Reflexões

Vida humana – Um milagre divino

16-04-2012 18:20

Na minha opinião, como crente cristão, sei que a vida é uma dádiva de Deus. É um milagre. Algo em que não se pode tocar, que ninguém pode tirar porque, no Homem habita o sagrado.

Como se originou a vida? Alguns apontam para um desabrochar da existência a partir de uma evolução sem um Deus.

Outros defendem uma actuação divina no lento processo de milhões de anos, durante os quais formas de vida "simples" surgiram e, de algum modo, desenvolveram-se alguns organismos mais complexos, incluindo os humanos.

Esta teoria cria mais interrogações do que respostas. Nada na Bíblia nos dá a entender que Deus tenha recorrido à evolução para criar a humanidade.

Contudo, mesmo os maiores defensores do pensamento evolucionário, têm de admitir que a vida continua a ser um mistério como sempre foi.

Também só o crer em Deus não dá as respostas todas e aqui há que recorrer à Filosofia, à procura racional do saber total e abrangente como forma de melhor compreender aquilo em que se acredita .

A diferença é que a teoria criacionista é, sem dúvida, mais lógica, coerente e racional do que a hipótese de a vida ter surgido por um mero acaso.

Nada no Mundo é por mero acaso, mas tudo na vida é um caso divino!

Hoje temos muitos conhecimentos científicos sobre o processo da concepção e do desenvolvimento da vida humana, mas sabemos "intuitivamente" que essa nova vida não é nada mais nada menos que um milagre divino.

Pedro Santos

Primavera - O começo de uma nova vida

16-04-2012 18:18

Toda a minha vida esperei por alguém especial, alguém que me desse a devida atenção, que se preocupasse comigo e desse tudo por mim. Toda a minha vida estive de parte, a contemplar os casalinhos felizes, passeando de mãos dadas e trocando olhares repletos de ternura. A amargura da solidão envolvia-me de tal forma e arrebatava com tanta rispidez as minhas esperanças que me levava a pensar que nunca iria encontrar esse alguém. O aperto no peito era tão intenso que sentia o meu coração diminuir com o passar do tempo, encolher e mirrar tal fruto sem água.

Agora o aperto no peito é outro. O coração palpita como se quisesse fugir, a sensação de plenitude impede-me de descansar à noite. Para quê sonhar, se a realidade parece tão perfeita? Para quê fechar os olhos quando o que tenho à minha frente é tão belo, tão arrebatador? Todos os dias são como uma Primavera acabada de desabrochar.

No fundo, eu sabia que havia alguém reservado para mim. Só não tinha a certeza de quando e se as nossas vidas se cruzariam.

Pois bem, o tempo de solidão acabou. Venha a felicidade, a incerteza, a paixão, as dúvidas, os arrufos, a alegria, os ciúmes, a emoção, a tristeza, a empatia. Quero o pacote completo. Tudo aquilo que venha incluído nesta tão reduzida mas incrivelmente potente palavra de quatro letras, "amor", eu aceito com serenidade.

Rita Fernandes

 

 

A regra do terceiro excluído

16-04-2012 18:17

A Igreja Católica e as Grandes Lojas Unidas da Alemanha, tiveram conversações oficiais entre 1974 e 1980, com a finalidade de verificar se a posição da maçonaria em relação à Igreja Católica se tinha modificado e se, eventualmente, era doravante possível admitir a compatibilidade entre a adesão à maçonaria e a adesão à Igreja Católica.

Num clima de abertura este encontro incidiu sobre o estudo dos rituais maçónicos.

A sua conclusão é que a visão do mundo da maçonaria, o seu conceito de verdade e a sua ideia de Deus, não sofreram alterações substanciais, permanecendo excluída a possibilidade de se pertencer ao mesmo tempo à Igreja Católica e à maçonaria, mesmo no caso de esta dar provas de benevolência para com a Igreja.

Por outro lado, o estudo aprofundado dos rituais maçónicos, da especificidade maçónica e da ideia, ainda hoje inalterada, que a maçonaria tem de si própria, revela claramente que a adesão à Igreja Católica e a adesão à maçonaria excluem-se mutuamente.

Os maçons negam a possibilidade de um conhecimento objectivo da verdade.

O carácter relativo de toda a «verdade» constitui a base da maçonaria e como recusam toda a fé dogmática, não admitem qualquer espécie de dogma nas suas lojas, nem qualquer submissão aos mesmos. «Todas as instituições assentes numa base dogmática, sendo a Igreja Católica a mais representativa delas, exercem uma coacção de fé».

O conceito maçónico de religião é relativista. As religiões não passam de tentativas concorrentes para exprimir a verdade sobre um Deus que, para eles, é inacessível ao conhecimento do homem e nas lojas a discussão sobre os problemas religiosos é severamente proibida.

Em tempos idos, os maçons eram obrigados a aderir à religião maioritária do seu país, ou do seu povo, mas hoje é aconselhado aderir à religião «em que todos os homens estão de acordo», deixando a cada um as suas convicções.

O conceito de religião «em que todos os homens estão de acordo» implica uma concepção relativista da religião, a qual é incompatível com a convicção fundamental do cristianismo.

Nos rituais maçónicos, o conceito de «Grande Arquitecto do Universo» ocupa um lugar central, mas não há qualquer conhecimento objectivo de Deus, no sentido do Deus pessoal do teísmo. Para o maçon, o «Grande Arquitecto do Universo» não é um ser no sentido de um Deus pessoal. (…) Este conceito do «Grande Arquitecto do Universo», destrói pela base a representação que todo o católico tem de Deus e a resposta que Lhe dá quando se dirige a Ele como Pai e Senhor.

O conceito de Deus na maçonaria exclui a ideia de uma auto-revelação de Deus, tal como é confessada por todos os cristãos, não sendo compatível com o conceito católico de verdade, nem do ponto de vista da teologia natural, nem do ponto de vista da teologia revelada.

As divergências verificadas nos próprios fundamentos da existência cristã e as pesquisas efectuadas sobre os rituais e a espiritualidade maçónicos evidenciam claramente que permanece excluída toda a adesão simultânea à Igreja Católica e à maçonaria.

Em jeito de conclusão, eu aplicaria as três regras da Lógica aristotélica que garantem a validade objectiva para um pensar correcto: O princípio de identidade no qual se afirma que (o que é é, e o que não é não é) ; O princípio da não contradição (é impossível que algo seja e não seja ao mesmo tempo) e o princípio do terceiro excluído (uma coisa qualquer não pode ser afirmada e negada ao mesmo tempo), pelo que esta hipótese fica excluída em todo o aspecto formal.

Logo ou é Cristão ou é maçon, não existe uma outra conclusão ou terceira hipótese, logicamente válida.

Abril - A Primavera acorda a natureza

16-04-2012 18:17

Estamos em Abril e a Primavera acordou já a natureza. A força e a beleza rasgam a terra e atapetam os campos que, em exuberância, se oferecem a todos que os queiram contemplar.

Este tempo de Primavera é um tempo de promessa, de promessa que se começa a cumprir. Este ciclo tem um passado, um tempo invernal de recolhimento e silêncio em que a terra esteve adormecida encubando as sementes e os sonhos. Mas, as águas caíram do céu e penetraram na nela, despertando as sementes, os sonhos, e a vida desabrochou e ergueu-se.

Os raios do Sol chegam também com mais tempo e mais força para tudo acariciarem e beijarem, convidando a terra a ser fértil e a doar-se. Agora, em Abril, o tempo presente deste ciclo, a natureza embriaga-nos com os seus perfumes e cativa-nos com as cores, as formas e a força com que a vegetação rasga a terra e procura o céu.

Esta força e esta beleza têm o poder de nos comover e de nos mover... E aponta-nos já para a explosão máxima deste ciclo de Primavera, o Maio florido, e para os frutos coloridos dos dias quentes do Verão, e para a beleza das cores outonais. É que as promessas também têm um futuro... Este processo constante de renovação convida-nos a aproveitar o movimento da natureza para fazermos também a nossa viagem interior e exterior, sem perdermos de vista quem somos e os nossos sonhos.

É uma época mágica, este ciclo de Primavera. É urgente arranjar tempo para contemplar e meditar na beleza e na promessa, olhando a natureza como espelho de tantas coisas e, também, como a mão estendida de Deus nos oferece um mar de cores e nos perfuma, e nos canta canções de amor ou de embalar quando povoa os céus e a terra de aves de tantas cores e trinados. Eu sinto esta canção que Deus nos canta, que Deus me canta...

Que bom seria se as famílias, as escolas, as paróquias levassem os pequenos, e os menos pequenos, a descobrir e a apreciar as potencialidades de tanta beleza, que se dá só por se dar... E depois conversar sobre a importância do belo e da dádiva desinteressada nas nossas vidas e no mundo actual, e como o belo poderia gerar gratidão e felicidade nas relações humanas.

É neste período, do acordar da terra, que somos convidados a um tempo quaresmal de grande recolhimento interior. Só nesse silêncio de nós poderemos abrir o coração e cuidar o nosso jardim interior, substituindo as ervas daninhas por rosas para que estas se abram sem porquês na Festa Pascal e o perfume que exalarem seja a essência do que somos.

 

Sara Meireles

Pensamentos Existenciais VII

16-04-2012 18:14

22 - A Criança

A Criança que se debruça sobre as águas cristalinas

Dos rios, sorri da sua

imagem reflectida,

Na cândida inocência

das Dádivas Divinas,

Desconhecendo as

injustiças e os males

da Vida!

Mas eis que, passados

anos, volta a debruçar-se

Nas mesmas águas e,

em vez de sorrir, chora

Porque a sua imagem

ao revelar-se

Já não mostra a candura dos tempos de outrora!

Em vez da pureza e da inocência do rosto,

Vê as rugas profundas na face esculpidas,

Das injustiças do mundo e do desgosto

Dos sonhos desfeitos e oportunidades perdidas.

Deus que lhe dera tantas esperança, então,

De um Mundo puro de verdadeira excelência,

Não pode, agora, evitar a desilusão

Da realidade que lhe mostra a consciência!

O que foi que se deu?

Que terá acontecido?

Será que o erro foi meu?

O que terei esquecido?...

O Mundo é o mesmo, nada mudou!

O que magoa é o comportamento do Homem,

a iniquidade,

Que na posse do Bem o transformou

Nas dores que afligem a Humanidade!

Mas, observando melhor as águas conturbadas,

Viu, num olhar mais atento e profundo,

Por debaixo das rugas, para além dos defeitos

do mundo,

As qualidades do seu espírito inalteradas!

E sorriu, de novo, consciente da capacidade

De poder repudiar um comportamento vil e ateu

E rentabilizar, com propriedade,

Os dons imutáveis do espírito que Deus lhe deu.

Prof. Fernando Santiago Domingos 

YOUCAT

16-04-2012 18:12

Por: Maria Albertina Castanheira

Como chegaram os discípulos à fé na Ressurreição de Jesus?

«Os acontecimentos pascais que tiveram lugar em Jerusalém por volta dos anos 30, não são uma história inventada. Impressionados pela morte de Jesus e pela derrota da sua causa comum ("Nós esperávamos que fosse Ele quem havia de libertar Israel", Lc 24, 21), os discípulos fugiram ou barricaram-se atrás de portas trancadas. Só o encontro com Cristo Ressuscitado os libertou do seu entorpecimento e os encheu com o Espírito e com a fé de que Jesus Cristo é o Senhor da vida e da morte.» (YOU.105).

A mentira, que o corpo do Senhor teria sido roubado do sepulcro inventada e propalada até aos nossos dias, para esconder a Verdade, é joio que cresceu junto com o trigo e assim será até à "ceifa". Ceifa que DEUS está retardando, para que toda a humanidade reconheça que JESUS CRISTO é o Único Salvador. Não há outro! Ele é o Caminho, a Verdade, a Vida! N’Ele está o Bem, a Paz, o Perdão, o Amor! Ele ressuscitou! Ele vive! Mostra-Se e convida-nos de tantos modos a escutá-Lo… amá-Lo… segui-Lo… Como?

Tens inteligência, tens voz,

tens alma, tens coração!...

Que te falta a ti, irmão,

Para encontrares Jesus?

Não O vês? Não O procuras? Não O chamas?

Já experimentaste rezar?

Sem condições, disponibiliza-te a amar...

Ama o outro primeiro,

Encontrá-LO-às depois.

No egoísmo estás só,

No Amor há sempre dois!

Tu e o Outro que te toca,

Te pede, espera... e te sorri.

É Ele o terno Jesus,

Vê... Como olha para ti!

Seu olhar em tantos olhos!

Ouve-se na voz de alguém!

Sente-se no carinho de outrem!

Ele está em todo o Bem!

Então reza: Fala com Ele,

Não escondas nada!

Abre-Lhe o teu coração...

Percebes? Está a escutar-te...

Tu estás em oração!

Como é belo rezar!

Entrar no seio de Deus!

Jesus, Porta para entrar,

Ao toque do teu crer,

Abre-Se de par em par

P’ra nunca mais te perder!

O Senhor Ressuscitado não precisou de abrir portas para entrar na sala fechada onde os discípulos estavam; deixou-se tocar, comeu com eles e mostrou-lhes as feridas da Sua Paixão; No caminho de Emaús explicou-lhes os textos da Escritura que se referiam à Sua morte e ressurreição, que se tinham acabado de cumprir… Reconheceram-no ao partir do pão! Apareceu a Maria Madalena, que julgou ser o jardineiro; só quando Jesus a chamou pelo nome dizendo: "Maria!", ela O reconheceu e respondeu: «Mestre!»…

«O acontecimento da Morte e Ressurreição de Cristo é o coração do cristianismo, o ponto central e fundamental da nossa fé, o poderoso impulso da nossa certeza, o vento forte que afugenta toda a angústia e incerteza, a dúvida e o calculismo humano.» (Bnto XVI).

ALELUIA! Cristo Ressuscitou verdadeiramente! Ele vive!

(Consultar o YOUCAT Páginas 64 a 70)

“Na vida de fé, quem não avança, recua”!

24-02-2012 15:42

A pessoa humana vive na condição de caminhante ou peregrina. Mais uma vez temos a oportunidade de iniciar a caminhada para a Páscoa. Eis o tempo da Quaresma.

Tem início na quarta-feira de cinzas, onde o rito da imposição das cinzas sobre as nossas cabeças recorda a nossa condição de "pó", ou seja, da pobreza e da fragilidade da vida humana, e encaminha-nos para a libertação, a alegria da Páscoa. No dizer do Papa Bento XVI, na sua mensagem para este tempo: "A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito, este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e pela partilha, pelo silêncio e pelo jejum, com a esperança de viver a alegria pascal".

Deveras, a Palavra de Deus - Bíblia Sagrada, "é uma luz que brilha na escuridão, um apoio na insegurança que experimentamos, uma promessa e semente de renovação dos crentes e das sociedades. "Feliz aquele que lê e aqueles que escutam as palavras…" (Ap 1,3).

De 12 a 16 de Março, das 20h30 às 22h00, no centro paroquial de Proença-a-Nova, temos a oportunidade de subir mais um degrau no conhecimento da Palavra. Desta vez, subimos com o tema: "Das crises à Esperança". O tema sugere percorrer as grandes etapas da História da Salvação e encontrar, à luz da Palavra, a solução para a realidade da crise vigente.

A Quaresma tem de ser tempo de aprofundamento da fé, pessoal e comunitária. O Santo Padre afirma: "Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua".

A Igreja pede que este tempo seja vivido simultaneamente por todos os cristãos, que seja um caminho percorrido por todos em comunhão e solidariedade. São, pois, quarenta dias para avivarmos a força que está em nós – "vê o dom que em ti está"; para provocarmos cada vez mais o desejo de Deus; para alcançarmos um maior conhecimento da misericórdia infinita do Senhor; para exercitarmos mais intensamente a caridade fraterna.

Iluminados pela Palavra de Deus façamos da quaresma um percurso para alcançar a libertação, a reconciliação e a paz.

Padre Ilídio Graça

Ética social – um conceito alargado do eu

24-02-2012 15:34

Não se conhece nenhuma sociedade capaz de subsistir e organizar as suas actividades sem que existam códigos morais. A expressão aristotélica "o Homem é um animal político" significa que ele é eminentemente social e, obrigatoriamente, um ser moral.

O termo ética deriva do grego "ethos", também relacionado com costumes, mas apontando para uma dimensão mais interior. Remete, igualmente, para a acção, o "ethos" grego apresenta um significado mais conotado com a intenção e com a finalidade dos actos do Homem virtuoso.

Assim, centrando-se nas intenções de um sujeito moral, a ética procura a razão de ser das acções humanas e das normas pelas quais o Homens se orienta e pauta a sua conduta de vida.

Dado que somos seres sociais, a convivência não é apenas necessária para garantir a subsistência biológica, mas também é indispensável para a nossa construção como seres humanos, mais fraternos e mais amigos.

Com efeito, sem aprendizagem social e sem a partilha de conhecimentos e experiências, sem o estabelecimento de relações e de vínculos afectivos, não poderíamos desenvolver a nossa inteligência nem construir a nossa personalidade. O Homem só se torna verdadeiramente um ser humano na relação com os outros, os que partilham da mesma natureza racional. Logo, cada um de nós, para além dos deveres para connosco temos ainda a obrigação da formação do nosso semelhante e, consequentemente, da sociedade em que vivemos.

Por ser racional e comunitário, idealiza fins orientadores da acção que vão para além da mera dimensão biológica e dos interesses individuais egoístas, tendo sempre em vista o aperfeiçoamento humano de toda a sociedade. Ninguém é feliz sozinho, o ideal da partilha e do amor ao próximo é a condição e o segredo da nossa felicidade, é a meta ética que nos leva a construir um amanhã mais luminoso, mais sorridente e mais fraterno.

 

Inês Henriques

Março – Sopro de Primavera

24-02-2012 15:28

Chegámos a Março, tempo em que o Inverno se despede e a Primavera se anuncia; tempo em que a preparação para a Páscoa – a Quaresma – também poderá ser a despedida de tudo o que nos impede de sermos quem fomos chamados a ser; tempo em que, tal como a natureza renasce e se revela numa explosão de cor e formas, também em nós pode irromper um jacto com força de transformação, dando lugar a um novo ciclo, a uma nova vida que não teme a morte.

Nesta perspectiva como deveremos então encarar a morte? Sem dúvida que é uma certeza pessoal, intransmissível e condição da nossa humanidade. Serve para nos fazer pensar, não na morte, mas na vida, pois a vida só tem sentido porque existe a morte que tudo baliza. Já Espinosa dizia: "O Homem livre pensa menos na morte do que em qualquer coisa e a sua sabedoria não é uma meditação da morte mas da vida." A morte, para os crentes, é uma ponte, uma passagem para a vida eterna e, portanto, um regresso à casa do Pai.

O mês de Março, considerado o primeiro mês do ano na Roma Antiga, é o tempo em o mundo vivo se reafirma porque não teve medo de morrer para depois poder, verdadeiramente, nascer. Nascer com a força e a beleza que transforma complemente todas as paisagens, erguendo-se a natureza das entranhas da terra e procurando o alto, a luz ao som da melodia das aves que na Primavera afinam seus cantos para cantarem e realizarem seus sonhos.

Que nós saibamos também ter a força da natureza para procurarmos a Luz que vem do Alto e que, desde sempre, espera que tenhamos os pés bem assentes na terra, os olhos postos no Céu e, com os nossos corações e mentes e o nosso trabalho possamos fazer descer um pouco desse Céu à Terra. Esta postura ajudar-nos-á a ser mais felizes, a desenvolver todas as nossas potencialidades, a vencer as nossas dificuldades e a construir pontes de ternura, amor e solidariedade com todos que a vida puser no nosso caminho. Assim, também todos os outros poderão elevar-se na sua dignidade de seres humanos e todos juntos enfrentaremos com mais alegria e sabedoria as dificuldades próprias da vida. A vida que não teme a morte...

Sara Meireles

Uma andorinha só não faz Verão

24-02-2012 15:24

 

24 de fevereiro de 2012

Não sei ao certo que orgão bombeia a razão, a crítica e a tolerância. Desconheço os canais por que costumam passar ou outros sistemas de transporte a que obedeçam. A verdade é que estão sempre lá, em cada gesto ou pensamento, numa rubrica rara e preciosamente humana. Absorvendo e reformulando o conhecimento com outros semelhantes, aproveitando as diferenças culturais e cognitivas crescemos na mesma proporção, erguemos novos valores e fazemo-nos, juntos, do tamanho dos sonhos.

Ser com o outro implica a compreensão, o esforço e a vontade. Mas também a amizade e a paz. A diferença entre uma comunidade de serenidade e progresso, junta num abstracto cordão humano ou um simples ser só que ao lado passa e de lado segue, abrindo os braços para uma vastidão que a solidão não abraça.

A Filosofia corre assim contra a inércia, invisível ao mero mundo factual, mas presente em cada ser digno de a aprender e empregar no quotidiano. Mantém actual o perene objectivo da perfeição e as linhas condutoras de uma caminhada conjunta. Não é nova esta vontade. A cada passo, porém, mais tortuoso ou pleno de simplicidade, um novo saber se impõe, a partilha de uma pequena fracção do mundo inteligível de que partimos em busca.

No debate racional e na confrontação de ideias está implícita a liberdade e a nova descoberta. Só não somos livres de sermos livres e, no respeito mútuo, essa é uma característica que tentamos canalizar num único sentido. Temos uma vontade olímpica, chispa que não se apaga, temos preferência pela 1ª pessoa do plural. Na compreensão e repensamento de tudo, num mundo em que cada acção tem um significado especial para alguém, está esse algo que circula dentro de nós, passível de transfusão universal.

Carolina Duarte

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