Fazer da Eucaristia o centro da nossa vida

Fazer da Eucaristia o centro da nossa vida

Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo

Esta foi uma das frases marcantes ditas pelo Papa Francisco no dia da Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, 22 de Junho, acompanhada do apelo à Missa dominical e à adoração. Destacou ainda que, “a medida do amor de Deus é amar sem medida sublinhando que “a Eucaristia faz amadurecer um estilo de vida cristão”.

Este dia é para os cristãos marcante na sua caminhada de fé, testemunhando publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia e por isso, tal como recomenda o direito canónico “faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo" (cân 944, §1).

E é precisamente isso que vem acontecendo ao longo dos anos e que este ano não foi exceção.

Na unidade pastoral de Proença, S. Pedro e Cardigos, teve lugar a Missa seguida da procissão com o Santíssimo Sacramento. Em Proença-a-Nova, as capelanias vieram com as suas bandeiras, entraram na Igreja ao som dum cântico alusivo ao Santíssimo Sacramento e fizeram um momento de Adoração. Neste dia a Igreja recorda que os actos redentores de Cristo actualizam-se na Eucaristia, celebrada pelo Povo de Deus. Por isso, ao redescobrir a Eucaristia estamos a redescobrir Cristo. É pois para todo o cristão um dom que o Senhor deu à Sua Igreja. É à volta do altar que se constrói a comunidade cristã e a vida comunitária. A Eucaristia é a síntese espiritual da Igreja, a plenitude de comunhão do homem com Deus, fonte dos valores eternos e experiência profunda do divino.
Participar da Missa dominical é sinal da identidade cristã e da pertença à Igreja. Por isso, a Missa é o momento privilegiado que possibilita o encontro com Deus ao nível da fé e do compromisso humano.

Neste dia, na primeira Leitura, Moisés explica o sentido do Maná enviado por Deus para alimentar o Povo no caminho do deserto. O Maná é memorial da acção de Deus no passado e anúncio profético de um novo Pão, que Jesus prometeu aos seu discípulos: a sua Palavra e o seu Corpo. Na Segunda Leitura, São Paulo afirma que "formamos em Cristo um só Corpo". A Eucaristia não celebra só a nossa união com Deus e a nossa identificação com Cristo; celebra também a união com os irmãos: "O pão é um só, assim nós, embora muitos, somos um só corpo". O Evangelho apresenta o final do discurso do Pão da Vida. Jesus introduz a grande mensagem de que Ele dará um outro pão.

O Papa lembrou-nos ainda que  “a caridade de Cristo, acolhida com o coração aberto”, transforma as pessoas e as torna capazes de amar “segundo a medida de Deus”, isto é, “sem medida”.

As ruas enfeitadas com tapetes de flores dão esplendor e beleza à festa e saúdam a passagem do Santíssimo Sacramento. A tradição de enfeitar as ruas perde-se no tempo. Os mais velhos já receberam essa tradição dos seus antepassados. Numa das ruas de Proença a Matilde explicou-nos que a tradição em Proença tem mais de 70 anos. A Patrícia que nasceu em pleno centro da Vila, disse-nos: “nasci a ver enfeitar as ruas neste dia e hoje faço-o com os meus filhos”. Na devesa, na rua das Pereiras, outros grupos atarefados acabavam os bonitos enfeites que a procissão aproximava-se. Na devesa, até a fonte foi adornada. Junto à antiga casa do Sr. Ezequiel, os enfeites são pensados ao pormenor e têm passado de geração em geração. Agora que o Sr. Jorge Sequeira Ribeiro já partiu para a Casa do Pai, são os filhos e os netos que continuam a tradição. O mesmo acontece em Cardigos, no Peral e em S. Pedro do Esteval. Em Cardigos a bandeira com dois metros e meio de largura por três de altura abre a procissão e vem de tempos antigos. São necessários 4 homens (assim manda a tradição) para a levar. Tempos houve em que se pagava para levar a bandeira. Hoje isso já não acontece, mas há quem a leva há já 14 anos.

No final da procissão, o regresso à Igreja e a Bênção do Santíssimo Sacramento como fortaleza para nos ajudar a chegar mais longe e projectar uma nova luz na partilha e na generosidade para com todos os que estão à nossa volta.

 

Conceição Cardoso