Tertúlia em Proença-a-Nova recordou o Ensino na segunda metade do século XX
Decorreu no passado dia 17 de Outubro, no bar da estalagem das Amoras, uma Tertúlia subordinada ao tema: “O ensino na segunda metade do século XX”.
Integrado no ciclo de Tertulias – Ecos de Proença que antes levou a efeito um ciclo dedicado aos 40 anos do 25 de abril. Agora surgiu a altura de falar da educação, nomeadamente no que diz respeito às memórias do passado, nesta área, com a participação de dezenas de professores a destacar-se na assistência.
A Tertúlia teve início às 21 horas, abrindo a mesma o prof. João Manso, Vereador da Cultura e Educação. Para nos recordar outros tempos, com toda uma panóplia de acontecimentos e recordações estiveram as professoras Albertina Castanheira e Isilda Ribeiro e Prof. Daniel Catarino.
Os testemunhos do ensino naquela época foram contados na primeira pessoa, com as professoras e recordarem histórias de vida enquanto docentes do ensino primário nas nossas aldeias. Abordaram-se matérias como a importância do ensino/educação nos meios rurais, o papel do professor em ambiente rural, o ensino diferenciado por sexo, a escola cultural, o ensino nas colónias, a criação do ensino secundário em Proença a Nova e a sua passagem a ensino oficial, a conjugação de esforços para a criação de uma escola de excelência em Proença-a-Nova.
A Tertúlia contou com momentos bem descontraídos, recordando os tempos do ensino onde as distâncias eram problemáticas, onde o professor exercia um papel importante e mesmo de socialização nas aldeias. O professor que fazia de enfermeiro, de psicólogo de escritor e leitor de cartas. Como salientaram ambas as professoras, a paixão pelas crianças e pelo ensino era tal que por elas e pelas famílias faziam tudo. E isso criou laços “que se mantêm até hoje”. As diferenças entre o passado e o presente são muitas; como tudo na vida, também a educação teve a sua evolução, nalguns aspectos para melhor noutros talvez nem tanto. Também o passado nos traz memórias menos boas e recordações repletas de ternura. De salientar que estas recordações foram acompanhadas de fotos que ajudaram a visualizar os tempos passados do ensino. O professor Daniel Catarino, um dos responsáveis pela normalização do ensino Preparatório e Secundário público em Proença, em 1976, depois do agitado processo de ocupação do Colégio que se seguiu ao 25 de abril, recordou a importância que o “projeto visionário” do padre Alfredo Dias teve na democratização do acesso à escolarização. Acentuando que o concelho sempre teve muitos estudantes de sucesso nos seminários – começando pelo exemplo do filósofo jesuíta Pedro da Fonseca, no século XVI –, Daniel Catarino considerou que a população “sempre viu no ensino uma forma de rasgar a interioridade” e terminou dizendo: “considerar o ensino um dos principais ativos do nosso concelho”. Como escreveu o professor António Manuel: “no final, ficou a certeza de que muito mais haveria que contar”.
Conceição Alves