Reflexões

As vocações na Fé Cristã

04-12-2013 18:03

A vocação primeira do cristão emerge pelo sacramento do baptismo: ser cristão!
Na certeza de que a sublime vocação do homem radica desde logo na “vocação à união com Deus” (GS,3), esta vocação do cristão desenvolve-se sucessivamente na vida em cada novo sacramento recebido e estes com expressão no estar e agir do cristão onde quer que viva, de modo a que se possa dizer: “Em nós se manifeste a vida de Jesus” (S. João de Ávila).
No guião do sínodo diocesano para o ano 2012-13 lê-se a pág. 10: “ As vocações são um dom de Deus à Igreja que é condicionado pela capacidade de resposta à Palavra de Deus e pelo esforço eclesial de as suscitar, acompanhar e confirmar.” Neste sentido, define-se pois vocação do cristão como a sua resposta na vivência da fé cristã. Assim, podemos considerar as diferentes vocações na igreja, ela própria sinal e expressão de Vocação no ser Igreja.
Mas neste ser Igreja há que equacionar o modo e a atitude como cada cristão, cada família, cada paróquia vê as vocações, promove o culto da vocação eclesial, cultiva o exercício da vocação e até a atitude por vezes de rejeição e de um certo ‘gozo’ ou palavras de paródia face a uma vocação emergente. Como entender tal comportamento por parte de um cristão em relação a uma decisão de outro cristão por seguir um caminho vocacional de serviço à Igreja?
É necessário alterar uma certa cultura cristã na relação dialogante com Deus e muito em particular no olhar e aceitar a vocação no serviço à igreja, seja na função de sacristão ou no serviço ao altar pelo Acólito, simplesmente na acção de Catequista, no papel de Ministro Extraordinário da Comunhão (MEC) ou como Ministro Extraordinário da Celebração Dominical na Ausência do Presbítero (MECDAP); mais sério ainda é o modo por vezes singularmente grotesco e jocoso, quiçá caricato e hipócrita, como se encara e fala da vocação eclesial, cristãos religiosos consagrados ou vocações no espírito do Sacramento da Ordem: Diácono permanente e Sacerdote. Até a vocação ao matrimónio é espelho da crise de valores e da mudança de conceitos e de paradigmas da família na sociedade contemporânea.
É adquirido e inegável que hoje escasseiam as vocações religiosas e ao sacerdócio. Mas é também justo e honesto reconhecer que esta falta de vocações ao ministério ordenado não é consequência só dos tempos e da cultura pagã que impera na sociedade. A expressiva falta de vocações para a vida cristã consagrada e de vocações ao sacerdócio é sobretudo resultado negativo do tipo de cultura cristã no seio das famílias e na vida das comunidades paroquiais.
Portanto, há muito a mudar na cultura vocacional da Igreja, da família cristã e de per si na pessoa cristã, e também alteração visível na relação com Deus.
É preciso valorizar o apostolado e o serviço à igreja como meio concretizador de uma certa relação com Deus. É necessário cultivar a oração e a participação na liturgia como acto de fé relacional com Deus e no sentido de pertença à igreja. É urgente alterar preconceitos, ditos e atitudes depreciativas para com a figura de membro do clero e de ministro extraordinário, bem como sobre outros serviços pastorais e litúrgicos.
Neste contexto da vocação cristã, tomemos para reflexão as palavras de S. Paulo aos Efésios (4, 11-13): “Cristo a uns constituiu Apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas e a outros pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos cristãos…”.
Saibam pois a família e a Igreja cultivar a vocação cristã pelo exemplo na fidelidade a Cristo e na propagação da fé em Cristo e da pura doutrina da mesma Igreja Católica e Apostólica, para que cada cristão seja capaz de viver bem a sua vocação de filho de Deus e se possa cantar: “Felizes os que morrem no Senhor” porque foram apostolicamente guiados e conduzidos a vida de santidade.
A bem das vocações na igreja, tenha-se a plena consciência de que “o dever de fomentar as vocações pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã; concorrem para isso quer as famílias que, animadas pelo espírito de fé, de caridade e de piedade, são como que o primeiro seminário, quer as paróquias, de cuja vida fecunda  participam os mesmos adolescentes” (OT 2).
Chamados que fomos a ser cristãos, saibamos todos e cada um ser gratos a Deus e colocar ao Seu serviço os dons ou carismas Dele recebidos, “pondo-os a render ao serviço dos irmãos” (Barros Oliveira,1981, 81). Neste sentido, e em compromisso de vocação cristã, importa assumir responsável e conscientemente a própria vocação humana e cristã, e reflectir seriamente o que é que Deus quer de mim, seguindo-O alegremente. (id., 78)
Proença-a-Nova, 20 de Novembro de 2013

 Alfredo Bernardo Serra

Sociedade fogo-de-artifício

04-12-2013 17:29

Quase todas as pessoas apreciam um bom espectáculo de fogo-de-artifício. Por isso nunca me tinha ocorrido dar-lhe uma conotação menos positiva e utilizar a metáfora que nos últimos dias ouvi na boca de escritor de livros infanto-juvenis: vivemos na sociedade fogo-de-artifício. É tudo vistoso, cheio de gadgets e tecnologias, mas tudo demasiado rápido e por vezes ilusório. Uma explosão que tão depressa como vem, extingue-se.

Não gosto de visões pessimistas, de velhos do Restelo ou da diabolização que por vezes se faz da modernidade ou das novas tecnologias. Mas é inevitável e de certa forma recorrente reflectir sobre o tanto que corremos, sobre a aceleração em que vivemos, sobre o quanto as ferramentas tecnológicas modificam as nossas formas de nos relacionarmos e sobre, em última instância, a questão de fundo que deve inquietar-nos sempre: para onde vamos; estará tanto conhecimento e tanta inovação efectivamente a fazer-nos evoluir?

Responder a perguntas tão complexas é tarefa que nunca acaba e haverá respostas para todos os gostos. Até porque todos os caminhos que fazemos são transitórios e nem sempre conseguimos ver, no momento em que damos um passo particular, o impacto que ele poderá vir a ter no futuro. Por mais que pontualmente me assuste o quanto se lê cada vez menos, por exemplo, ou o tanto que muitas pessoas partilham e comunicam em redes sociais sem mostrarem capacidade de analisar criticamente tanta informação, é preciso dar tempo ao tempo.

A tecnologia é sem dúvida um caminho para aceder melhor à informação, se bem usada. As redes sociais podem de facto ser uma nova forma de ligação entre as pessoas, desde que frequentadas com bom senso. Como em quase tudo o que é inovador, provavelmente teremos de errar e tactear no escuro para encontrar o rumo certo, para aprender e usar novas ferramentas como etapas do nosso percurso de evolução. Tornando-nos cada vez mais críticos na análise do tanto que nos rodeia e aprendendo a filtrar o que é verdadeiramente importante.

O problema é que nem sempre tem sido isso que vemos. Tanta informação que nos atropela diariamente pode tornar-nos mentalmente preguiçosos e não faltam utilizadores da internet que se mostram incapazes de filtrar o que é verdadeiro ou inexacto. Perante tanta velocidade e solicitação, nem sempre conseguimos parar e marcar o ritmo que nos convém. Perante tanta nova forma de conexão, vivemos tantas vezes rodeados de cliques e likes, mas incapazes de sair de uma profunda solidão.

O conhecimento e a tecnologia não valem grande coisa se não nos tornarem mais humanos e próximos. Bom seria se tantos recursos novos ao nosso dispor nos tornassem mais profundos e capazes de entender a simplicidade solidária e próxima que muitos analfabetos espalham sobre o mundo. Bom seria se evoluíssemos nessa humanidade. E assim, cobertos de um manto de ternura que é sinal de verdadeira sabedoria, fossemos capazes de a oferecer em doses generosas uns aos outros.

M. I. C.

Do fundo da terra

04-12-2013 17:28

Hoje dirijo-me a ti, jovem que resides em Proença-a-Nova ou aqui tens as tuas raízes. Continuo a sentir-me jovem, tal e qual como tu, mas quando alguém da tua idade me chama “dona” ou “senhora” percebo que estou a ficar um pouco cota. Talvez por isso comece a fazer algo que os cotas, ao que parece, adoram: dar palpites e conselhos.

Cresci sem biblioteca municipal, campos de ténis, piscina, Centro Ciência Viva da Floresta ou cinema. A Figueira não tinha ainda sido valorizada como aldeia do xisto, as praias fluviais davam os primeiros passos, não havia parque urbano nem esplanadas na rua principal. O concelho não tinha museus, não havia oferta de modalidades como zumba, power jump ou caminhada, não podia aprender ballet ou hip hop e para ter aulas de música os meus pais fizeram viagens regulares Proença-Castelo Branco durante 11 anos a fio, para poder frequentar o Conservatório.

Se faço esta viagem ao passado, é por uma razão simples. Custa-me quando ouço dizer que por cá não há nada para fazer. Atrevo-me a lançar o desafio: já experimentaste juntar um grupo de amigos, num domingo à tarde, e conhecer a excelente colecção de pintura e cerâmica do Espaço Ribeiro Farinha? Sabes onde fica o Forte das Batarias, recentemente escavado, e já experimentaste a magnífica vista sobre a estrada noutros tempos calcorreada pelos soldados invasores conduzidos pelo general Junot?

Mesmo que não gostes de emoções fortes e as paredes de escalada não te atraiam, as Portas de Almourão oferecem perspectivas de cortar a respiração, num ambiente de tranquilidade em que os grifos te fazem companhia. E muitos dos recantos mais bonitos do concelho descobrem-se nos passeios pedestres marcados, que podes fazer com os amigos. Pode parecer-te desinteressante, mas asseguro-te que já saí de casa sem grande pachorra e dei por mim a sorrir, a meio de um passeio pedestre, tocada pela sensação de grandeza que a natureza nos proporciona. Acredita, não conhecerás o concelho enquanto não te puseres à descoberta por caminhos de terra batida, levadas e trilhos de BTT.

Há, depois, sítios menos evidentes capazes igualmente de te deixarem surpreendido. Acredito que conheças a Figueira e o seu forno comunitário, o núcleo de xisto dos Cunqueiros ou as casas de pedra das Oliveiras. Mas já experimentaste um passeio pelas ruas desertas da Pedreira? Experimenta parar no meio da ponte, com a ribeira e os muros do moinho a teus pés. A água a correr conta histórias saídas do fundo da terra, a sério que sim.

É provável que cresças ansioso por sair e conhecer mundo. Aliás, desejo-te que possas sair, aprender coisas, abrir o mais possível horizontes. Mas aconteça o que acontecer, sei que haverá sempre um momento, algures no futuro, em que terás saudades desta terra. Não porque seja melhor que outras – temos de dizer a verdade e admitir que as há bem melhores. Mas esta tem o sabor que só uma casa consegue ter. E será maior, melhor e com mais coisas para fazer no futuro se aprendermos a conhecê-la e a valorizá-la no que tem de único e genuíno.

M. I. C.

LIBERDADE DE ESCOLHA, CLARO!

04-12-2013 17:27

Escolas públicas ou privadas, eis a questão! Naturalmente que a opção cabe única e exclusivamente aos pais e encarregados de educação, de acordo com o seu projecto educativo pessoal, vocacional ou outros.

Em cada agregado familiar haverá um desejo acalentado para o futuro dos seus filhos, urge que se facilite a sua concretização com uma oferta mais alargada de hipóteses de escolha, de realização de sonhos e objectivos, com liberdade e qualidade, sempre marcas indeléveis dos estados democráticos.

Modelo único é sinónimo de tirania, imposição, limitação e convite à pequenez. Variados são os planos pessoais, as capacidades, as necessidades, os valores e os credos. Impor é uma violência castradora, oferecer várias escolhas significa, tão só, cada um poder eleger o modelo com o qual se identifica, se sente integrado, mais pessoal, mais seu e, logo também, mais concretizável, na medida em que poder optar implica responsabilidade, participação e envolvimento de quem procura o caminho correcto para a sua realização pessoal, humana e profissional, num todo indispensável a qualquer cidadão.

O novo estatuto do ensino particular e cooperativo vem não só reforçar estas possibilidades, com também criar uma necessária empatia com o modelo livre e conscientemente escolhido pelos interessados, indo ao encontro dos seus desejos e objectivos, quer seja uma escola pública ou privada, não importa.

Qualidade na diversidade poderá ser uma aposta inteligente na construção duma aprendizagem formadora de caracter, de profissionalismo, de humanismo, de companheirismo e de partilha numa sociedade tão carente destas vertentes.

Escolhas conscientes, coerentes e adequadas farão mais felizes as famílias e os alunos o que, naturalmente, se irá reflectir em toda a malha social, que se tornará mais consciente do seu dever a cumprir e empenhada na construção duma sociedade democrática, livre e pluralista que necessita de todos para poder evoluir.

E quem sabe se o remédio para o insucesso escolar não passa mesmo por aí: escolher para ser, optar para concretizar, colaborar para realizar.

 

 

Maria Susana Mexia – Professora de Filosofia

 

HOTSPOTS PARA DEUS

04-12-2013 17:26

 - Ele é um hotspot para Deus! – saiu-se um dos meus sobrinhos num dos almoços de domingo acerca de uma pessoa nossa conhecida, sem que tal expressão parecesse um insulto ou crítica.

 – Ele é um quê?!

- Sim! Um hotspot! Não sabes um que é um hotspot, uma zona wi fi, um router?

E tentou explicar-me, como se eu fosse muito infoexcluída:

- Nunca viste nos centros comerciais, nas universidades? Tu chegas lá e está indicado “zona wi fi” ou “hotspot” de tal empresa e basicamente podes ligar-te à net grátis com o teu computador, telemóvel, tablet, play station….  Essa tal pessoa é como um hotspot para Deus.

É. Parece incrível, mas de facto existem pessoas que nos ligam automaticae insensivelmente a Deus: o Papa, um pároco, uma avó, um/a catequista, um/a amigo/a e talvez não precisamente por essa ordem. Não é que não tenham defeitos ou sejam um modelo de virtudes ou passem a vida a pregar. Não. São pessoas em quem nós reconhecemos que têm experiência de como é Deus e que desejam que também nós O procuremos e encontremos. Instintivamente, sabemos que rezam por nós e, se temos oportunidade, já estamos a contar-lhes a nossa vida toda.

São pessoas a quem recorremos para desabafar, tirar uma dúvida, pedir um conselho, um favor, que reze por um assunto que nos preocupa ou nos ensine a fazê-lo. É como se emitissem um sinal wi fi: um misto de interesse, carinho, compreensão, de escuta, acolhimento, esperança que torna Deus acessível sem necessidade de passwords. O sinal wi fi pode ser bom, fraco ou ruim, médio, excelente, com ou sem intermitências, de acordo com a qualidade do hotspot..

Os santos estão assinalados como hotspots com sinal potente e contínuo. Porquê? Porque estão ao rubro na arte de amar e são reconhecidos por isso. Alguns deles universalmente e o seu raio de ação não está limitado pelo espaço ou pelo tempo. Basta pensar no nosso António de Lisboa que viveu na Idade Média e continua a influenciar a vida de pessoas de todos os continentes, tanto ou mais que o seu amigo Francisco de Assis.

Mas para todos nós, está nas nossas mãos ser hotspots para Deus: basta ligarmo-nos a esse “Fogo que arde sem se ver” de que falava Camões. Entrar na rede. Quem se encanta, fica encantador. E começa logo a emitir esse sinal imitando aquilo que viu e ouviu.

No dia de Todos os Santos, lembremo-nos afinal de todos esses hotspots, uns mais conhecidos outros menos, muitos da nossa própria família, alguns com um nome igual ao nosso, outros que passam por nós todos os dias e que vão estabelecendo esses oásis onde o Céu fica mais perto. Vale a pena saber onde estão, reconhecê-los, aproveitar a acessibilidade que nos proporcionam e a sua ajuda e exemplo para nos tornarmos também nós hotspots para Deus.

Maria Amélia Freitas

Mestre em Ciências da Educação

mariameliafreitas@gmail.com

Beirais e outras coisas mais…

04-12-2013 17:25

Porque dar a nossa opinião não ofende e pode até ser um gesto de compromisso na construção de uma sociedade melhor, venho partilhar convosco um texto enviado entretanto para a RTP1, como sugestão à programação apresentada:

“Boa tarde!

Chamo-me Cristina Figueiredo, tenho 36 anos e sou professora. Não dedico muito do meu tempo (escasso) à televisão, mas descobri há pouco tempo a vossa série “Bem-vindos a Beirais”, e costumamos vê-la em família.

Começo por vos felicitar pela mesma, porque, não se identificando com uma novela (que envolve enredos e histórias com dramas que vêm, não raras vezes, sobrecarregar a mente das pessoas), esta série, sem especial “transcendência”, favorece um momento leve, de descontração em família, pelas histórias caricatas que apresenta.

Não posso, contudo, deixar de lamentar que, na mesma, se ponha em causa a importante figura dos sacerdotes jovens de aldeia que, vivendo com verdadeiro sentido o seu celibato apostólico, prestam às respetivas comunidades um serviço de grande entrega e dedicação. A personagem em causa, apesar da aparente boa vontade, faz transparecer mais a fraqueza dos homens do que a graça de Deus e a verdadeira religião. A isto também não ajuda a figura caricaturada da pessoa crente que vive uma Fé de sacristia (a Dª Olga). De facto, com as duas personagens, e sem que exista um contraponto, nem qualquer referência positiva à verdadeira Fé – a da maioria dos portugueses, note-se -, ela aparece como uma superficial vivência de aparência, para gente que “não pensa”, afastada daquilo que efetivamente é: um caminho vocacional, de chamada para todos nós e de seguimento pessoal e alegre da Pessoa de Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem.

Sugiro portanto as melhorias adequadas neste campo, no ulterior desenrolar do argumento. Agradeço a vossa atenção e espero podermos, juntos, contribuir para um serviço público de qualidade.

Subscrevo-me atentamente,

Cristina Figueiredo”

Tudo se resume, simplesmente, a uma achega de uma espectadora que embora admire o trabalho apresentado, reconhece uma oportunidade para guionista e restantes responsáveis contribuírem para um serviço público de maior qualidade, mais íntegro e equilibrado. Afinal, melhor é sempre possível!

E como dar a nossa opinião não ofende, animem-se a escrever! Deixo o endereço apropriado ao caso: provedor.telespectador@rtp.pt

 

 

Continuar a viver a Fé, Juntos e em família num caminho de esperança

04-12-2013 17:24

No domingo, 24 de novembro, a Igreja Católica uniu-se no mundo inteiro, de maneira especial ao Papa Francisco, no encerramento do Ano da Fé enquadrado na celebração da Solenidade de Cristo-Rei do Universo.
O Papa emérito Bento XVI foi quem proclamou o Ano da Fé, iniciado em 11 de outubro de 2012, quando se celebrava o cinquentenário da abertura do Concílio Ecuménico Vaticano II, data relevante para a vida e missão da Igreja na sua tarefa de fazer de todos discípulos e discípulas de Jesus. Esta data foi a escolhida para a abertura do ano da fé para assinalar os 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica (CIC), que resumiu, de forma simples e segura a doutrina do Vaticano II. O Catecismo da Igreja Católica clarificou a interpretação dos dogmas e esclareceu os princípios e fundamentos da doutrina da Igreja, constituindo-se assim como precioso auxiliar e bússola do cristão num mundo onde fervem ideias novas, não perdendo de vista o que crê o cristão, como celebra essa fé, qual o comportamento dos discípulos de Cristo e qual o sentido e o modo de rezar dos fiéis.
O grande propósito deste Ano da Fé foi exatamente a oportunidade para um aprofundamento, compreensão e vivência da fé como experiência de encontro pessoal com Jesus, o Único que pode dar à vida, de maneira duradoura, um novo horizonte e, como afirmou o Papa Bento XVI, na sua Carta Encíclica ‘Deus é Amor’, uma direção decisiva na vida de cada pessoa.
Agora que encerramos o Ano da Fé, importa nunca perder de vista as verdades da Fé que sustentam e motivam a caminhada da Igreja. Ainda ouvimos o cântico que acompanhou e marcou o ritmo do Círio do Ano da Fé circulando pelas ruas, igrejas e dezenas de capelas da Unidade Pastoral Proença-a-Nova (Cardigos, Peral, Proença-a-Nova e São Pedro do Esteval):
Sim, eu quero que a luz de Deus que um dia em mim brilhou; Jamais se esconda, e não se apague em mim o Seu fulgor; Sim, eu quero que o meu amor ajude o meu irmão A caminhar guiado pela mão, em Tua lei, em Tua luz Senhor.
Concluída a vivência do ano da fé, importa mais do que nunca dar corpo e vida a este compromisso para manter a chama viva. Sim, porque a luz da fé permite lidar com questões que estão inevitáveis e inexoravelmente no horizonte da existência humana: Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Porque existe o mal? O que existirá depois desta vida?
Somente a fé permite lidar com o mistério que estas interrogações tocam, proporcionando uma compreensão coerente. Sim, porque a luz da Fé impele a amar o próximo independentemente da situação em que a pessoa se encontra, só a Vida na Fé em Cristo nos dá a luz e o discernimento que garantem a felicidade na Terra para alcançar a paz celestial na eternidade: «Eu vim ao mundo como luz, para que todo o que crê em Mim não fique nas trevas» (Jo 12, 46).
Com a celebração da solenidade de Cristo Rei, coroamento do Ano Litúrgico e encerramento do Ano da Fé vivido em 2012-13 em todas as capelas e igrejas matrizes da Unidade Pastoral de Proença-a-Nova, muitas famílias integraram o “ano da fé” nos seus calendários e ritmos diários. Na celebração do encerramento do Ano da Fé em Dia de Cristo Rei, com o gesto “A família nos caminhos de fé acende uma vela” estabelecemos a ponte de ligação para o novo Ano Litúrgico e Pastoral. Não deixemos, então, apagar esta luz da fé que, porventura, se acendeu ou reacendeu! Importa agora “Viver a fé em família, na família e com a família como parte da comunidade.”
O Senhor nos dê a graça de manter a cessa a luz da fé, para juntos percorremos um caminho de esperança!

Pe. Ilídio Graça

2014 - Refletir, Celebrar e Exaltar a Família

04-12-2013 17:24

Preste a alcançar a meta do Ano da fé (2012/2013), o Papa Francisco fez ressoar pelos quatro pontos Cardeais mais um surpreendente desafio e de capital importância para a Igreja. Trata-se da convocação de uma Assembleia Extraordinária dos Bispos para responder aos “desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. Este Sínodo dos Bispos terá lugar em outubro de 2014. Até lá resta à Igreja hierárquica e aos seus fiéis trabalhar o documento preparatório divulgado no dia 5 de novembro.
O documento subordinado ao tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”, convida a responder a miríades de “problemáticas inéditas há poucos anos atrás” (o aumento de casais que vivem juntos desconhecendo ou rejeitando o sacramento do matrimónio, a união de pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por elas, a cultura do “não compromisso” e entre muitas outras problemáticas, o abandono da fé na sacramentalidade do matrimónio) num conjunto de 38 questões distribuídas por 9 grupos temáticos.
Para além dessas problemáticas, esta posição do Papa Francisco radica ainda no facto de considerar a família humana o núcleo vital para a pessoa, a sociedade e a própria comunidade eclesial.
Neste contexto em que a família está em crise, com a diminuição drástica do número de filhos, o aumento do número de divórcios e a banalização do aborto, importa levar a sociedade a trazer a família de volta ao centro da discussão. O Papa Francisco está na linha da frente: no dia 26 de outubro, recebeu no Vaticano a Peregrinação Internacional das Famílias, que levou até ele famílias de todo o mundo; de forma surpreendente e inesperada, marcou o referido Sínodo extraordinário para outubro de 2014.
Seguindo o ritmo do Sínodo da Diocese de Portalegre – Castelo Branco, a família vai estar em discussão neste próximo ano pastoral, subordinado ao tema: “Família, Natureza e Missão”.
Na Unidade Pastoral de Proença-a-Nova, para darmos continuidade ao Ano da Fé que terminará na Solenidade de Cristo Rei, tomamos como tema “A Família Cristã nos caminhos da fé”. Esta proposta temática visa despertar ou apoiar toda a comunidade paroquial a Viver a Fé em Família, na Família e com a Família como parte da Comunidade.
Urge tomar a sério a ideia de que quem faz uma sociedade funcionar é a família na sua constituição basilar (Pai, Mãe, Filho, Filha…). Como poderemos sobreviver num mundo sem uma família assim constituída?  
Família, sê o que deves ser: Comunidade de vida e de amor!
Destruir a família é colocar em causa a sociedade, tal e qual a conhecemos.
O próximo ano será uma oportunidade para refletir, celebrar e exaltar o papel da família na sociedade.
Cabe à Igreja, (como mostra o Papa Francisco na convocação da Assembleia Extraordinária dos Bispos para responder aos “ desafios pastorais da família no contexto da evangelização”) mas também a cada família, esta tarefa de lutar pelo futuro da família, procurando “abrir o horizonte para o reconhecimento do facto de que a família é um verdadeiro dom do Criador à humanidade”.
Pe. Ilídio Graça
 

Firmes e valentes testemunhas da fé

04-12-2013 17:22

Mártires do Século XX na Espanha

 

Este é um momento chave para afirmar o que aconteceu há poucos dias em Tarragona, cidade de Espanha, pertencente à comunidade autónoma da Catalunha. Trata-se da maior beatificação coletiva da história da Igreja.
Sim, na celebração litúrgica presidida pelo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e representante do Papa, Cardeal Angelo Amato, foram elevados à glória dos altares 522 mártires da perseguição religiosa ocorrida na Espanha dos anos 30 do século XX. Cerca de 30 mil fiéis deram corpo a esta cerimónia, intitulada “Os Mártires do Século XX na Espanha, firmes e valentes testemunhas da fé”.
Nos tempos em que a Igreja continua a ser alvo de acusações infundadas; em que se verifica um sucessivo aumento das perseguições com base no credo; em que aumenta a recusa da fé e o número dos que se dizem ateus; em que proliferam as seitas, superstições, medos, perseguições, com o consequente e crescente avolumar de problemas de desajustamento pessoal e social, celebrar a beatificação dos 522 valentes testemunhas da Fé, é mais um grito de Esperança: “Não desanime diante dos obstáculos e das dificuldades. Seja firme! Pois “Na verdade, na verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica ele só. Mas, se morrer, dá muitos frutos.” (Jo 12, 24). O Nosso Deus é Soberano e manifestará, em breve, a Sua glória e o Seu poder em nós e através de nós”!
“Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Coríntios 11,1). E assim foram os beatos mártires da perseguição religiosa ocorrida na Espanha, porque foram cristãos que “o foram até ao fim” (Papa Francisco), mártires que como São Paulo de Tarsos reclamam ser modelos para nós. O mundo reclama cristãos que pelo exemplo íntegro e o olhar voltado para Deus apontem o caminho a seguir à maneira dos luzeiros que iluminam os trilhos durante a noite!
Também o Ano da Fé (cujo encerramento diocesano será no dia 24 de Novembro em Portalegre) se revelou luzeiro da nossa fé, feito convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. O ano da Fé foi uma grande oportunidade para refletir a Igreja e redescobrir a fé professada; revelou-se como oportunidade para intensificar a celebração da fé na liturgia, dando especial tónica para a Eucaristia.
E se é verdade que “Não há vento favorável para aquele que não sabe para onde vai” (Séneca, séc.IV a.C., Roma), para nós, cristãos de fé, que caminho tomar, portanto, depois da experiência do Ano da Fé? E depois de olharmos para o ato valente dos mártires e de muitos outros santos e santas de Deus, como não encontrar o rumo da fé em Cristo?
O Papa Francisco numa das suas alocuções propôs uma Igreja de “portas sempre abertas”, não só para que “cada um possa aí encontrar acolhimento” mas também para que os seus membros possam “sair” e levar ao mundo o amor e a esperança.  Urge a necessidade de modelos de fé credíveis e tangíveis aos nossos olhos neste mundo tão carente de testemunhos cristãos.
Quem deseja o prémio oferecido por Jesus Cristo – a felicidade, a salvação – deve saber por qual caminho seguir. Tomemos a sério este Jesus de Nazaré que indubitavelmente disse: “Tende confiança, Eu já venci o mundo.” (Jo 16, 33)                                               Pe. Ilídio Graça


 

Missão e Compromisso do Cristão

04-12-2013 17:20

Todos os anos a Igreja celebra no penúltimo domingo de outubro o dia mundial das missões. As celebrações litúrgicas deste mês são embelezadas pelas memórias e figuras dos santos Apóstolos Simão e Judas e do Evangelista Lucas, pelas memórias de santos e santas, nomeadamente Teresinha do Menino Jesus, Francisco de Assis, Inácio de Antioquia e muitos outros santos mártires, e sugerem modelos e criatividade para a missão da nossa Igreja. Desafiam e entusiasmam os batizados, os homens e as mulheres de boa vontade a comunicar o Evangelho dentro das realidades, com coragem e afinco. Esta missão “é um dever que brota do próprio ser discípulo de Cristo e um compromisso constante que anima toda a vida da Igreja”, diz o Papa Francisco.
O Dia Mundial das Missões, que neste ano celebramos no dia 20 de outubro, foi uma criação do Papa Pio XI em 1926. É uma oportunidade para sentirmos a vocação missionária da Igreja e acima de tudo para experimentarmos a universalidade que é própria da Igreja, sem particularismos nem exclusivismo. Aliás, o Papa Paulo VI invocou esta criação como uma “Genial intuição de Pio XI”, e “Um grande acontecimento na vida da Igreja” sendo “Uma oportunidade de fazer sentir a vocação missionária à Igreja, aos nossos irmãos no episcopado, ao clero, aos religiosos e religiosas e a todos os católicos.
O papa Francisco, em sua mensagem para o Dia Mundial das Missões 2013, declara: Cada comunidade é interpelada e convidada a assumir o mandato, confiado por Jesus aos Apóstolos, de ser suas «testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo» (Act 1, 8); e isso, não como um aspeto secundário da vida cristã, mas um aspeto essencial: todos somos enviados pelas estradas do mundo para caminhar com os irmãos, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo e fazendo-nos arautos do seu Evangelho”.
Importa recordar que as qualidades pessoais e os bens materiais não são suficientes para garantir a esperança da qual o coração humano está em busca constante. Convém também dizer que uma das consequências principais do esquecimento de Deus é a evidente desorientação que marca as nossas sociedades, com consequências de solidão e violência, de insatisfação e perda de confiança que não raro terminam no desespero. O homem que esquece Deus fica sem esperança e torna-se incapaz de amar seu semelhante.
Diante desta situação deplorável, o Papa Francisco detém-se sobre os muitos desafios da evangelização e encoraja todos a levar ao homem do nosso tempo “a luz segura que ilumina o seu caminho e que somente o encontro com Cristo pode dar”. Portanto, urge testemunhar a presença de Deus para que todos possam experimentá-la: está em jogo a salvação da humanidade, a salvação de cada um de nós. Qualquer pessoa que entenda essa necessidade, não poderá deixar de exclamar com São Paulo: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho» (1 Cor 9,16).
Pe. Ilídio Graça
 

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