Reflexões

O Nosso “Senhor Vigário III - O “construtor”

24-08-2011 16:00

 Apesar da sua intensa actividade pastoral ainda lhe sobrou tempo para edificar lugares de culto dignos em diversas aldeias e de restaurar alguns dos existentes. Não me vou demorar a lembrá-los todos até porque os conhecemos. Depois foi edificação do edifício anexo à igreja matriz com infra-estruturas para a catequese e Livraria Paroquial e a restauração da própria igreja. Ainda me lembro de um dia ter desabafado comigo: “Alguns criticam-me por eu não ter restaurado primeiro a igreja mas, se apanhassem a igreja restaurada depois já não ajudavam para a construção desta obra que faz tanta falta como a igreja”. Só à custa da generosidade de alguns, do trabalho voluntário de muitos e da sua própria teimosia foi possível levar a bom termo essas obras. Vi-o, de mãos a sangrar, agarrado à picareta… Ao lado de algumas capelas, irão também surgir centros sociais paroquiais como o das Moitas, Pergulho ou Vergão.

 A consciência de que “sem cultura não há pão”, levaram-no a acolher de bom grado e com entusiasmo a proposta de um grupo de proencenses, com o Sr. Armando Martins à frente, para a construção de um colégio onde os filhos desta terra pudessem estudar. Não só aceitou a proposta mas ele próprio deu a cara pela construção de um edifício com essa finalidade. Antes que tão ingente tarefa levasse ao desânimo, apressou-se a lançar as bases com o funcionamento dos primeiros anos em instalações anexas à Igreja da Misericórdia. Foi professor, deslocou-se a Coimbra à procura de professores que aqui quisessem leccionar, deu a cara pelos empréstimos necessários… Nesse tempo já eu era um jovem seminarista e passava a maioria do ano fora. Nas férias, preso na aldeia ao trabalho agrícola, mal me apercebia do que acontecia na vila. No entanto, ouvi tantas vezes o P. Alfredo contar-me o que aconteceu que me ficaram na memória muitas das angústias e alegrias desse tempo. Posso afirmar que o Colégio Diocesano era a “menina dos seus olhos” e a concretização do sonho de uma formação da nossa juventude de base verdadeiramente humana e cristã. Foi por isso que sofreu imenso com todo o processo “revolucionário” de transição do colégio para o ensino oficial. Ordenado sacerdote em 1974, vivi os meus três primeiros anos de sacerdote nesta terra e era professor no colégio, também um dos saneados pelos militares da 5ª divisão, quando se deu essa transição. Seria um nunca mais acabar e talvez pudesse ferir ainda algumas sensibilidades se falasse disso. O P. Alfredo nunca se convenceu da impossibilidade e até da inutilidade de restaurar o ensino particular em Proença. A degradação a que chegou o edifício que lhe tinha custado tanto suor e lágrimas foi uma dor para ele. Podíamos dizer que “morreu com o colégio atravessado” embora lhe tenha servido de algum conforto o facto de, nos últimos tempos da sua vida, ir ouvindo notícias do restauro que resultou no belo edifício em que nos encontramos.

Encontro partilhado de amor-amizade

24-08-2011 16:00

 (Celebrar 61anos de idade e 37 de sacerdócio)

       

 Um grupo de amigos do Padre Armando deu-lhe um presente singular: organizou um encontro no seminário do Preciosíssimo Sangue, no dia 23 p.p.. Muitos casais jovens levaram os seus filhos. Ao chegar da Matriz, o festejado deu com aquele mar de gente que o recebeu com palmas e faixas de boas-vindas. Houve almoço e, ao longo de toda a tarde, como quem gosta de saborear a amizade, seguiram-se jogos, canções, vídeos, testemunhos orais e escritos, orações e lágrimas. Terminámos com a celebração da Eucaristia presidida pelo Padre Armando.

No decorrer desta tarde intensa, pudemos testemunhar como os Amigos floresceram nas muitas actividades pastorais desenvolvidas, nestes 37 anos de sacerdócio. Na sinceridade do coração, «A amizade é uma fonte de vida».

Que bom foi vê-los, tantos com os filhos, alguns bem pequerruchos, em tudo o que fizeram e disseram. É um bem precioso poder experimentar como aqueles que tocam o nosso íntimo, podem mudar a nossa vida e mitigar a nossa dor.

Ali me lembrei das palavras «É belo ser de Deus e conjuntamente do mundo; é belo esperar e estar com o amigo, porque tudo se encaminha para um sentido luminoso e positivo, na finitude e no infinito.»

Ali pulsou um coração plural, alimentado e animado pelo amor-amizade, pela beleza de crer, onde a fé no Divino fez florir o humano, nas palavras e nos gestos, na emoção e nos afectos.

A todos os que participaram, e aos que estiveram em espírito, que Deus vos recompense. BEM-hajam pela vossa pertença à vida do nosso querido Padre ARMANDO.

Como Marta e Maria, nós Te dizemos, Senhor, o nosso amigo e irmão está doente.

Férias, mesmo que seja do tipo caseiro!

16-08-2011 11:05

 O Homem do nosso tempo como o de outrora precisa de fiéis católicos para dar vida e ajudar a viver aquelas sábias e vivificantes palavras do Beato Papa João Paulo II: “Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!”

No dia 24 de Julho, domingo, creio que 53 jovens deixaram-se levar por esta exortação: “escancarai as portas a Cristo”. Assim, foram confirmados, isto é, disseram sim, nós cremos em Ti, meu Deus; dá-nos o teu Espírito Santo, para que nós Te pertençamos totalmente, que nunca nos separemos de Ti e Te testemunhemos com o corpo e com a alma, durante toda a nossa vida, em obras e palavras, nos bons e nos maus dias! Foi com esta aptidão e abertura, mediante o sinal da imposição das mãos e da unção com o Crisma, que obtiveram a força para testemunhar o amor e o poder de Deus com palavras e actos. Eles são agora membros legítimos e responsáveis da Igreja Católica. Ou vão desperdiçar o Dom que receberam? Neste tempo de confusão sobre o valor da oração, da magnanimidade da fé, da natureza da Igreja que leva, muitas vezes, a um profundo vazio existencial, convido a todos estes jovens… a animar o DOM que receberam e nunca deixar de difundir o “bom perfume de Cristo”!

Ao falar de DOM, gostaria de recordar ou homenagear os meus colegas da equipa ou de presbitério que neste mês completaram mais um ano sacerdotal. E porque sabemos que a Igreja funciona à semelhança do corpo humano que tem por cabeça Cristo Jesus, não ficaria bem, se todos os nossos paroquianos, amigos e leitores se associassem comigo para dar os parabéns aos padres José Luís Francisco, Armando Tavares e Virgílio da Mata que neste mês completaram, sucessivamente 40, 37 e 7 anos de vida sacerdotal. E ainda, em uníssono, parafrasear o apóstolo São Paulo: Caríssimos: Exortamo-vos a reavivar a chama do dom de Deus que receberam pela imposição das mãos do bispo do respectivo momento histórico da vossa ordenação. Para terem sempre aquele espírito que Deus sempre dá aos ordenados: espírito de fortaleza, de amor e sobriedade.

Uma vez que chegámos ao fim do ano pastoral, a nossa equipa sacerdotal - padres e diáconos - agradece a todos aqueles e aquelas que não pouparam energia para nos ajudar a impelir a nossa barca rumo a bom porto. Sabemos que dedicaram muito do seu tempo e entusiasmo ao serviço dos outros, para além das suas obrigações profissionais e familiares. Muitos, certamente, sem oportunidade nem serenidade para interrogar sobre o profunda razão do serviço em prole da comunidade.

Ora, felizmente muitos têm a oportunidade de gozar umas férias. Mesmo que estas sejam do tipo “caseiro” são oportunas para se libertarem da rotina e pressão da responsabilidade e olharem no interior de si mesmo. Estas férias, sendo vividas de forma inteligente, isto é, com espaços para respirar, usufruir de gestos pessoais, quer no contacto com a natureza, quer com a família, amigos, particularmente Cristo Jesus, levam-nos a retemperar as forças e retomar a vida digna de pessoa, imagem e semelhança de Deus. Eis o tempo favorável! Retempere as suas forças!

Como habitual, a redacção do nosso Jornal não publica o número de 10 de Agosto, assim desejamos, se é o caso, boas férias aos nossos estimados assinantes e leitores renovando mais uma vez o convite para a festa dos 57 anos do nosso Jornal a fazer história e memória do Concelho de Proença-a-Nova, a realizar-se no dia 13 de Agosto. Desde já, bem-haja pela sua presença e colaboração!

P. Ilídio Graça

Pontos de Vista - Os excessos dos media

16-08-2011 11:04

 O escândalo das escutas ilegais que levou ao encerramento do tablóide britânico News of The World não pode deixar de merecer reflexão. Desde logo porque demonstra o que tecnicamente se sabe que é simples nos dias que correm: basta querer para escutar conversas alheias. Uma simples pesquisa no Google faz surgir uma lista de aparelhos de baixo custo, usados por detectives ou por simples curiosos, que permitem com facilidade interferir numa chamada telefónica. Em Portugal têm surgido constantes casos e suspeitas de escutas abusivas, tanto no seio das polícias e serviços de segurança como por vias “amadoras”, e o problema tenderá a densificar-se à medida que as tecnologias disponíveis se multiplicam.

A par da questão tecnológica, surge o problema legal e deontológico. Quando a direcção de um jornal considera legítimo escutar personalidades políticas, familiares de vítimas de atentados e até interferir em investigações policiais, apagando mensagens de telefone de pessoas desaparecidas, estão eliminadas todas as fronteiras que deveriam orientar o trabalho dos profissionais dos media.

Nos comentários que se seguiram ao escândalo, li colunistas argumentando que se o caso se tivesse passado com um jornal português, provavelmente os outros se calariam, numa atitude corporativa. Duvido. Nas redacções todos os dias há atropelos ao código deontológico – e basta ver os telejornais ou abrir os jornais para o perceber – mas o exagero ou a dramatização dos problemas nunca me pareceu o melhor caminho. 

Claro que haverá, certamente, quem argumente que se em Portugal não se utilizam estes esquemas é apenas porque não há capacidade económica para o fazer. Os grupos de media vivem tempos difíceis e não pagam, por baixo da mesa, as quantias de que se ouve falar lá fora. Talvez. Ainda assim, acredito que a conhecer-se um escândalo desta natureza, haveria uma reacção violenta da classe. A pressão por notícias bombásticas, a exigência económica de vender notícias, faz muitos profissionais esquecerem princípios, mas ainda há muitos jornalistas atentos e que nas redacções mantêm um debate interno imprescindível para que o bom senso (pelo menos esse) não se perca.

As redacções sempre foram espaços de liberdade. Hoje a pressão económica e a precariedade do emprego ameaçam essa liberdade, mas não será saudável pintar o quadro mais negro do que ele é. Continua a discutir-se a utilização abusiva de imagens chocantes, a identificação de menores, a utilização de informações sujeitas a segredo de justiça ou a utilização excessiva de fontes anónimas. E enquanto houver debate interno, há abusos evitados ou travados a tempo. O que se espera é que esse debate nunca se perca.

M.I.C.

Pensamentos Existenciais VII - 6 - O Egocentrismo

16-08-2011 11:01

 A palavra “egocentrismo” é formada por dois elementos latinos: “ego”, eu e “centrum”, centro e significa o estado de espírito do indivíduo que se julga o centro do mundo que o rodeia.

Este sentimento brota do instinto de conservação, intimamente associado à natureza biológica e é comum a todos os seres vivos. As próprias raízes das plantas lutam, entre si, debaixo da terra, com as raízes das outras que tentam invadir o seu espaço.

O egocentrismo humano nota-se com maior evidência na primeira infância das crianças: todos os brinquedos são dela e reclama todas as atenções para si. Este sentimento vai desaparecendo, logo que entra na escola e começa a conviver, a angariar amizades e a desenvolver o espírito de solidariedade.

Porém, quando o egocentrismo se prolonga, converte-se em egoísmo exacerbado – estado de espírito deplorável de pessoas que só tratam de si e cuidam, apenas, dos próprios interesses!

Este estado de alma é característico de pessoas medíocres, fracas de espírito e, poderemos, mesmo, dizer, imaturas! Por isso, revelam-se incapazes de crescer na sua personalidade e de se adaptar às vicissitudes da vida em sociedade!

Os sentimentos e interesses das pessoas vão evoluindo, de acordo com a sua personalidade. Esta está dependente da natureza genética, do sistema neurocerebral e da formação do indivíduo.

Sabemos que não há duas pessoas com o mesmo código genético, com a mesma capacidade mental e com formações iguais.

Daqui resulta, necessariamente, que, além dos egoístas, existem no Mundo pessoas dedicadas aos outros que chegam a atingir, por vezes, níveis de altruísmo!

Que diferença entre um louco mental que mata por sadismo o seu semelhante e o homem que arrisca a sua vida para salvar a vida do outro!

Portanto, embora tenhamos que viver com o genoma e o sistema neurocerebral que recebemos, somos responsáveis pela nossa educação, pela formação da nossa personalidade e pela sublimação do nosso espírito.

Deus deu ao Homem a capacidade de evoluir. Cabe a cada um de nós rentabilizar os dons divinos que recebeu e procurar cumprir, com escrúpulo e devoção, o papel que nos é proposto no seio da Criação.

Fernando Santiago Domingos

 

“Sacramentos: forças que saem do Corpo de Cristo”

18-07-2011 15:43

 Neste período do ano, propício à celebração das grandes festas, permitam-me saudar, felicitando particularmente os nossos assinantes e amigos que se preparam ou que já receberam os grandes sacramentos da Igreja, nomeadamente o Matrimónio e o Baptismo. E nesta linha também me dirijo aos nossos paroquianos e a todo o povo de Deus. É super importante que todos os filhos de Deus, isto é, que todos nós os Baptizados entendamos os Sacramentos da Igreja, os Sacramentos que recebemos e celebramos. A minha intenção aqui, para além de manifestar a minha alegria e amizade àqueles que se abriram com fé e entusiasmo aos Sacramentos, é despertar nos fiéis, mergulhados nas ondas de desânimo e futilidade, o amor aos sacramentos. Quem habitualmente participa na celebração dos Sacramentos, não só na Eucaristia dominical mas também no Baptismo… certamente está sensível àquela linguagem rica de símbolos e de imagens capazes de falar imediatamente ao coração. Contudo, se ainda não está sensível a esta linguagem, chegou a altura, parafraseando S. Paulo, de despertar do sono porque a noite vai adiantada e aproxima-se o dia. Porventura não é verdade que conhecemos realmente só quem e aquilo que amamos? E isto é válido sobretudo para o conhecimento de Deus e dos seus mistérios, que superam a capacidade de compreensão de nossa inteligência. Só conhecemos Deus se o amamos!

Os Sacramentos são forças que saem do Corpo de Cristo, sempre vivo e vivificante, acções do Espírito Santo. No dia 24 de Julho, meia centena de jovens das nossas paróquias vão festivamente receber o Sacramento da Confirmação, isto é, vão assumir com o Espírito Santo a missão de difundir o “bom perfume de Cristo”. É importante reconhecer como é importante e indispensável para cada cristão a vida sacramental na qual o Senhor através desta matéria, na comunidade da Igreja, nos toca e nos transforma. Desafio particularmente estes jovens crismandos e todos os fiéis que intuem a força e a beleza dos sacramentos a dar relevo ao aprofundamento desta matéria. O catecismo da Igreja católica assim como o compêndio, (fácil de adquirir na nossa livraria), para além de nos oferecer um quadro sistemático dos sacramentos, oferece-nos também o quadro completo da revelação cristã, que devemos aproveitar com fé e gratidão.

Neste domingo, 10 de Julho, envolvidos pelo sol do verão, concretizamos as promessas de 22 escuteiros do nosso Agrupamento 157. A envolvência da praia fluvial do Carvoeiro, a liturgia eucarística e toda a mística das promessas, apoiada e participada pelos familiares e o Agrupamento de Estremoz, apoiam o que disse atrás e convidam os fiéis a fazer o caminho da descoberta da Liturgia como uma maravilhosa sinfonia que nos fala de Deus e do seu amor que solicita a nossa adesão firme e resposta laboriosa.

Neste momento histórico em que a conjuntura social parece confusa e medonha, nas horas de trabalho como nos seu ritmos frenéticos e nos seus períodos de férias, temos de reservar momentos para Deus, abrir-lhe a nossa vida, dirigindo-lhe um pensamento, uma reflexão, uma breve oração e principalmente não podemos esquecer que o domingo é o dia do Senhor, o dia da liturgia para vislumbrar na Palavra de Deus… a própria beleza de Deus, deixando-O entrar no nosso ser.

P. Ilídio Graça

Educar é ver mais longe

13-07-2011 14:47

 Nota Pastoral sobre EMRC

 Nota Pastoral do Bispo de Aveiro sobre as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC)

1.O mês de Junho é para as escolas e para quantos nelas estudam e ensinam o mês de avaliação do ano lectivo que termina e o mês de matrículas em ordem ao novo ano que vai começar. É o mês de exames de avaliação para aferir o passado e o mês de projectos educativos para desenhar o futuro. Devia, por isso mesmo, ser mês de festa e de alegria, de gratidão e de esperança.

O que se vive e celebra nas escolas reflecte-se nas famílias e nas comunidades. A escola não é indiferente ou marginal a nada nem a ninguém na comunidade em que está inserida. O que ali se ensina e aprende, realiza e acontece, define e decide o rumo da sociedade que queremos ser.

Um exame não avalia apenas o aluno e o professor. O seu resultado não lhes pertence em exclusivo. É êxito ou fracasso de todos nós. Uma avaliação feita na escola é, também, oportunidade de aferição de critérios educativos e de valores vividos em casa e na terra e uma matrícula aí realizada é sempre portadora de um projecto de futuro para a família e para a comunidade.

2.Na escola, semeia-se, constrói-se, ensina-se, educa-se e sonha-se. E isso é acção permanente. É trabalho de todos os dias do ano lectivo. A escola é casa de janelas abertas ao futuro. O hoje da escola é sempre vigília do amanhã. É que, educar é ver mais longe. É olhar para lá do óbvio, do efémero e do tempo presente.

Na escola, o tempo não passa. Muitas vezes cansa e desgasta. Mas também encanta e deslumbra. A escola faz crescer e sonhar. E por isso, aí se educam os alunos e se perpetuam os mestres. Por isso, cada novo ano lectivo é para a escola sempre o primeiro. Aquele em que tudo se investe e em que todos trabalham, como se fosse o único.

O trabalho na escola não vale apenas por si. O trabalho pedagógico desenha, com um misto de arte, saber e paciência, traços da alma em cada um dos alunos. É sempre trabalho fecundo.

O trabalho educativo não é prisioneiro de cálculos, nem se encerra nas grades do tempo. Educar é, de certo modo, semear para a eternidade.

Na escola, não se produzem coisas. Nem nascem aí os sábios. Formam-se pessoas, em aturado e cativante trabalho de atenção dada à alma que habita em cada um dos alunos.

Dada a complexidade da missão e a grandeza do desafio de educar, ninguém se pode dispensar de trabalhar nesta causa. A educação é leme que nos guia neste sulcar de oceanos imensos de um contínuo «aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver em relação com os outros”, como nos propõem os objectivos pensados para a educação na Europa.

É neste compromisso comum que todos nos sentimos implicados e envolvidos: alunos, pais, encarregados de educação, professores, funcionários e membros da comunidade. É com todos nós que a escola se faz.

3.Deste olhar realista e abrangente para a escola e para a missão de educar nasce o dever e o direito, legalmente afirmado e respeitado, da presença e da acção da Educação Moral e Religiosa na escola.

A Igreja, no que à Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) diz respeito, assume esta missão com sentimentos de alegria e sentido de responsabilidade, consciente de que aí, fiel ao anúncio do Evangelho, pode e deve realizar um belo e necessário serviço a toda a comunidade humana.

Estamos presentes e disponíveis para trabalhar com aqueles que, por sua opção livre ou por escolha decidida dos seus pais, procuram nas aulas de EMRC um espaço e uma oportunidade de aprofundar saberes, delinear critérios de vida, afirmar a fé cristã e encontrar valores que alicercem e consolidem o seu caminhar rumo ao futuro.

A presença da EMRC na escola, desde o 1.o Ciclo até ao termo do Secundário, transporta em si um permanente e interventivo empenhamento por parte dos alunos e professores desta disciplina no projecto educativo da escola e na abertura à comunidade educativa alargada, com quanto isso supõe e exige de competência profissional, disponibilidade de tempo, compromisso de acção e testemunho de vida.

Os alunos e os professores de EMRC não estão sós nesta missão. Está com eles toda a Igreja, que deste modo se compromete e empenha.

São muitos, também, aqueles alunos que sem uma opção clara de fé ou porventura mesmo distanciados de qualquer crença religiosa procuram nas aulas de EMRC um espaço de diálogo e de abertura ao confronto de ideias e à afirmação dos valores éticos de um sadio humanismo. Trazem consigo, aliada a uma natural e espontânea curiosidade de saber, a seriedade de quem lucidamente procura a verdade e nesta procura muitas vezes encontra Deus e sente a Sua discreta e actuante presença.

Pertence à comunidade no seu todo e concretamente às famílias cristãs sensibilizar os alunos para o valor e para importância da matrícula em EMRC, que sendo uma disciplina de opção exige e supõe a afirmação expressa da vontade de nela se inscrever.

Sei quanto esta presença na escola é exigente e simultaneamente difícil e gratificante para cada um dos alunos e professores. Mas sei, igualmente, que a EMRC constitui um bem para os alunos, para os professores, para a escola, para as famílias e para a comunidade.

Esta reflexão é, por isso também, palavra de gratidão dita a todos quantos trabalham nas nossas escolas e em tantas outras frentes de serviço, na família e na comunidade, em prol de uma educação integral das crianças e dos jovens de hoje.

O futuro das pessoas e o rumo das sociedades decidem-se, muitas vezes, em pequenos gestos e dependem de humildes e discretas decisões de quem sabe que educar é ver mais longe, para, em cada dia que passa, formar pessoas felizes, preparar um amanhã diferente e construir um mundo melhor.

Aveiro, 15 de Junho de 2011

+António Francisco dos Santos -Bispo de Aveiro

"Os homens precisam de mimo"

13-07-2011 14:39

Leituras Partilhadas – L

 João Miguel Tavares ´”nasceu em Portalegre em 1973. Depois de ter passado pela Engenharia Química, licenciou-se em Ciências da Comunicação. Foi jornalista no Diário de Notícias e actualmente é colunista do Correio da Manhã, director adjunto da revista Time Out e integra a equipa ministerial do programa da TSF governo Sombra”. Conheço o João Miguel há trinta anos e existe entre nós uma amizade sem dependências mas sincera. À sua esposa, a Dra. Teresa, devo uma dedicação quase filial sobretudo desde que a doença se tornou companheira do meu dia-a-dia.

Acontece que o João acaba de publicar o seu primeiro livro com o sugestivo título de “Os homens precisam de mimo” e o subtítulo “Como sobreviver a uma família e ser feliz”. Contém mais de quatro dezenas de crónicas, sugestivamente ilustradas, com que o João colaborou em diversos jornais e revistas. Já estava habituado a saborear o seu estilo simples simultaneamente irónico, incisivo e ternurento. Nas crónicas de teor político o João Miguel é de uma ironia forte, às vezes sarcástico, que já lhe tem trazido alguns problemas.

 

Nas crónicas de sabor familiar, e delas se compõe este livro, sem deixar a ironia, ele mostra também o seu amor de marido e pai que prevalece e é o segredo da vitória no meio das canseiras familiares do dia-a-dia. Os heróis são os três filhos, a esposa e ele próprio. Não pensem, no entanto, que o livro tem qualquer pretensão de auto-elogio apesar de aqui e além surgir, como não podia deixar de ser, a figura de “um pai babado” capaz de se “infantilizar”, sem perder a autoridade paterna, nas brincadeiras com os filhos, como já pude observar. Também não é, nem muito menos, um livro de bons conselhos sobre a forma de exercer uma paternidade responsável. É um livro cuja leitura faz bem à alma. Eu diria que é o trivial feito beleza…Já tinha lido, na imprensa, algumas destas crónicas mas agora que teve a amabilidade de me oferecer o livro atirei-me à sua leitura, saboreando umas pela primeira vez e recordando outras. Na dedicatória diz-me “… se este livro lhe proporcionar dois ou três sorrisos, já terá valido a pena”. Ainda o não pude ler todo mas os sorrisos já foram muitos. Claro que já valeu bem a pena.

Apenas para despertar o gosto dos leitores, transcrevo parte de um texto que vem na contracapa: “Este livro nasce de um grito de revolta: porque é que as mulheres hão-de ter o exclusivo das queixinhas sobre a vida doméstica? O que não falta por aí é literatura sobre a sacrificada mulher moderna e a forma heróica como ela conjuga o trabalho e a família. Nada contra. É tudo verdade. Mas e os homens? Alguém acha que o mundo está fácil para nós? Hoje em dia qualquer homem digno desse nome tem de ganhar a vida, amar a esposa, tratar dos filhos, cuidar da casa, fazer o jantar, baixar a tampa da sanita, e, já agora, telefonar à sogra no dia dos anos, com voz fofinha. E, no entanto, quem fala de nós? Quem derrama uma única lágrima pelo nosso esforço? O sofrimento masculino anda há décadas a ser silenciado. Mas isso acabou. Não mais. Sou um jornalista de 37 anos com três filhos e uma certeza: o homem moderno precisa de mimo, como nunca precisou desde que o primeiro australopiteco pisou o planeta. Precisa de ajuda, de atenção, de carinho. E por isso precisa de um livro como este: orgulhosamente queixinhas, que ninguém é de ferro”.

Leia este livro, caro amigo, far-lhe-á bem. Editado pela “Esfera dos Livros”, a distribuição é da “Sodilivros, SA”.

 

6/07/2011- P. Armando Tavares (alves.armandotavares@gmail.com )

Pensamentos Existenciais VII

05-07-2011 18:45

 Pensamentos Existenciais VII 

 5 - A Existência

A Existência é a Obra Criada e Omnipotente do existir e do viver.

Criada porque, se não o fôsse, seria a Inexistência – um vazio profundo e indefinido onde o Nada seria Tudo!

Portanto, a Inexistência deu lugar à Existência, visível a nossos olhos, envolvida em mistérios, alguns dos quais já decifrados pelo Homem, outros permanecem ocultos ou inacessíveis à Razão.

Não é possível obter uma transformação, por mais simples que seja, sem um agente que a provoque: a farinha, ao transformar-se em pão, sofre a intervenção do fermento e da cozedura; a madeira transforma-se em luz e calor, por acção do fogo e do oxigénio que alimenta a combustão; o açúcar desdobra-se em álcool com a intervenção de enzimas e de oxigénio...

Ao Agente ou Poder que do Nada fez todas as coisas visíveis e invisíveis, damos o Nome de Deus-Criatividade.

Cai, portanto, por terra a teoria do materialismo ateu, ao afirmar que a Existência se autoproduziu!

E, para refutar aquela afirmação, temos, ainda, o conceito do viver, visto que, a transformação do Nada em Existência, não provocou, apenas, a realidade do existir, mas trouxe consigo a Vida.

E o que é a Vida?

Ao debruçar-se nas questões das ciências neurobiológicas, os cientistas chegam à conclusão que as respostas se lhes escapam a cada passo, dado que não é possível criar um ser vivo, mesmo que juntemos todos os elementos químicos que o constituem! A Vida não é, apenas, um composto orgânico animado por influxos nervosos. É um estádio anímico de seres que têm sentimentos e emoções e a consciência do existir e do viver! A razão da Existência não se esgota na análise e observação da vida física ou biológica, mas nos mistérios transcendentais que a envolvem!

Poderemos, então, concluir que a Existência ou Criação é um fenómeno complexo, devidamente programado, sujeito às leis evolutivas da Natureza e aos Desígnios Misteriosos do Criador!

Bênçãos de Deus

29-06-2011 18:25

 Diante do emaranhado de acontecimentos que fez de Proença-a-Nova o palco de atracções, nesta última quinzena, desejo destacar nesta rubrica a Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo celebrada na quinta-feira imediatamente seguinte ao Domingo da Santíssima Trindade. Mas antes, gostaria de subir a alguns palcos para, em primeiro lugar, saudar as crianças que no dia 12 de Junho, nas paróquias do Peral, São Pedro e Proença fizeram a Primeira Comunhão e as do Centro Educativo de Proença que no dia 21, no encerramento do ano lectivo e muitos em transição para outro sistema de ensino, receberam por meu intermédio a bênção de Deus, com os votos de continuarem, com ajuda dos pais, professores… a crescer em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens;

Em seguida, em sintonia com muitos munícipes, para “cumprimentar” as proeminentes figuras que o Executivo camarário confirmou, mediante a homenagem no dia do Município, devido ao empenho que imprimiram, em virtude do seu status quo, para melhorar este município. O nosso Jornal quer reiterar a homenagem, particularmente a Monsenhor Alfredo Dias, a quem este Jornal deve muito. Padre que mostrou que a melhor preparação para enfrentar o amanhã é fazer superiormente o trabalho de hoje.

Já agora permita-me subir ao palco da capela de Santo António onde celebramos a Missa em sua honra, seguida de leilão das ofertas e convívio, não só para agradecer aos acordeonistas (alguns vindos de fora do concelho), mas também para louvar todos os fiéis que não pouparam esforços para celebrar a festa de Santo António nesse lugar que, apesar de carecer e aguardar obras de adaptação, não deixa de ser um lugar “paradisíaco”.

Como referi, destaco sobretudo a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo porque é realmente uma festa da Paróquia que congrega os seus fiéis. É bom que cada capelania e a paróquia em geral alimente esta tradição, empunhando as suas bandeiras de duas faces (eucarística e orago)   e confluir para a igreja mãe num gesto simples e singelo de se entregar a Cristo. E depois de todos participarem na Missa saírem em procissão Eucarística ainda com a bandeira empunhada. Aí cada capelania, comunidade, vê espelhada todas as sua virtudes, fraquezas e ainda a fonte de força e de vida.

Ora, porque sabemos que a paróquia é uma comunidade de baptizados que exprime e afirma a sua identidade, sobretudo através da celebração da Missa, particularmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, prolongamos a Eucaristia no cortejo processional… Acreditamos que o Santíssimo Sacramento, escoltado pelas bandeiras das nossas capelanias, ao passar pelas ruas da vila, belamente atapetadas de verdura e flores formando desenhos com motivações eucarísticas, bem pode testemunhar as muitas formas de O podermos louvar e adorar e, diante destas expressões de amor e agradecimento por parte dos fiéis, continuará a ser para nós fonte de bênçãos.       

 P. Ilídio Graça

 

 

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