Trabalho sim, escravidão não!

30-06-2014 19:36

“Construir um futuro com trabalho decente”

“É inaceitável que, no nosso mundo, o trabalho feito por escravos se tenha tornado moeda corrente. Isso não pode continuar!”, exclamou o Papa Francisco na mensagem enviada ao diretor geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, na qual exortou os países membros a unir esforços para acabar com o tráfico de pessoas, um horror que reduz as suas vítimas ao estado de escravidão.
O Santo Padre dirigiu esta mensagem para a 103ª sessão da Conferência deste organismo em Genebra (Suíça), que se realiza até ao dia 12 de junho de 2014, sob o tema “‘Construir um futuro com trabalho decente”, e no qual os trabalhadores, empresários e governos dos 185 estados membros discutirão sobre migração, políticas para o emprego, estratégias contra a informalidade e fortalecimento da convenção sobre o trabalho forçado.
“Esta Conferência reúne-se num momento crucial na história económica e social, apresenta  desafios para todo o mundo. O desemprego expande tragicamente as fronteiras da pobreza. Isto é particularmente desanimador para os jovens desempregados, que se podem  facilmente ficar desmoralizados, perdendo a consciência do seu valor e sentirem-se alienados da sociedade”, expressou o Papa. A este problema, assinalou, junta-se também o da migração. “Já é considerável o número de homens e mulheres forçados a procurar trabalho longe de sua terra natal. Apesar de sua esperança de um futuro melhor, frequentemente se deparam com incompreensão, exclusão e outros problemas ainda mais graves”. Expõe a muitos outros perigos, como o horror do tráfico de pessoas, trabalho forçado e a escravidão”.
“O tráfico de seres humanos é uma chaga, um crime contra a humanidade. É hora de unir forças e trabalhar em conjunto para libertar as vítimas desse tráfico e  erradicar este crime que afecta a todos nós, desde as famílias à  Comunidade Mundial”.
Nesse sentido, disse que é hora de reforçar “as formas existentes de cooperação e estabelecer novas formas de aumentar a solidariedade. Isto requer: um compromisso renovado com a dignidade de cada pessoa; uma implementação mais determinada de normas internacionais do trabalho”, assim como “o planeamento para um desenvolvimento centrado na pessoa humana como protagonista central e principal beneficiária”.
Do mesmo modo, indicou, impõe-se “uma reavaliação das responsabilidades das empresas multinacionais nos países em que actuam, incluindo as áreas de gestão de lucro e de investimento; e um esforço coordenado para encorajar os governos a facilitarem a movimentação de migrantes em benefício de todos, eliminando assim o tráfico de seres humanos e as perigosas condições de viagem”.
Na sua mensagem, Francisco afirmou que a Doutrina Social da Igreja apoia “as iniciativas da OIT, que se destinam a promover a dignidade da pessoa humana e a dignidade do trabalho”.
Maria Susana Mexia