PADRE JOSÉ LUIS BORGA EM PROENÇA-A-NOVA

Teve lugar no passado dia 11 um concerto com o Pe. José Luís Borga e a sua banda. Foi no auditório da Câmara Municipal de Proença, (antigo ginásio do colégio) que durante 2 horas o Pe. Borga cantou temas bem conhecidos de todos.
Canta há 12 anos e como ele próprio diz canta “a alegria gerada pela nossa fé em Cristo Senhor”. Em Novembro do ano 2000 nasceu o seu primeiro disco e que alcançou quase tripla platina. Seguiram-se outros cinco, alguns deles premiados e todos esgotados no mercado.   Por isso, e para que pudéssemos continuar a ouvir os seus temas mais conhecidos e tocados “ao vivo”, foram reunidos em 2 volumes, 23 temas. Uma coletânea que assinalou os dez anos de concertos, celebrados a 10 de Fevereiro de 2011.
Além de cantar também escreve. Escreveu já 5 livros que podem ser uma ajuda para o conhecimento e aprofundamento da fé.
Foram alguns destes temas que cantou em Proença. O público vibrou e participou no concerto cantando com o Pe. Borga. Antes de iniciar a sua atuação conversamos com ele colocamos-lhes algumas questões às quais respondeu simpaticamente.
Concelho de Proença-a-Nova - Padre foi a vocação que escolheu para a sua vida. Depois cantor, porque?  
Padre José Luís Borga - Comecei a cantar no ano 2000. É um trabalho necessário, é mais um caminho da proximidade, quer da igreja ao seu povo quer do povo à igreja. Como foi resultando, fui achando que era necessário e acaba por ser uma expressão da igreja que é facilitada  e facilitadora. Não especificamente litúrgica, nem catequética, anda aqui a navegar nesta equidistância que facilita o primeiro anuncio ou apenas uma expressão de alguma celebração descomprometida fora do sitio litúrgico, do espaço eclesial. Eu ando na conclusão de que esta é uma expressão de diálogo e de presença que é gratuita.
C.P.N. - Cantor desde quando?
Pe. J.L.B. - Sou cantor  desde que existo. Cantor é uma coisa que faz parte da expressão da fé. O canto faz parte do múnus sacerdotal.
C.P.N. - Qual o balanço que faz destes anos a cantar?
Pe.J.L.B. – Há lugar para mais gente, estamos ainda desbravar caminho. É uma igreja que está muito pouco motivada para este tipo de registo. Quando a sociedade está, a igreja ainda não está. Para mim, estes 12 anos é a consciência de que muito há a fazer, há lugar para muito mais gente, mais projetos e para mais expressões, desde o fado, à música mais pesada, música étnica, à música popular, há espaços para tudo. Não há nenhum registo que seja impedido à mensagem cristã, se houver mais projetos haja também vontade das comunidades  os descobrirem, de os acarinhar, e de lhes dar valor. O que tem acontecido ultimamente é que têm surgido projetos que depois não são acarinhados, não são divulgados, acabam por morrer sem dar frutos, o que é uma pena.
Espero que estes 12 anos meus, juntamente com outros padres, nos ajudem a estar no meio da comunicação com dignidade e aparecer com qualidade e com vontade de estar e as pessoas com vontade de nos ouvir, sem isto não há comunicação.
C.P.N. – Como encara a falta de vocações na Igreja?
Pe. J.L.B. - Encaro bem, é uma realidade. Nós não temos que nos lamentar das realidades,  temos que as enfrentar,  temos que saber ler, que saber o que Deus nos está a dizer.
C.P.N. - E o que Deus nos está a dizer?
Pe. J.L.B. - Está a dizer-nos que é preciso reinventar a simplicidade. Nós complicamos demais o que é simples. Quanto mais nos descentramos do essencial, mais andamos perdidos em coisas que não interessam a ninguém. Muitas das vocações ou não vingam ou nem sequer são escutadas. Ainda vamos a tempo de propor o que é sedutor na vida sacerdotal C.P.N. - Vivemos no tempo da técnica. Acha que a igreja deve “agarrar” todos os meios para levar o evangelho a mais pessoas e mais longe?
Pe.J.L.B. - Não há espaços proibidos à igreja nem a igreja deve sentir-se mal em qualquer espaço. Se é aí que o homem está, se é aí que ele ouve, se é aí que ele comunica, se é aí que ele fala, a igreja não pode estar noutro lado, senão estaria fora do circuito da comunicação.
O pedido de Jesus Cristo foi para ir e anunciar e nós temos que estar onde as pessoas escutam não temos alternativa. Está na técnica, está nos espaços de comunicação, nas redes, mais do que uma opção é uma necessidade e uma naturalidade da vida da igreja”.
C.P.N. Considera que  a igreja precisa ser mais ativa e mais presente na sociedade?
Pe.J.L.B. – A Igreja é o que nós formos. Às vezes falamos da igreja como uma coisa externa, se nós formos dinâmicos, presentes, a igreja será o que nós formos. Cada um dos batizados é que há-de descobrir o que Deus espera dele e aí, é que haverá a novidade. Se virmos a história da igreja, onde ela inovou, foi onde houve gente sensibilizada e com ousadia de achar que Deus os enviava por ali. E esta realidade vai desde as  Missões, até à expressão da ciência, à teologia, à liturgia, à ação socio-caritativa. Onde houver batizados a procurarem Deus e a oferecerem Deus aos outros aí estará a Igreja.
C.P.N. – Uma mensagem para os jovens.
Pe.J.L.B. - Vem no contexto dos escuteiros, é importante chegar à juventude, primeiro dar-lhes caminhos de esperança, dizer-lhes que a genica , a vontade de viver e a coragem que dizem ter quando encontram uma forma interessante de realização é sempre  feliz, caso contrário é muita energia desperdiçada e é muita intenção que é desviada para aquilo que não interessa. Ser jovem é fascinante, independentemente da idade que se tem.