Reflexões

A notícia das notícias

12-04-2013 09:55

JESUS CRISTO RESSUSCITOU

 

Haverá, porventura, uma alegria maior do que aquela que impele a pessoa humana a anunciar a boa noticia Pascal?

Quem teve a felicidade de acolher, de sentir, de viver a alegria que nasce na Páscoa, certamente que considerou redutores e fugazes tantos momentos de explosão eufórica, para não dizer histérica, experimentados na lida quotidiana.

A palavra do Ressuscitado às santas mulheres que, na manhã de domingo, o procuraram no sepulcro que estava vazio, são de um grande significado para os dias de hoje: “Porque buscais entre os mortos Aquele que vive?” (Lc 24,5). CRISTO RESSUSCITOU!

Esta é a notícia das notícias que urge chegar a cada pessoa, a cada casa, a cada família, a cada situação onde imperam os sofrimentos de raiz natural ou das maldades que escravizam a pessoa.

O acontecimento Pascal é transformador e renovador, daí a urgência de que Ele chegue, sobretudo, ao coração de todas as pessoas de todos os credos, culturas, raças, estratos sociais, (…) porque, como diz o Papa Francisco, “é lá que Deus quer semear esta Boa Nova: Jesus Ressuscitou, uma esperança despertou para ti, já não estás sob o domínio do pecado, do mal! Venceu o amor, venceu a misericórdia”!

A experiência do ressuscitado coloca-nos diante da certeza de que o amor de Deus é mais forte do que o mal e do que a própria morte; coloca-nos diante da certeza de que o amor de Deus pode transformar a nossa vida e diz-nos que, apesar da conjuntura social decadente, o bem vencerá!

Sabendo que a ressurreição de Cristo é naturalmente a resposta que nos abre à vida, à alegria de sabermos que Jesus está vivo e está connosco; então, neste momento decisivo da nossa vida não pode haver mais resistência à fé na Ressurreição, isto é, jamais coisa alguma seja obstáculo da adesão plena da nossa vida, da nossa mente, do nosso coração, da nossa vontade a um Tu que nos dá confiança e esperança e a um Tu que é verdadeiramente Deus e verdadeiramente Homem, CRISTO JESUS.

Neste momento crítico da História em que os erros do passado, se repetem e acumulam erros feitos no presente e, por isso, exigem austeridade e consequentemente um outro estilo de vida, muitos preferem as tristezas à alegria da Ressurreição.

Eis que ressoa uma voz cristã do século II: «Desapega-te de ti mesmo, renuncia à tristeza, porque a tristeza é a mãe da dúvida e do erro».

Com a confiança de que Jesus Cristo ressuscitado vai ao nosso lado, é nossa convicção de que o que é impossível para os corações empedernidos e fechados, torna-se possível para os corações alegres e abertos.

Pe. Ilídio Graça

 

 

O vício de julgar

12-04-2013 09:55

Um teste simples: desde que sai de casa até que o dia termina, experimente contabilizar todos os juízos de valor que vai fazendo sobre aqueles com quem se cruza. Talvez se sinta surpreendido com a quantidade final de observações críticas, porque sem nos darmos conta passamos o tempo a sujeitar o que nos rodeia ao crivo dos nossos próprios valores e opiniões – das coisas mais simples, como a aparência do colega de trabalho, às mais complexas, como as opções de vida dos outros.

Ter sentido crítico é não só inevitável como importante para sabermos olhar para a vida e fazer as nossas próprias escolhas. É igualmente essencial para vivermos em sociedade e para fazermos parte activa dela, sem nos demitirmos de dar um contributo sério para mudar e melhorar o que está errado. O erro, contudo, está quando não sabemos distinguir o nosso direito de ter opiniões da presunção de que é legítimo criticar tudo o que diverge do nosso gosto, da nossa escala de valores ou do nosso estilo de vida.

Por muito que se apregoe o direito à diferença, num mundo globalizado e multicultural, o respeito pelo outro – inteiro e sem restrições – continua a ser uma das conquistas mais difíceis de conseguir. Até porque insistimos em ser quase sempre mais exigentes com os outros do que somos connosco próprios.

Vale a pena batermo-nos por aquilo em que acreditamos ou por aquilo de que gostamos? Sempre. Não só vale a pena como se trata, nos assuntos que realmente contam, de uma obrigação. Mas por mais que acredite em algo, nada deve afastar-me da capacidade de olhar sem arrogância para quem ao lado defende uma opinião diferente. Obviamente não estou a relativizar tudo, porque há consensos essenciais que a lei protege – estou apenas a referir-me aos códigos morais, filosóficos e culturais que nos vão moldando com pessoas.

O mundo está cheio de pessoas, atitudes e opções de que discordamos. Pena é que essas diferenças tantas vezes nos dividam e causem problemas desnecessários de solidão e isolamento. Quanto mais o tempo passa, mais sinto que o mundo está cheio de rostos que escondem, atrás de sorrisos e gestos banais, uma solidão silenciosa – porque temem os olhos poisados sobre os seus erros. O erro é a nossa condição, algo que nos une como seres humanos. O que nos distingue, em contrapartida, é a reacção perante os erros: os nossos e os dos outros. O mundo seria melhor se aprendêssemos com os nossos para melhor acolhermos os (dos) outros.

M. I. C.

Interessa-lhe a imprensa de proximidade?

12-04-2013 09:54

Reinventar ou fechar?” A questão contínua a ecoar, cerca de um ano e meio após o 8.º Congresso da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (Leiria, 11 e 12 de Novembro de 2011). Uma resposta que não compete apenas aos responsáveis pelas publicações, mas aos seus leitores.

Olhando para os últimos meses do ano, assistiu-se a uma série de encerramentos de jornais locais, de norte a sul do país. “Notícias de Guimarães”, “Expresso do Ave” (ambos de Guimarães, distrito de Braga) e “O Correio de Pombal” (distrito de Leiria e à época o único existente naquele município) são só alguns exemplos. Já no âmbito da imprensa regional de inspiração cristã, a diocese de Angra passou a semanário o diário “A União” – tinha encerrado anteriormente o “Correio da Horta”. Depois há casos como “O Distrito de Portalegre”, que a respectiva diocese fechou, em 2010, quando este completava 126 anos.

Independentemente de serem ou não de inspiração cristã, o motivo é o mesmo de sempre: a crise. A palavra mais gasta nos anos será, em alguns dos casos, até de conveniência para que a comunicação de proximidade seja abandonada. Uma atitude particularmente gravosa no caso das publicações da Igreja, pois é a inutilização de uma ferramenta que está ao seu serviço (o mesmo seria se um padre deixasse de celebrar missas, os catequistas abandonassem a sua missão ou os fiéis a sua vocação missionária no quotidiano).

O que temos assistido nos últimos tempos é um desinteresse pela mensagem (notícias), pelos destinatários (público), o que leva à morte do mensageiro (jornal). É como ver um doente em agonia e deixá-lo sem auxílio. E não falo tanto nos jornalistas, mas nos responsáveis pelas publicações. Quem o faz está, na prática, a desinteressar-se de si, caro leitor.

Com menos jornais, teremos menos informação credível, que é precisamente a imagem de marca dos média e dos jornalistas. Mas sem eles (ou com menos), teremos menos jornalismo. E sem jornalismo, teremos um empobrecimento da democracia.

Porque se há muita coisa que poderemos saber na televisão, na rádio ou na Internet, há muita outra (muita mesmo) que nos escapará. Falo daquela que lhe é trazida pelos média regionais, que trabalham para que estejamos minimamente informados daquilo que afecta o nosso dia-a-dia. Quem, se não eles, nos informa do corte de estrada, do encerramento do centro de saúde, da mudança do pároco ou da irregularidade na junta de freguesia? É de esperar que sejam os médias ditos nacionais a fazê-lo? Mas não são também esses que estão a esvaziar as redacções? Como fazem mais jornalismo com menos jornalistas?

A comunicação social é isso mesmo: de e para a sociedade. Faz parte da sua missão. Quando não a cumpre, a sociedade tem todo o direito de a exigir. Esteja atento, caro leitor, e faça-o. Por si!

 

Pedro Jerónimo

Jornalista e investigador dos média e do jornalismo de proximidade

jornalices@gmail.com

Nota: Autor não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.

 

…E a caravana passa!

12-04-2013 09:54

É frequente ouvir-se tanto o auto-elogio quanto a crítica ao que foi feito ou dito por esta ou por aquela pessoa. Pena é que a frequência da crítica maldizente e destrutiva aconteça muito mais do que a crítica de aplauso e louvor à palavra bem dita, à acção meritória ou à obra feita bem.

Vem ao caso o que a realidade demonstra nos diversos palcos da vida, desde o mundo da política às páginas da imprensa, às fofocas e programas de má-língua televisiva, com destaque hoje para o que se escreve nos twitter, facebook e blogs de toda a estirpe e mancha.

Em O Recanto das Letras, 2005, Sandra Nasrallah diz-nos  a propósito de “Os cães ladram e a caravana passa” que é «Um sábio ditado árabe, (…), diz que não importa o latido dos cães, não importa o barulho que façam, a caravana segue o seu caminho, apesar deles… existe uma estrela a ser seguida, um pensamento a ser preservado, e nada vai impedir que a caravana siga o seu rumo…mesmo que pare por alguns momentos, mesmo que alguns cães se julguem alimentados pegando os restos que caíram durante a passagem, a caravana segue o seu rumo, mais fortalecida, mais coesa, deixando cada vez mais longe o barulho dos cães esfomeados. Uma caravana é feita de gestos, de sonhos, de atitudes, de longas vivências, de cumplicidades, de sentimentos fortes, de amizade, de amor e de desejos. Ela segue o seu caminho, totalmente indiferente ao ganido de cães enlouquecidos, atrás de alguma cadela no cio…»

Às palavras de Boa-Nova de Jesus de Nazaré e perante tamanha sabedoria, os galileus farisaicos e hipócritas, julgados de per si donos da terra, do poder e da verdade, responderam com desconfiança, impropérios e atitudes tais que levaram o ‘filho’ do carpinteiro de Nazaré a dizer: “um profeta só é desprezado na sua pátria e em sua casa.” (S. Mateus,13,57)

Se coisas malditas há neste mundo são elas a inveja, a cobiça e a vanglória, tantas vezes resultado apenas duma absoluta falta de alicerces e de pilares personalizadores da criatura mas sobretudo sendo expressão duma lodosa moral ou da ausência dela, a moral assente nos bons valores da sociedade justa, equitativa e de bons costumes nas relações interpessoais estabelecidas no respeito das diferenças e nos valores da justiça, da gratidão, do mérito, da paz, da concórdia e da harmonia sociais.

Bonito de ver é o sentimento de humildade, o gosto de aprender, a nobreza de não subir o chinelo ao nível da polaina nem o sapateiro ousar tocar rabecão sem antes ter conhecido o instrumento e ou aprendido a arte. Cito, a propósito, o distinto e agraciado pensador maior da cultura portuguesa, o beirão Eduardo Lourenço: «somos um povo de pobres com mentalidade de ricos» (O Labirinto da Saudade, 1988, pp.127); e retomando o plano da comunicação social no que tem de pior pela mediocridade na má-língua e escrita de má qualidade, tanto nos jornais como na internet, recorro também a Eduardo Lourenço: «Em princípio, todo o português que sabe ler e escrever se acha apto para tudo, e o que é mais espantoso é que ninguém se espante com isso.»(id., pp132)

Proença-a-Nova, 7 de Abril de 2013

«Páscoa não é só amêndoas e ir à missa»

12-04-2013 09:53

Um dia de jejum, uma experiência de braços abertos e olhos vendados, vários momentos de oração e partilha. Apesar dos sacrifícios, os jovens envolvidos na «Páscoa in deep», em Proença-a-Nova, adoraram o desafio.

Chegam com muitas dúvidas, esperam sair com várias certezas.

Os jovens de vários pontos do país que aceitaram o desafio de passar a época pascal no Seminário do Preciosíssimo Sangue, em Proença-a-Nova, têm origens diferentes, sonhos e projetos de vida diversos, mas um sentimento comum. Depois de participarem na Páscoa Jovem promovida pelos Missionários da Consolata, contam regressar a casa mais despertos para a fé, mais atentos às necessidades dos outros e mais preenchidos interiormente.

«Normalmente, as pessoas acham que a Páscoa é só amêndoas e ir à missa. Aqui, percebemos que é muito mais do que isso. Aprendemos a dar mais valor ao encontro e à partilha», afirma Vânia Cardoso, 18 anos, natural de Proença-a-Nova, mas a estudar em Leiria. A experiência envolve sacrifícios. Os telemóveis e a internet ficam de fora, a Sexta-Feira Santa é de jejum, e numa das atividades, os participantes são convidados a vendar os olhos, permanecendo algum tempo de braços abertos para imaginarem o sofrimento de Jesus Cristo na cruz.

«É intenso, um pouco duro, mas muito útil a nível psicológico. Abre-nos os olhos e os horizontes, mostrando-nos que realmente não precisamos assim tanto destas coisas [telemóvel e internet] como imaginamos. Por outro lado, saímos daqui com a certeza que teremos um amigo com quem contar, sempre que precisarmos», relata Gonçalo Magano, 17 anos, residente em Queluz.

Segundo Luís Maurício, coordenador das Páscoas Jovens da Consolata, um dos objetivos destas ações é orientar os participantes para caminhos da fé mais profundos, que lhes permitam descobrir «o valor que está escondido na cruz», envolvendo-os também nas celebrações da paróquia. João Louro, 17 anos, natural de Cardigos, Mação, deixou-se «tocar» pelas atividades. «Já não rezava à noite e alguns assuntos da religião andavam um pouco esquecidos. Saio mais voltado outra vez para a oração e mais atento aos outros», diz à FÁTIMA MISSIONÁRIA.

Esta «alegria» manifestada pelos jovens é também um estímulo para Ilídio Santos da Graça, pároco de Proença-a-Nova e responsável pelo Seminário do Preciosíssimo Sangue. «É uma forma de interpelar os que vivem nesta zona e de mostrar que há juventude que continua a rasgar caminhos», afirma o sacerdote, nascido em Cabo Verde. E, de acordo com as palavras proferidas numa das celebrações pelo Superior Provincial dos Missionários da Consolata, padre António Fernandes, serão os encontros vividos nestes caminhos «que permitem encontrar o verdadeiro sentido da vida, quando menos se espera».

 

 

Páscoa: vida nova para Cristo e para nós

12-04-2013 09:52

A ressurreição de Cristo é o milagre do início de uma vida nova a partir, precisamente, da morte. Mas esta nova existência não é o retorno à vida física de antes, como aconteceu nas ressurreições relatadas nos evangelhos. Jesus ressuscitou para não morrer nunca mais. A sua vida de ressuscitado não continua a vida natural anterior, mas outra totalmente nova e transformada, como demonstram as suas aparições pascais.

Para os apóstolos, o ressuscitado é Jesus de Nazaré, a mesma pessoa que conheceram antes, em perfeita continuidade pessoal e física. Mas o seu corpo, embora sendo o mesmo, está inefavelmente transformado. Jesus ressuscitado tinha um novo modo de existência, uma nova vida, para a qual eles não tinham, nem nós temos, palavras, em nenhum vocabulário. Trata-se de uma realidade que nos escapa e transcende as categorias humanas, físicas, biológicas. Entra no nível de Deus.

Somos filhos adotivos de Deus, com duas dimensões: uma no presente – a adoção filial – outra futura – a ressurreição final.

 

 JESUS CRISTO  É A VIDA

 

“ Eu sou a Ressurreição e a Vida” – afirmou Jesus a Marta, irmã de Lázaro.  “O que crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá; todo o que crê em Mim, não morrerá jamais”. (Jo. 11,25s).

Jesus com a afirmação “Eu sou a Ressurreição e a Vida” faz compreender a Marta que não deve aguardar o futuro para esperar na ressurreição dos mortos. Jesus é, desde agora, no presente, para todos os crentes, a Vida divina, Eterna, que jamais morrerá. Se Jesus está em nós, então também tu, nós, não morreremos. Esta vida no crente é da mesma natureza de Jesus Ressuscitado e, por isso, muito diferente da nossa atual condição humana . E esta extraordinária vida que existe já em nós, pelo batismo, há-de manifestar-se plenamente quando participarmos com todo o nosso ser na ressurreição futura.

Jesus com estas palavras não nega que exista a morte física. Ela é uma evidência e uma necessidade. Mas a morte física não implica a morte da vida verdadeira. A morte será para nós uma experiência única. Mas não significará o não-sentido de uma existência, não será o absurdo proclamado pelos existencialistas, o fracasso da vida, o nosso fim. A morte para nós será uma passagem, uma páscoa, o verdadeiro dia do “nascimento”, como celebravam os primeiros cristãos.

Celebrar a Páscoa não se pode resumir a participar numa ou noutra procissão, nem mesmo numa vigília ou missa pascal, muito menos a umas quantas amêndoas coloridas. Celebrar a Páscoa, sim, e sentir que a vida implica e nos implica. Não se trata apenas de uma evocação histórica; trata-se de celebrar a nossa vida regenerada pelo maior gesto de amor do nosso Deus- a entrega total, o dar a vida por amor, numa cruz.

 

PÁSCOA – a maior festa cristã

 

A grande festa cristã é a Páscoa da ressurreição. Tanto é assim que o mistério pascal é o que celebramos constantemente ao longo de todos os domingos e festas do ano litúrgico e inclusivamente a Eucaristia diária.

A Páscoa cristã é o dia em que atuou o Senhor, é a festa da fé e da vida imortal, é a salvação do homem, é o começo da libertação da humanidade, é a vitória definitiva sobre a morte, é a grande festa da vida para todo o que crê em Cristo ressuscitado.

Mas tudo isto tem um preço para nós: colaborar com a graça e a força do Espírito, convertendo o nosso coração e a nossa mentalidade a uma vida nova. O cristão, ressuscitado com Jesus, deve aspirar aos bens do alto onde está Cristo, e, acima de tudo na vida, independentemente da sua vocação, deve escolher Deus: acima dos bens e dos afetos, acima da casa e do trabalho; deve escolher Deus acima do pai ou da mãe, dos filhos ou do próprio marido ou esposa, acima do sacerdócio ou da consagração, acima da própria vida e da própria alma, “acima de cada tesouro que possa possuir o nosso coração”. Só assim seremos massa nova de pão ázimo pascal.

 

O cristão é anunciador e testemunho do ressuscitado

 

Nos quatro evangelhos, de forma coincidente, Maria de Magdala é-nos apresentada como símbolo insuperável do feminino cristão: ela tem a tarefa de anunciar a maior notícia do cristianismo aos próprios doze apóstolos; ela e as outras mulheres são as primeiras a ser escolhidas para testemunhar os factos fundamentais do cristianismo: a morte e a ressurreição de J. Cristo.

Façamos parte desta nova Páscoa, sendo pedras vivas da Igreja, anunciadores e testemunhas dum Deus que é Amor, Bondade, Ternura, Misericórdia, que está vivo e ressuscitado. Comprometamo-nos com toda a nossa alma, com todo o nosso coração na Igreja de Jesus Cristo, que é a mesma, mas sempre nova e renovada pelo Espírito e pelo Ressuscitado, neste terceiro milénio da cristandade.                Diác. Daniel Catarino

“... mais um raio de luz brilha em Igreja”

01-03-2013 18:05

No dia 11 de fevereiro de 2013, um raio de luz iluminava toda a cidade do Vaticano, mexendo com a sensibilidade de todas as raças e religiões da terra. Na verdade, o Papa Bento XVI anunciava ao Consistório a sua decisão: “Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice”.

Confesso que o brilho deste raio de luz também mexeu comigo. Fiquei muito surpreendido quando, no Convívio Fraterno que nesse dia se estava a realizar no Seminário do Preciosíssimo Sangue, alguém me perguntava se sabia algo fundamentado sobre a resignação do papa. Depois de conhecer o argumento do Sumo Pontífice, dei por mim, a jeito de conclusão, dizendo que esta sua decisão, é como um raio de luz que brilha na Igreja. 

O papa com esta sua decisão manifestou, por um lado, a coragem natural de PEDRO, visto ter seguido o caminho que a história e a tradição indicam como anormal para deixar a Cátedra e, por outro lado, manifestou a autenticidade da sua fé e o seu amor à Igreja. Diante desta decisão corajosa e de grande humildade do Papa Bento XVI, em vez de tristeza e medo do futuro da Igreja espelhados em muitas sensibilidades, deve reinar alegria, coragem e confiança, porque realmente a Igreja é, sem sombra de dúvidas, conduzida pelo ESPIRITO SANTO.

Neste tempo de preparação do Conclave tomemos a sério as seguintes palavras do Papa: “Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice”.

P. Ilídio Graça

Deixa a Luz do Céu entrar

01-03-2013 18:04

Depois do carnaval e para sempre

 

«Ninguém vos engane com argumentos vazios, porque estas coisas atraem a ira de Deus sobre os desobedientes. Não sejam cúmplices deles! Outrora vós éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Por isso, comportai-vos como filhos da Luz. O fruto da Luz consiste em toda a bondade, justiça e verdade. Sabei discernir o que é agradável ao Senhor. Não participeis nas obras estéreis das trevas; pelo contrário, denunciai tais obras». (Ef 5, 6-12).

A ordem que Deus nos deu é esta: “denunciai as obras das trevas”.

Santa Faustina diz no seu diário: “Nestes dois últimos dias de carnaval, conheci um grande acumular de castigos e pecados. O Senhor deu-me a conhecer, num instante, os pecados do mundo inteiro cometidos nestes dias. Desfaleci de terror e, apesar de conhecer toda a profundeza da Misericórdia Divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista.” (Diário, 926).

Santo Agostinho dizia que “os dias de Carnaval são sacramentais de satanás, sinais visíveis daquilo que o demónio faz com os filhos da Luz”.

A que grau de perversidade nós chegámos!

«Quando ouviram isto, todos ficaram de coração aflito e perguntaram a Pedro e aos outros discípulos: “Irmãos, o que devemos fazer?” Pedro respondeu: “Arrependam-se, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois recebereis do Pai o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é em vosso favor e dos vossos filhos, e para todos aqueles que estão longe, todos aqueles que o Senhor nosso Deus chamar.” Com muitas outras palavras, Pedro dava-lhes testemunho e exortava, dizendo: “Salvem-se desta gente corrompida.”» (Atos 2,37-40).

Este é o tempo! Não podemos viver de qualquer jeito, precisamos ser verdadeiramente filhos da Luz. Não podes viver no mais ou menos, na vida dupla. Não podemos concordar com as obras das trevas, pois o tempo exige que sejamos luz. Precisamos ser sinal de Deus para esta geração, mesmo que ela nos considere ridículos.

Deixa a Luz do Céu entrar e clarear todas as trevas que estão dentro de ti, sê sincero. Um católico que não vive com coerência a sua religião, até perante o mundo se torna ridículo. Ou somos coerentes ou seremos um bando de mentirosos! As pessoas vão olhar para nós e vão ver-nos com máscaras, hoje uma outra amanhã conforme as circunstâncias… Um bando de oportunistas ridículos! Se não vivemos com autenticidade o catolicismo, escondemo-nos por de trás de máscaras todo o ano. As máscaras precisam cair.

“Desperta, tu que dormes!” Acordemos, pois os dias não são fáceis. Estamos a viver tempos difíceis. Quaresma, em Ano de Fé e de Sínodo Diocesano, se não motivar à verdadeira conversão e vivência cristã, sempre, não passará de mais uma folha do calendário ou de uma máscara de cartão que se rasga e põem no lixo. «Há pessoas que foram iluminadas uma vez, saborearam o dom do céu, participaram do Espírito Santo e experimentaram a boa Palavra de Deus e as maravilhas do Mundo futuro; no entanto, caíram. É impossível que eles sejam renovados outra vez e sejam trazidos à conversão, pois crucificaram novamente o Filho de Deus e O expuseram ao escárnio» (Heb 6 ,4-6).

Rezemos assim: “Senhor, eu não quero viver nas trevas, porque sou filho da Luz. Não quero dar contratestemunho. Ó Senhor, meu Deus, ajudai-me a ser coerente conVosco e com a Vossa Igreja. Concedei-me coragem e força para viver a Vossa Palavra. Inundai-me, Senhor, com os Dons do Vosso Espírito. Que eu jamais deite mão de alguma máscara. Quero apenas, em todas as circunstâncias e lugares refletir o Vosso Rosto. Amem.”

Por Maria Albertina Castanheira (baseado em texto de autor desconhecido)

O que me tranquiliza

01-03-2013 18:03

“é que tudo o que existe existe com uma precisão absoluta”.

 

Não para nos cravarmos na ignorância e ficarmos mudos a ver os dias passar, mas simplesmente para constatarmos que o que podemos fazer é sempre pouco num total que tende para o infinito; que podemos sacudir, mas nunca interferir com a perfeição com que fomos criados.

 

“o que for do tamanho de uma cabeça de alfinete

não transborda nem uma fracção de milímetro

além do tamanho de uma cabeça de alfinete

tudo o que existe é de uma grande exactidão”.

 

Hoje, no meio de tanta boa disposição e simpatia, baixa o tom e diz entre lábios “doutora, é que eu fiz uns abortos, sabe…” E isto, ao quarto dia de internamento, fez-me encaixar uma peça no puzzle daquela mulher: acabamos desarmados quando remamos no sentido contrário. Tristeza é o que fica, mas convenientemente camuflada com paroxetina.

 

“pena é que a maior parte do que existe

com essa exactidão

nos é tecnicamente invisível”.

 

Talvez fosse mais fácil: eu saberia o que eles têm de doente, ela saberia o que levava no útero; sabia a molécula, sabia a sinapse, sabia porque é que está triste e porque é que não dorme. Sabia várias coisas mas, mesmo assim, sabia o essencial? O que é isto de estarmos aqui “plantados” que advém de nos equilibrarmos na “planta” dos pés?

A exactidão das coisas: o que nos dá o rumo é exterior a nós e não depende da nossa loucura. É uma âncora. É uma conversa amena que, às vezes, não é fundamental entendermos.

 

“o bom é que a verdade chega até nós

como um sentido secreto das coisas.

nós terminamos adivinhando, confusos,

a perfeição.”

 Frederica Vian Costa

“Made in Germany”

01-03-2013 17:42

Exigência, rigor, trabalho, estudo e oração foram uma constante no ministério petrino de Sua Santidade, o Papa Bento XVI.

Também a humildade que imanava do seu rosto sorrindo e dos seus gestos eram reveladores da sua forma de estar, pouco mediática, mas humildemente segura e tranquila.

O pontificado de Ratzinger não foi longo mas extraordinariamente fecundo, procurando com uma firme vontade e clareza de pensamento, o perfeito equilibro entre os homens e Deus.

Foi o maior pensador católico do século XX, todos os seus escritos se situam entra a Teologia – ciência de Deus – e a Filosofia – ciência dos homens. A capacidade de trabalho e a precisão, características estritamente alemãs, foram uma constante nos seus actos e decisões. Politicas e diplomacias não fizeram parte do seu vocabulário, logo não fez o “ar do tempo”, não pactuou, não deu o dito por não dito, nem pretendeu agradar a gregos e a troianos, mas tão só à sua recta e justa consciência de formação teológica e filosófica, na esteira dos valores humanos por inspiração divina.

Numa perspectiva ausente de negativismos pessimistas, o seu pontificado primou pelo serviço da Igreja à humanidade numa tripla acção: a santidade dos Sacramentos; a solidariedade com todos os povos e o testemunho da dimensão transcendente do homem.

A paixão por Deus mais não é do que uma arreigada necessidade de vida eterna, reveladora da centelha divina que habita no seio da nossa espécie, marca indelével da origem e fim da humanidade, no seu destino rumo ao transcendente.

As tentativas de interpretação deturpada sobre a essência da existência humana, procurando criar problemas éticos e religiosos visando anular a diferença entre o bem e o mal, num foco de perturbação de valores, de descrença e de apatia, foi uma das centralidades confrontadoras do seu ministério, na retoma de uma pureza original. Por isso deitou mãos a muitas formas de orientar, recordar ou ensinar no sentido duma mais largada experiência Teológica: O Átrio dos Gentios; o Ano da Fé; o Diálogo Inter-Religioso, não abdicando de aderir às modernas redes sociais, como forma e mediação duma Nova Evangelização.

Porém, o reconhecimento da diminuição das suas capacidades, fruto da idade e da doença, leva-o a ceder a barca de Pedro a um timoneiro mais forte, mais novo, que possa conduzir a Igreja nestes mares conturbados, nestas águas turvas e agitadas. 

Na alegria e na certeza do amor de Deus e a Deus, retira-se. Não vai fazer férias, nem viagens paradisíacas, mas recolhe a um Convento, dentro das muralhas vaticanas – “Mater Ecclesiae”, uma casa sem comodidades, austera e simples, o local perfeito para continuar a pensar, a escrever e a rezar.

“A história nunca se repete, mas o homem sempre é o mesmo: os Papas passam mas a Igreja permanece.”

Maria Susana Mexia

 

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