz para todos os povos na base da verdade, justiça, caridade e liberdade”. Quando morreu, alguns bispos pediram que fosse considerado santo por aclamação, tradição dos primórdios da Igreja em que bastava o reconhecimento universal. O seu sucessor optou pela sua canonização, e a beatificação só ocorreu em 2000, após o reconhecimento da cura milagrosa de uma irmã italiana que sofria de uma gastrite hemorrágica terminal. O papa Francisco considerou a coerência de João XXIII que “vivia como pregava ”e que tinha “ o sentido da urgência da renovação da Igreja e das instituições pastorais”.
São João XXIII foi canonizado a 27 de abril de 2014.São João XXIII, rogai por nós!
São João Paulo II
Quando em 16 de outubro de 1978 o Arcebispo de Cracóvia Karol Woitila, nascido em Wadovice, na Polónia, a 18 de maio de 1920, foi eleito papa, na sequência do breve pontificado de João Paulo I, justificou na escolha da componente do nome João a “ singular herança deixada à Igreja” por João XXIII. Estivera no concílio. Competia-lhe agora, na sequência de Paulo VI, dar execução aos decretos conciliares e prosseguir a reforma da Igreja.
João Paulo II foi o primeiro papa não italiano desde Adriano VI, em 1522 e também o primeiro eslavo, polaco, e, de uma vez para sempre, o único papa proveniente de um país sob regime comunista. O seu pontificado de quase 27 anos foi dos mais longos da história. João Paulo II tinha um porte atlético, uma reputação de prática desportiva, era comunicativo, expansivo, fizera teatro, falava 14 línguas, entre elas o português. Lançou as Jornadas Mundiais de Juventude que congregaram, em Paris, Denver, Manila, Buenos Aires, Toronto, milhões de jovens. João Paulo II, o papa da juventude, da família, dos movimentos eclesiais, da universalidade, do diálogo inter-religioso, da paz entre os povos, o papa de todos.
O atentado de que João Paulo II foi vítima na Praça de S. Pedro ( 13 de maio de 1981) levou-o a considerar a preservação da sua vida como milagre que agradeceu especialmente a Nossa Senhora de Fátima pela coincidência da data da primeira aparição mariana na Cova da Iria com o atentado, identificando-se com a vítima vestida de branco a que se aludia na terceira parte do segredo de Fátima, revelada em 2000, na beatificação de dos beatos Francisco e Jacinta Marto. De facto, quatro anos após ter sido eleito papa, sofreu um atentado em Roma e foi baleado quatro vezes, teve uma paragem cardíaca e sobreviveu para o terceiro pontificado mais longo da história, graça que atribuiu a Maria, a quem tinha dedicado o seu pontificado com o lema “ Totus tuus” ( todo teu).
A primeira viagem de João Paulo II seria a Portugal, a Fátima, onde viria mais duas vezes, entre as suas 104 viagens a 129 países dos mais diversos regimes políticos, ideologias e religiões. João Paulo II, que teve os primeiros sintomas da doença de Parkinson cinco anos antes de morrer, foi beatificado a 1 de maio de 2011, após ter sido reconhecida a sua intercessão na cura de uma irmã francesa que sofria de Parkinson. Nesse dia aconteceria a segunda cura. Uma mulher da Costa Rica, com aneurisma cerebral e em estado terminal diz ter ouvido a sua voz a pedir-lhe para não ter medo. Novos exames mostraram que a hemorragia tinha desaparecido, cura inexplicável para os médicos.
São João Paulo II foi canonizado a 27 de abril de 2014.São João Paulo II, rogai por nós!
D.C.