Reflexões

Pensamentos Existenciais VII

26-12-2011 10:43

15 – A modéstia das pessoas simples

Consideram-se pessoas simples as que, não tendo frequentado altos estudos e escolas superiores dedicadas à estruturação do Conhecimento, possuem, contudo, a experiência da vida, o reconhecimento das suas limitações e a humildade de suas dúvidas e incertezas.

Certamente que ficarão admiradas ao saber que pessoas doutoradas e evoluídas põem em dúvida o próprio Conhecimento e em causa a capacidade de pensar!

Debatem-se argumentos, contrapõem-se teorias, invocam-se razões distintas... e chegam à conclusão de não terem concluído coisa alguma!

Será, então, Tudo um contra-senso?

- Não! É, apenas, uma grande confusão, muitas vezes premeditada!

Na verdade, quando se pretende confundir Matéria com Espírito e o Natural com o Existencial, não é possível chegar a um consenso e a um perfeito entendimento!

Põem em dúvida o Conhecimento quando reconhecem a impossibilidade de adquirir Verdades Divinas; contestam a capacidade de pensar por chegarem à conclusão de não serem compreensíveis as razões da Criação; negam a Existência de Deus quando não podem vê-Lo nas suas experiências laboratoriais!...

É evidente que a ambição desmedida de Tudo esclarecer, de falsas intenções e de convicções duvidosas e perversas, só poderão trazer, como consequência, esperanças impossíveis, desilusões mentais e a angústia do existir!...

Portanto, enquanto os cientistas insistirem na pretensão de ascender e dominar o que é oculto e místico, chegarão sempre à conclusão do não saber do Homem e do não entendimento.

Assim, as pessoas simples, na sua modéstia, estarão mais próximas da Verdade, ao atribuir ao Homem o que é humano e a Deus o que é Divino e Transcendental!

Ele também reza: "Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo!"

02-11-2011 14:26

Todos os anos, celebrarmos o dia de Todos os Santos e o dia de todos os Fiéis Defuntos respectivamente, dias 1 e 2 de Novembro. Neste último, a comemoração fica envolta em saudades. Saudades daqueles que viveram entre nós; que encheram de sorrisos e de paz a nossa vida. Deles guardamos os mais simples gestos e, particularmente, quando mergulhamos na oração, sentimos os ruídos dos seus passos, o som das suas vozes…

O mês de Novembro é, deveras, um tempo de forte simbolismo pessoal e comunitário. Para além das celebrações referidas, da devoção às almas do purgatório e os ofícios de defuntos que enchem as nossas igrejas, é o tempo outonal que convida a um maior recolhimento. Na onda dessas diversas comemorações e na evidência de uma natureza que se vai despojando dos seus adornos, o homem criado à imagem e semelhança de Deus depara-se com motivos suficientes para uma reflexão serena e, ao mesmo tempo, adulta, sobre as realidades últimas: a santidade de Deus e a nossa vocação à santidade, a finitude da nossa existência, a morte, a eternidade, a relação com os nossos mortos, o encontro definitivo com Deus…

O recolhimento sadio imerge-nos no que há de mais profundo, mais essencial e mais elevado no ser humano: a sede de Deus. "Como a noite esconde da sua escuridão o desejo que tem da luz e como a tempestade aspira secretamente pela calma que sucederá à sua fúria assim nas profundidades inconscientes do coração humano ressoa o grito": "Eu desejo a Ti, somente a Ti"! Todavia, acontece que o homem, e até o homem crente, que se identifica por cristão católico, ou membro do corpo místico de Cristo, não raras as vezes, em vez deste grande desejo, anseia o sangue, o escândalo, a difamação, a mentira. Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo! Reza o salmo 41; repetem-no os crentes em Deus, rezamo-lo, nós os cristãos. Infelizmente, não raras as excepções, vem ao manifesto, a grande dicotomia: proclamar com a língua e viver como abutre. Procurando avidamente o bicho morto, a saber a podre, em vez de procurar o ser vivente, o belo, o maravilhoso, a verdade, o Deus vivo… diante de um possível cenário fúnebre, eis que os abutres, não esperam por mais… abeira o momento favorável para o ataque, accionemos os sinos da torre, pois está em vista, carcaças e mais carcaças para o manjar. Como é actual o salmo 54: "…Se me tivesse ultrajado um inimigo, eu poderia suportá-lo; se contra mim levantasse quem me odeia, desse eu poderia esconder-me. Mas tu, um homem como eu, meu amigo e confidente, com quem eu partilhava conselhos agradáveis, com quem eu ia feliz para casa de Deus!" Emergidos no cenário do Outono e à luz das grandes comemorações – Todos os Santos e Todos Fiéis Defuntos – sejamos vigilantes e prontos para accionar "os sinos" com o anúncio: "Procurai, antes, o reino de Deus, e o resto vos será dado por acréscimo. Não temais, pequenino rebanho, porque aprouve ao Pai dar-vos o reino" (Lc 12,31-32).

 

P. Ilídio

Pensamentos Existenciais VII

02-11-2011 14:24

11 - A estratégia da vida animal

 

A vida animal é um jogo dependente duma estratégia. Cada ser vivo desenvolve a sua e utiliza as “armas” que possui para sobreviver.

É o jogo do gato e do rato, da presa e do predador, da caça e do caçador...

Portanto, nas cadeias alimentares da Natureza, há seres que são sacrificados para a sobrevivência de outros – é a lei da vida biológica.

Na estratégia de sobrevivência, no mundo animal, está implícita a luta constante onde as dores e o sofrimento de uns são as alegrias e o sucesso de outros!

Porém, estas noções sofrem profundas alterações quando entram em confronto com as características da natureza do Homem e o privilégio da racionalidade que recebeu para o seu desenvolvimento cultural e a evolução do seu espírito.

Deste modo, o Homem, embora tenha que sacrificar, por vezes, outros seres para a sua sobrevivência, tem o dever, inerente à sua condição de ser inteligente, de evitar o sofrimento desnecessário aos outros animais! Nem por simples teoria, sequer, deve aplaudir ou fomentar lutas entre animais que só existem para gáudio dos desocupados e sadismo dos transviados da Moral e da consciência do existir e do viver!

Ninguém pode arrancar a alegria que nasce do encontro com o Ressuscitado!

17-10-2011 18:34

“O serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade e a cada pessoa individualmente em busca das profundas razões para viver a própria existência em plenitude é o compromisso de levar a todos o anúncio do EVANGELHO, com “o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora”.

Esta é a graça e a vocação própria da Igreja (…) ela existe para evangelizar”.

Este dom-compromisso é confiado não apenas a alguns mas sim a todos os batizados, que são “raça escolhida… nação santa, povo adquirido por Deus” (Pd2,9) para que proclame as suas obras maravilhosas” (Mensagem do Santo Padre, 85º Dia Mundial Missionária).

 Caros fiéis, nós Igreja, que nos identificamos como povo de Deus, Sacramento da comunhão, sinal de salvação para todos os povos, não podemos ficar indiferente ao seu axioma base: Evangelizar, isto é, fazer uma oferta convincente e significativa da forma de vida de Jesus. Proclamar que a utopia do “homem novo” encontra a sua plena realização em Jesus.

Pais, catequista, comunidade cristã… este é o nosso desafio: viver e proclamar o Evangelho! Urge fugir do perigo de sermos os eternos “frigoríficos”, despertando para o pior, para o desânimo… Ninguém pode arrancar a alegria que nasce do encontro com o Ressuscitado! As primeiras comunidades não são perfeitas…, mas os primeiros cristãos são “caloríficos”: despertam nos outros o que neles há de melhor!

Alguém dizia que as coisas mais profundas e essenciais não se fazem por obrigação nem por dever, mas por livre decisão, por livre resposta a um convite, a uma proposta, a um olhar, a um sussurro... “Rabi – que quer dizer Mestre – onde moras?” Ele respondeu-lhes: “Vinde e vereis.” Ou, como aconteceu com Mateus: “Saindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na cobrança de impostos, e disse-lhe: “Segue-me”! Ele levantou-se e seguiu Jesus” (Mt9,9).

P. Ilídio

Despedimo-nos uns dos outros muitas vezes

17-10-2011 18:33

Leituras Partilhadas – LI

Começo por pedir desculpa por voltar ao contacto com o leitor amigo. De facto no último jornal na rubrica contradições, despedia-me destas páginas. Muitos me fizeram chegar ressonâncias e alguns disseram-me que a minha despedida era precipitada. Houve mesmo quem confundisse uma despedida das páginas do jornal como se estivesse a ser uma despedida à vida. È isso que me dá coragem para voltar e faço-o de novo através de alguém que digitaliza este texto. Quanto às páginas do jornal, tenciono voltar, se houver disposição, assunto que me pareça de interesse e as mãos amigas de alguém que me queira ajudar. Quanto à despedida da vida quero apenas dizer-vos, como já disse, que entrego nas mãos de Deus e que não estou absolutamente preso a coisa alguma. Talvez por isso queira partilhar hoje convosco um texto de José Tolentino Mendonça que alguém me fez chegar e que traduz muito do que sinto:        

“A despedida talvez seja a parte mais difícil da esperança. Não se pode dizer muita coisa. Acho que aprendemos devagar, por vezes com muito custo, por vezes mais serenamente, e ambas as coisas estão certas. Parece que há uma tradição russa que diz que antes de partir, ficávamos junto uns dos outros, por uns instantes, em puro silêncio. E depois despedíamo-nos de um modo leve, quase alegre, como se não nos fôssemos realmente ausentar. Aqueles instantes de silêncio, porém, tinham atado os nossos corações com uma força que raras palavras teriam. Quando nas despedidas da vida nos parece que ficou, inevitavelmente, alguma coisa ou quase tudo por dizer, é bom pensar naquilo que o silêncio disse, ao longo do tempo, de coração a coração. Talvez o que de mais significativo somos capazes de partilhar não encontra no mundo linguagem melhor do que o silêncio.

Mesmo quando achamos que não nos despedimos, a verdade é que no fundo despedimo-nos muitas vezes. E isso é maravilhoso. A vida deu-nos isso. Termo-nos visto uns aos outros partir e regressar, dizer adeus e olá com a certeza de que nada se interrompe, voltar a ouvir mil vezes a voz dos que amamos, prolongando assim o extraordinário, o interminável encontro.

Precisamos também do socorro de outras palavras, e elas chegam se as quisermos ouvir. Vêm em nosso socorro essas palavras maiores, que não são para compreender talvez, mas que nos seguram enquanto certas despedidas (sobretudo as mais dolorosas) desprendem o seu vazio lentíssimo. (..)

Acredito muito naquilo que Raul Brandão deixou escrito: «Nós não vemos a vida – vemos um instante da vida. Atrás de nós a vida é infinita, adiante de nós a vida é infinita. A primavera está aqui, mas atrás deste ramo em flor houve camadas de primaveras de oiro, imensas primaveras extasiadas, e flores desmedidas por trás desta flor minúscula. O tempo não existe. O que eu chamo a vida é um elo, e o que aí vem um tropel, um sonho desmedido que há-de realizar-se. E nenhum grito é inútil, para que o sonho vivo ande pelo seu pé».

Porventura o mais fecundo não está na pergunta: «porque é que eles partiram?», mas nessa outra que levaremos a vida a responder, e sempre em total gratidão: «porque é que eles vieram?».”

José Tolentino Mendonça

In Diário de Notícias da Madeira

02.10.11

Também para mim foi um lenitivo ouvir ler quem expressa de forma tão expressiva e bela aquilo que me vai na alma. Não podia deixar de partilhar.

  6/10/2011- P. Armando Tavares (alves.armandotavares@gmail.com

 

Dia Mundial das Missões - Ressonâncias da Mensagem Pontifícia

17-10-2011 18:32

Este ano o Dia das Missões celebra-se no próximo dia 23 de Outubro. Para essa ocasião, o Santo Padre Bento XVI enviou uma Mensagem a toda a Igreja que, “enviada por Deus a todas as gentes (…), procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens” (Ad Gentes, 1).

Citando o versículo do Evangelho de S. João “como o Pai me enviou, também Eu vos envio” (Jo 20, 21), o Santo Padre introduz o tema, recordando o seu saudoso predecessor, o Venerável Papa João Paulo II, sublinhando “a necessidade de renovar o compromisso de levar a todos a animação do Evangelho com o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora” (Carta Apostólica Novo Milenio Ineunte, 58), acrescentando, de seguida, que “o anuncio incessante do Evangelho vivifica também a Igreja, o seu fervor e o seu espírito apostólico…”.

Depois da introdução do tema desenvolve quatro pontos:

Primeiro: “IDE E ANUNCIAI”

Neste primeiro parágrafo, reiterando o mandato universal de Jesus ressuscitado “Ide e ensinai…” (Mt 28, 19), salienta que é na liturgia e mormente na celebração da Eucaristia que ele se realiza. A liturgia é sempre um chamamento “do mundo” e um novo envio “ao mundo”.

Segundo ponto: Destinatários: TODOS

Recorrendo ao decreto sobre a actividade missionária da Igreja escreve: “A obra da Igreja em adesão à Palavra de Cristo e sob o impulso da Sua graça e da Sua caridade faz-se plena e actualmente presente a todos os homens e a todos os povos para os conduzir à fé de Cristo” (Ad Gentes, 51). De seguida realça a urgência e a necessidade da Missão recordando João Paulo II “A Missão de Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu cumprimento…Uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal missão está ainda no começo e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço” (Missão do Redentor, 1) e termina este segundo ponto com uma reflexão preocupante, não apenas, porque, após dois mil anos, ainda existem povos que não conhecem ou não ouviram a Mensagem de Cristo, mas também porque aumentou “o número daqueles que, embora tenham recebido o anuncio do Evangelho, já o esqueceram e abandonaram, já não se reconhecem na Igreja; e muitos ambientes também, em sociedades tradicionalmente cristãs, são hoje resistentes a abrir-se à Palavra da Fé”.

Terceiro ponto: CORRESPONSABILIDADE DE TODOS

Neste terceiro ponto fica bem claro que a missão deve empenhar a todos como escreve o Santo Padre “A Missão universal empenha a todos, tudo e sempre. O Evangelho não é um bem exclusivo de quem o recebeu, mas constitui uma dádiva a compartilhar, uma boa notícia a comunicar. Este dom-compromisso é confiado não apenas a alguns, mas sim a todos os baptizados, que são “a gente escolhida… a nação santa, o povo que Ele adquiriu” (1ª Pd 2,9), para que proclame as suas obras maravilhosas”.

Refere, seguidamente, a importância “de todas as actividades e de toda a cooperação para a obra evangelizadora da Igreja no mundo”, destacando entre essas o dia Mundial das Missões que “não constitui um momento isolado no curso do ano mas é uma ocasião preciosa para nos determos e meditarmos se e como respondemos à vocação missionária: uma resposta essencial para a vida da Igreja”.

Quarto ponto: EVANGELIZAÇÃO GLOBAL

Neste último ponto o Santo Padre refere-se à complexidade da Evangelização que abrange vários elementos. Em primeiro lugar a solidariedade (o sublinhado é nosso) que é uma das finalidades das obras Missionárias Pontifícias para angariar fundos “para apoiar Instituições necessárias para estabelecer e consolidar a Igreja por meio dos catequistas, dos seminários e dos sacerdotes; e também oferecer a própria contribuição para o melhoramento das condições de vida das pessoas em países onde são mais graves os fenómenos de pobreza, sub alimentação – sobretudo infantil -, doenças, carência de serviços médicos e para a educação” e para reforçar esta missão da Igreja recorda o que a esse propósito escreveu o Papa Paulo VI: “que na Evangelii Nuntiandi diz que não devem descuidar-se os problemas temporais da humanidade o que significaria “ignorar a doutrina do Evangelho sobre o amor ao próximo que se encontra em necessidade”; e também “não estaria em sintonia com a missão de Jesus Cristo que passou pelo mundo fazendo o bem ensinando nas sinagogas pregando a Boa Nova do Reino e curando todas as doenças e enfermidades” (Mt 9,35).

O Santo Padre conclui o penúltimo parágrafo da Mensagem para o Dia Missionário Mundial apelando a todos os fiéis à “participação corresponsável na Missão da Igreja” e tornando-se assim construtores “da comunhão, da paz, da solidariedade que Cristo nos concedeu”.

Os desafios que ela encontra chama os cristãos a caminhar juntamente com os outros.  Apela ainda à unidade quando convida “os cristãos a caminhar juntamente com os outros” para colaborarem “na realização do plano salvífico de Deus para toda a humanidade”

Que o dia Mundial das Missões sirva para que cada leitor descubra a sua vocação missionária!

J. Francisco

Seja Caloiro com Moderação

17-10-2011 18:31

Era uma vez uns pequenos monstros que sonharam subir a escada da sabedoria, tendo terminado com aproveitamento o período de gestação no leito escolar. Estas pequenas criaturas indefesas, almas ingénuas por sinal, sonhadores de peito aberto às aventuras futuras, cursos elegeram e neles ingressaram.

Não estranhemos passar por estes dias junto dos grandes centros académicos e depararmo-nos com seres de faces pintadas, protagonizando enredos teatrais, fazendo flexões, cantando em decibéis próximos do berro e apresentando-se com elevados índices de sujidade. Chamam-lhes caloiros e por aí andam, presas fáceis dos excelentíssimos veteranos que, contrariando uma enorme vontade de aprender, faltam às aulas para cuidar dos novos colegas.

Mas o que têm essas frágeis almas de especial para atrair tamanho alarido? Avançará a economia portuguesa, por meados de Outubro, através desta ávida produção de penicos e orelhas de burro, indispensáveis adereços da praxe académica? Ou terão os caloiros qualquer tipo de característica intrínseca irresistível? Talvez depois de uns bons ovos e farinha possam saber a bolo, mas a economia prefere que acabem o curso antes da reforma.

A desculpa, que tanto tem de plausível como de esfarrapada, é de que a praxe é um modo de integração, de conhecer os novos colegas. Mas colocam-se dois problemas conceptuais: praxe assemelha-se a quartel, que difere de convívio e integração implica espírito académico, que em muitas cabeças mais não é que a união dos três estados físicos… O fumo do tabaco e a líquida cerveja dão o nó numa sólida “pedrada”.

Felizmente, ser caloiro e ser responsável não é, de todo, um matrimónio impossível. Basta autonomia e força de vontade para saber que rumo dar aos acontecimentos e esse é o primeiro grande teste dos novos universitários. Afinal, a passagem destas personagens a pessoas normais e correntes é uma transformação básica. Basta agir racionalmente e, quando nos corredores da faculdade, fingir que se sabe para onde se está a ir.

Carolina Duarte

Gostava de ser feliz e não sabe como?

17-10-2011 18:31

A solução é viver cada dia em plenitude, sem aflições ou preocupações mas sim com muitas ocupações…

A cada dia seu cuidado, cumprir o pequeno dever de cada instante e agarrá-lo porque nosso é somente o presente, esse fluir de breves e irrepetíveis momentos.

O ontem já lá vai e o amanhã ainda não chegou nem sabemos se chegará para cada um de nós.

Nada justifica andarmos angustiados ou ansiosos por algo que não existe e, se um dia vier a existir será, certamente, diferente, pois terá outros matizes e novos contextos.

O que importa é o Hoje, a capacidade de viver cada momento cumprindo o nosso dever sem adiamentos, falsas desculpas ou vãos projectos.

Aqui e agora é tudo o que possuímos, cada dia é único na nossa vida, nenhum é igual mas todos diferentes.

À mística do oxalá devemos dizer não, o passado já lá vai e, por vezes, a nossa imaginação é inimiga e engana-nos com fantasias ou falsas recordações que ampliam ou deformam a realidade e nos projectam para longe do que somos e do que temos.

O desânimo não pode fazer parte de nós e as preocupações só aumentam a dificuldade e diminuem a capacidade de cumprir o dever do momento: fazer o que se deve e estar no que se faz de sorriso confiante é uma forma mágica para rentabilizar o tempo, poupar energias.

Abracemos a vida que vai passando e não torna a voltar, tal como as águas de um rio que deslizam rumo à foz e não retrocedem, tal como as rosas, assim os dias, não se repetem…

Maria Susana Mexia - Professora

Pontos de Vista

17-10-2011 18:25

De pequenino…

 

Ao longo da vida, já perdi a conta à quantidade de vezes que ouvi os argumentos de pais que abdicaram de ter mais filhos por razões económicas. Há mesmo aquela frase clássica: “Quero poder dar-lhe o que nunca tive e que nunca tenha de passar os sacrifícios que enfrentei.” Em tempo de crise económica, voltei a ouvir este argumento com insistência e até amigos que vivem com rendimentos muito acima da média me confessaram recentemente sentir, face ao contexto internacional, “algum arrependimento” por terem tido filhos, já que os sujeitam a enfrentar dificuldades até há pouco impensáveis.

Percebo o argumento, claro: se me perguntassem o que quero para os meus filhos, diria que quero o melhor. Não tenho dúvidas de que eles vivem com mais do que eu tinha na idade deles, mas não há certeza de que assim venha a acontecer no futuro. Até há poucos anos acreditámos numa espécie de milagre de constante crescimento da economia e criou-se a ideia falaciosa de que o futuro seria sempre um aperfeiçoamento do presente. Sentir que o mundo inverteu o sentido e começou a recuar assusta, claro.

Por mais que queiramos poupar os filhos do bicho papão da crise, não acho que pintar-lhes um mundo cor-de-rosa seja a melhor solução. Nem acho que facilitar-lhes a vida seja o melhor que podemos fazer por eles – muitas vezes ensinar-lhes o quanto é difícil conquistar algo pode ser o caminho mais valioso para o futuro. Ao longo da vida vão descobrir que não têm (a todos os níveis) tudo aquilo com que sonham. Por que não começarem a percebê-lo desde miúdos?

A Sara descobriu este Verão que nem todas as pessoas podem ter férias. “E ficam sempre em casa, mãe?”, perguntou-me com ar espantado. Com o tempo espero que ela se aperceba, sem dramatismos nem discursos moralistas, da multiplicidade de tons do mundo que a rodeia. Estes dias dei-me conta que lhe tenho transmitido mais a noção de poupança do que eu própria pensava. No fim-de-semana agarrou uma folha de papel onde escreveu um “texto inventado por Sara”. O tema? “Como se pode poupar.” Deixo a sapiência de uma miúda de 7 anos:

“Para se poder poupar não se pode comprar tudo o que queremos. Só se compra o que é mesmo necessário, como roupa, comida, loiça e escolas para os filhos. Só isso.” Às vezes não chega, mas para começo de conversa não me parece mal.

M. I. C.

 

Pensamentos Existenciais VII

17-10-2011 18:25

10 - O Dilema Divino

 

Depois de denunciada a inferioridade das ciências exactas no campo existencial e a limitação do nosso espírito, mesmo do mais evoluído, quando pretendemos entrar na compreensão transcendental da Criação, chegamos a uma encruzilhada de dúvidas e de incertezas que merecerão, às pessoas responsáveis e conscientes do existir, a mais profunda meditação!

            E valerá bem a pena reflectir nos problemas místicos da Existência porque, ser ateu sem argumentos válidos, será pura demagogia e insensatez; mas, ser crente sem convicções, terá bem menos senso que ser consciente das responsabilidades inerentes aos dons intelectuais que recebemos e ao papel que, segundo as probabilidades lógicas da Existência, nos terá destinado o Criador.

             Então, sem o apoio das Ciências e a insuficiência da nossa racionalidade, resta-nos o caminho da Fé e o êxtase da Alma, na contemplação da Obra da Criação, Omnipotente e Superior, que pressupõe uma finalidade programada e consciente!

            Assim, Deus, ao conceber a Sua Obra, na Sua Estratégia Divina, terá deixado à Humanidade apenas dois caminhos, totalmente divergentes, e dado ao Homem a capacidade mental de reflectir e o dilema de escolher: ou ama o Existir, é grato à Criação, abre as portas aos valores do Espírito e deixa entrar Deus na sua intimidade; ou é ingrato à Existência, vive submetido aos poderes da Matéria e aos encantos da vida mundana, repudia os valores do Espírito e permanece ateu eternamente!...

Prof. Fernando Santiago Domingos

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