Reflexões

Sucesso escolar, televisão e força de vontade

27-01-2015 18:39

Depois de quase 35 anos de experiência docente, talvez seja altura de reflectir e de - modestamente - procurar contribuir para alguma melhoria de quem estuda e de quem ensina, incluindo a autora, claro. O que tenho verificado – e comigo, muitos colegas e alunos – é que há um segredo para o sucesso: a força de vontade, pessoal, para aproveitar bem o tempo. Este segredo tem vários planos. Pode incluir:
- o ppe (plano pessoal de estudo) , um horário de estudo realista, bem cumprido,
- o registo escrito, visual, fotográfico e/ou auditivo, conforme o tipo de memória predominante, estando mesmo atento nas aulas,
- o acompanhamento habitual de cada disciplina (ten minutes a day),
- ler ou escrever mais…
Mas o principal ingrediente parece ser, de facto, decidir-se a estudar regularmente, sem deixar acumular matérias. De facto, como pergunta Escrivá, em Sulco, nº618: Para que serve um estudante que não estuda?
Fazer boas escolhas e ser uma pessoa determinada, eis o segredo. Mas como conseguir tal façanha?
Vemos como conseguem ganhar os nossos jogadores? Como se tornam famosos os actores e actrizes? Com treinos: muitos, pequenos e repetidos. Mãos à obra, então, para treinar a força de vontade em coisas pequenas e acessíveis do dia a dia, como, por exemplo, baixar-se para apanhar um papel, voltar atrás para prestar um pequeno serviço, não adiar uma tarefa necessária… e tantos outros desafios quotidianos, que descobrimos sempre que queremos!
Depois de muitas conversas com estudantes e pais, que, para recuperar ou melhorar notas, quase sempre decidem “cortar na televisão”, depois de ler alguns artigos e estudos que concluem no sentido de que “os alunos que vêem mais televisão têm piores notas e demoram mais tempo a concluir licenciaturas” (cfr. Aceprensa, 7/05), e depois de alguns inquéritos feitos a alunos, acabamos por constatar como é importante aprender a ver televisão e a aproveitar bem os tempos livres. Pelos inquéritos feitos, conclui-se que conseguem melhores resultados os alunos que “seleccionam previamente os programas que querem ver, em tempo adequado”. E a conclusão geral mas concreta é que a façanha do êxito nos pede uma primeira decisão (normalmente nocturna…): desprezar razoavelmente aquele caixote cinzento que está lá em casa e a que chamam televisão.
É que, mesmo ao longe, tal objecto prende os olhinhos e a cabecinha de muitos de nós quando não deve, no tempo útil para fazermos coisas úteis (passe a repetição), como, por exemplo, estudar. Mas… como poderá ele estudar se, por exemplo, depois de jantar, fica preso por novelas enoveladas, por jogos e joguinhos, ou por outras tele- e sofá-dependências, que não acabam até ser hora de deitar?
Que acontece à sua performance de estudante e de ser humano, se não tem hora de se levantar, nem de estudar, se chega habitualmente atrasado às aulas, se não dorme as 7 – 8 horas necessárias, enfim, se deixa de ser senhor do seu tempo? Temos o caos que nós sabemos e que, às vezes, até queremos ignorar para não lhe dar o remédio... Só que depois vem o cansaço, ficamos nervosos por nada, e o stress a mais não ajuda ninguém…
Portanto, não restam dúvidas: os melhores alunos e os melhores colegas – os que, numa palavra, criam sempre melhor ambiente - são mais fortes e livres de dependências, já que não são tão comodistas, egoístas nem tão escravos de caprichos… Todos os recentes estudos sobre a inteligência emocional destacam o auto domínio como um factor primordial de sucesso.
O sucesso pessoal e escolar é, de facto, uma questão de querer efectivamente crescer em todos os aspectos, e de começar a dar passos para atingir essa meta, a da excelência, como agora se diz.
Vamos lá querer querer, que ainda é tempo…                                                
Maria de Albuquerque - Professora/ Tradutora

Em busca da paz perdida

27-01-2015 18:38

Submersos num quotidiano cada vez mais agitado e intranquilo, longe vão as possibilidades e as capacidades para podermos viver num clima de paz.
Porém, porque as águas estão agitadas, é que se torna necessário partir em busca da paz perdida.
Não me refiro à paz no mundo, façanha demasiado grande e complexa para a nossa pequenez, mas sim à reconquista da paz no nosso coração.
Este passo gigante, ao contrário de parecer uma atitude egoísta não é, pois só com a sua posse poderemos ajudar eficazmente ou outros: “ Adquira a paz interior e uma multidão encontrará a salvação ao seu lado”, dizia S. Serafim de Sarov, um monge eremita do século XIX.
É bom de ver que esta paz interior é fruto de muita oração, pois Deus é o Deus da paz, só fala e age no meio da tranquilidade e não na confusão ou na agitação: “é o Deus que se revela no murmúrio de uma brisa ligeira”.
Para ser mais clara deixo ao leitor a seguinte imagem: “ Imagine um lago em cuja superfície o sol brilha. Se as águas estiverem serenas e tranquilas, o sol reflectir-se-á nelas. Pelo contrário, se a superfície do lago estiver agitada, com ondas varrida por ventos, a imagem do sol não poderá projectar-se nela”.
O mesmo acontece na nossa alma. Quanto mais tranquila e serena estiver mais Deus se reflectirá em nós.
O homem não pode viver numa paz duradoura e profunda se está longe de Deus ou se a sua vontade não está orientada para Ele: “Fizeste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração não descansa enquanto não descansar em Ti”, palavras tão actuais de S. Agostinho.
Medite nelas e parta em busca da paz perdida…
Maria d´Oliveira

ESPERANÇA e FÉ para CELEBRAR A VIDA

19-11-2014 17:23

Na vida, é motivo de alegria o tempo de esperança(s).
Vive a mulher o tempo de esperanças com mil cuidados para que o fruto do Amor nasça são e escorreito. E quanta alegria enche a casa de família que se vê aumentada pelo nascimento duma criança. Alegria justificada porque mais uma vez se cumpre o projecto de Deus: «Abençoando-os, Deus disse-lhes: “Crescei e multiplicai-vos.”» (Gn, 1,28) E desde então todos os anos pelo aniversário da criatura se renova a festa da vida. Entretanto, (como Maria, mãe de Jesus e Nossa Mãe) a mãe continua desveladamente a cuidar do seu filho, para que nada lhe falte e possa crescer em estatura e sabedoria até ao fim dos seus dias.
Mas neste processo de vida é indispensável ter a consciência de si como ‘ser’ com direito a dignidade humana e de que «o homem não pode viver sem conhecer o significado da sua existência.» (João Paulo II)
Prestes a fechar o ano litúrgico 2013-14, registamos mais que muitas ocorrências de absurdo atentado à vida: abortos, suicídios, morte medicamente assistida (eutanásia), genocídios em guerras por dá cá aquela palha, violência de todo o tipo nas famílias e entre nações. A palavra crise encheu manchetes e serviu para justificar todos os meios e fins tantas vezes ofensivos da mais elementar dignidade humana. Parece ser também o efeito da crise a explicação para tanto divórcio. Porque não sabem que «Dizer a alguém: amo-te!, é dizer: não morrerás!» (G. Marcel). Infelizmente, se tudo isto é verdade, não é menos verdadeiro que os tempos e modos de vida actuais influenciam exponencialmente a relação da pessoa e da sociedade com a vida. Lamentavelmente, assistimos a uma cruel banalização da Vida. Tantas vezes o valor da Vida foi desvalorizado a eito e a jeito em filmes e telenovelas, por opinadores e entrevistados alinhados com ideologias aviltantes e interesses abjectos em relação à vida. Porque não sabem que «o Homem é a chave das coisas e a sua última harmonia. (…) O Homem é uma parte da Vida, mais ainda, a parte mais característica, mais polar, mais viva da Vida». (T. de Chardin).
Assim é porque falta Amor nas suas vidas. Para aqueles, a vida não tem valor, não respeitam a inviolabilidade da Vida, não consideram que «a vida humana é sagrada» (CIC, 2258), porque lhes falta desfrutar do único e verdadeiro Amor, o Amor de Deus.
Para nós, cristãos, está a chegar o tempo da Esperança, o gracioso Advento que nos prepara para a grande festa da vida na celebração do nascimento de Jesus. Pela Liturgia do Advento, a Igreja actualiza a expectativa do Messias (CIC, 524) e nela projecta e renova a segunda vinda de Cristo. Na simplicidade do estábulo, na humildade das palhas da manjedoura, o nascimento de Jesus configura a beleza da Vida nascida e renova o acto criador de Deus-Pai, Encarnação do Verbo feito Homem pela qual restabelece a Aliança com o Seu Povo e cumpre a Promessa da Redenção.
Cientes de que «a glória de Deus é que o homem viva» (S. Ireneu) e com a certeza de que «o cristianismo no mundo não representa somente, como às vezes parece, o lado religioso de uma civilização transitória, nascida no Ocidente. É antes de tudo um fenómeno de amplitude universal que marca a aparição, no interior da humanidade, de uma ordem vital nova» (T. de Chardin), ousemos terçar pela Vida, pugnar pela defesa da Vida, feitos cristãos! Afinal, é dever de todo o cristão, feito discípulo de Cristo, imprimir no mundo a marca cristã da Vida dom de Deus.
A caminho dos sempre renovados tempos litúrgicos que se iniciam com o Advento, abramos as janelas da Fé à Luz Sinodal! Sejamos sal no mundo! Proclamemos a Esperança que brota do Natal de Jesus e em cada humano nascimento! Aclamemos a Vida feita Natal todos os dias na negação da morte e com a Fé na Esperança da Ressurreição!             ABS


 

Uma Perplexidade…

19-11-2014 17:23

Se a memória não me atraiçoa, em tempos, aprendi que o pensamento e a linguagem são indissociáveis, sendo esta a grande responsável pela estrutura e ordenação do nosso saber, saber pensar e conhecer.
Quer dizer, as palavras que usamos “arrumam” a nossa cabeça, facultam a capacidade de saber o que se sabe e o que se pode vir ainda a saber. Todos sentimos que temos de pensar antes de falar, antes de escrever, para que o discurso não saia atabalhoado, sem nexo, mas ordenado e seja portador do objectivo a que nos propomos: passar uma mensagem, um juízo, ao nosso interlocutor, de forma ordenada e clara para que ele a perceba e argumente.
Todavia, ano após ano, o vocabulário tem vindo a ser encurtado, nomeadamente o dos jovens, que é deveras redutor ou revelador duma ausência de saber, da capacidade de compreender com amplitude e ser um receptor e transmissor de ideias várias e variadas, elemento básico e fundamental que contribui para o nosso desenvolvimento cognitivo e intelectual.
Sem qualquer originalidade linguística, papagueiam as mesmas palavras repetidas até à exaustão, ausentes de significado inteligível, num círculo verdadeiramente fechado, oco e vazio de conteúdos.
É certo que algumas já fazem parte do dicionário embora, talvez, não merecessem lá estar. Outras são captadas nos corredores das escolas, nos maus programas televisivos, no léxico do futebol ou outras entidades afins.
Não me estou só a referir a garotos adolescentes, sempre necessitados de chamar a atenção, ser do contra, etc., mas a adultos acima dos 30 anos cujo comportamento e vocabulário são verdadeiramente alarmantes senão uma perfeita calamidade.
Em qualquer esplanada temos de os ouvir alto e bom som, também não lhes ensinaram a falar baixo em público, as maiores imbecilidades que eu, na minha ingenuidade, nunca admiti poderem, eventualmente, vir a existir, intervaladas com baforadas de fumo - ão tenho nada contra os fumadores, embora não pratique a modalidade - em que o teor da pseudo-conversa é de uma pequenez e duma superficialidade assustadoras, para não falar na ausência de educação e de dignidade que o mesmo revela.
Resumindo, qualquer cidadão que, numa tarde, tenha o azar de cair num destes locais, nomeadamente situados junto de alguns empregos, empresas e similares, está condenado a ter de ouvir baboseiras sem fim, embora ingloriamente, procure mergulhar a sua atenção num jornal, num livro ou então, entre em desespero e, como não pode exterminá-los, nem mandar afixar aquela célebre frase:” Reservado o direito de admissão”, opta por escrever um artigo, o que foi o meu caso.
Note-se que não estava numa Faculdade, tão pouco numa Escola Secundária, mas no meio de quadros superiores, vestindo “fatos de marca”, gravatas condizentes, mas com gestos e vocabulário verdadeiramente devassos, em qualidade e em quantidade…
Foi então que me ocorreu esta perplexidade: será que há uns 20 anos atrás ninguém os ensinou a falar? Será que escrevem assim? Onde estarão os princípios elementares e básicos duma educada e inteligente conversa de sala ou em público? E na Escola e na Faculdade nunca os advertiram de que o brejeiro e o boçal modo de assim se dirigirem aos outros é miserável, denota pequenez social, moral, humana e intelectual? Pais, avós, tios, padrinhos, eu sei lá, tudo o que seja pessoa de outros tempos, bem mais educados e adequados, não houve nunca uma alma que os tivesse mandado calar?
Embrenhada nestes considerandos vim a pensar: Será que o pensamento ainda se estrutura numa linguagem correcta, fluida e reveladora de conteúdos? Se assim é, valha-me Camões…
Mas o mais curioso é que estes agora jovens pais, - (omito educadores e formadores, pois ninguém pode dar o que não tem) – andam super entusiasmados e querem, a todo o custo, que os seus rebentos aprendam a falar e escrever mandarim, para lhes assegurarem um futuro com mais qualidade, uma maior competência profissional e, naturalmente, um lugar mais elitista num mundo de qualidade… Eis a bizarra (des) proporção que tomou a (des) instrução e a (des) educação no nosso país…
Mas, como não sou pessimista, nem destrutiva, termino com uma maravilhosa frase de Ruy Belo ”O Portugal futuro é um país onde o pássaro puro ainda é possível”.
Maria Susana Mexia

Às vezes…

19-11-2014 17:22

Tatu ela, tatu ele…
Terei de dizer em abono da verdade que sempre fui avesso a tatuagens, digo avesso para não dizer que sou mesmo do contra, o que afinal definiria com mais propriedade o meu verdadeiro sentir do problema.
Engana-se quem pensa que esta coisa das tatuagens é moda de agora. A coisa já vem de longe e, eu assisti à feitura de algumas de uma forma completamente bárbara e sem o mínimo de respeito pela sanidade do tatuado.
Posso afirmar que mais de quarenta por cento dos jovens que combateram nas nossas antigas províncias de África fizeram uma tatuagem. De um modo geral era no braço e os dizeres e o aspeto não variavam muito. Se tinham o mapa da província, tinham os anos em que lá tinham estado, se era em forma de coração o desenho dizia amor desta ou daquela, ou então amor de pais. Cheguei a ver até tatuagens com erros de ortografia, mas uma coisa era certa, sempre que via alguém a ser tatuado, avisava que se a coisa desse para infetar eu, como enfermeiro, não os tratava, mas nem mesmo assim os demovia.
As tatuagens eram feitas com uma caneta de aparo ou com uma agulha que se ia embebendo em tinta de escrever, nada que se compare com o que passa hoje.
As coisas hoje passam-se de forma diferente, a forma de tatuar é diferente, os motivos também são outros e na realidade há por aí verdadeiras obras de arte. No entanto ,continuo na minha: tatuagens não é comigo, tatuar, na minha forma de pensar, é mutilar o corpo.
Hoje é moda estar tatuado, tanto se usa no feminino, como no masculino e há verdadeiras tatuagens ambulantes. São pessoas de todas as categorias sociais, mas é mais visível nos desportistas, em especial nos futebolistas. Basta olhar para um tal Raul Meireles, jogador da nossa seleção, para ver até que ponto chega a febre da tatuagem.
Tudo o que é moda parece servir e é imitado sem mais delongas, se é moda tatuar, vamos lá a isso, nem é preciso pensar se isso pode ou não prejudicar a saúde, o que é preciso é estar na moda.
Outra moda louca é também a do uso de piercing. Por muito que pense, não consigo ver onde esta a beleza do uso de tais “ferragens”. Um dia destes vi uma criatura que se passar perto de um íman gigante fica lá colado. Eu até me arrepiei de tal figura e, veio-me à ideia um caso que se passou comigo em jovem.
Estava eu a estudar em Castelo Branco, praticava atletismo, como federado no Benfica e Castelo Branco, por via dos bons resultados que alcançámos, foi um grupo de cerca de meia dúzia de nós convidados a ir prestar provas ao Sporting a Lisboa. Eramos todos muito jovens, creio até que a maioria seria ainda imberbe. Lá nos aventurámos à viagem e rumámos ao estádio de Alvalade. Para nos sentirmos mais adultos, resolvemos comprar um maço de tabaco e todos deitávamos fumo quando nos dirigimos a quem íamos referenciados, nem mais nem menos que ao famoso professor e treinador Mário Moniz Pereira. De peito inchado lá entregámos os cartões que um conceituado atleta leonino nos tinha dado, ele olhou-nos nos olhos e disparou; «Putos a fumar? Rua, não quero aqui bandalhos». Restou-nos sair porta fora e ver esfumar ali o sonho de ser um bom atleta. Quisemos parecer aquilo que não eramos e deu no que deu.
Bem, hoje talvez que a juventude me chame “velho do Restelo”, isto se houver por aí ainda gente que lê os Lusíadas, saiba quem era e o que dizia esse velho, o que já começa a ser difícil…
ÀS VEZES já me custa compreender as modas de agora, é que ele há para aí cada coisa que “valha-me Deus e todos os Santos”.
jemilioribeiro@gmail.com

Coeducação ou Educação Diferenciada?

19-11-2014 17:22

Uma das maiores responsabilidades de cada geração é a educação das gerações seguintes. Por educação não podemos entender, apenas, a transmissão de saberes, mas todo um conjunto de procedimentos que nos levam a considerar que alguém é bem ou mal educado.
Fixando-nos apenas no primeiro aspecto, isto é, na transmissão de conhecimentos, é preciso recuar muitos anos para encontrar aquilo a que hoje se chama Educação Diferenciada nas Escolas públicas.
Este tipo de organização manteve-se em algumas escolas privadas e também nas escolas dependentes do Estado Maior do Exercito a saber Colégio Militar, Instituto de Odivelas e Instituto Militar dos Pupilos do Exército.
 Nesses tempos mais antigos as crianças frequentavam juntas - rapazes e meninas - os infantários e a partir da primária, estudavam em separado - escolas para meninas e escolas para rapazes - voltando a encontrar-se nas Faculdades.
Após o 25 de Abril de 1974 houve que mudar tudo e foram muitos os argumentos para justificar que as escolas deveriam ser mistas em todos os níveis.
Como acontece muitas vezes no nosso País, não houve um estudo sério e não foram ouvidos os argumentos de muitos pedagogos que dedicaram a sua vida ao estudo dos problemas do ensino, não movidos por princípios ideológicos mas sim pela consideração das diferenças profundas que há entre adolescentes do sexo feminino e do sexo masculino.
Está provado que as meninas “amadurecem” mais cedo, têm pois condições melhores para a progressão na aquisição de conhecimentos que só vêm a ser semelhantes aos rapazes por volta dos 18 anos.
Por outro lado, a adolescência é o período da vida em que há mais insegurança embora queiramos mostrar que sabemos tudo e também há o despertar para muitos problemas que poderão ser resolvidos com a ajuda e informação dos Pais ou, na falta destes, dos Professores.
O facto de estarem em conjunto nas aulas e fora das aulas pode originar problemas graves que resultam da falta de maturidade dos jovens e da maior facilidade de se encontrarem sem a presença de adultos que os ajudem.
O argumento que foi muito apresentado, de que era necessário que rapazes e raparigas se desenvolvessem em paralelo, não é importante a nível escolar, porque na Família eles podem conviver de forma sã.
A Escola deve ser para estudar e desenvolver o sentido de responsabilidade que leva os alunos a considerar que devem estudar com seriedade, fazer os seus trabalhos de forma honesta e assim adquirirem os conhecimentos e hábitos de trabalho que lhes serão muito úteis na vida adulta.
Os ritmos de aprendizagem de rapazes e raparigas são diferentes; então será mais vantajoso que o estudo se efectue nas melhores condições para que se atinjam os objectivos.
Como professora que trabalhou nos dois sistemas, não tenho dúvida que a Educação Diferenciada produz muito melhores resultados e com menores riscos.
                                          Margarida Raimond - Professora

A vida é como uma estrada!

19-11-2014 17:21

Cidadania, conceito que nos chegou da antiga Grécia, naqueles tempos em que os Sócrates eram verdadeiros pensadores e filósofos, admitindo e confessando que, na realidade, a única coisa que sabiam era que nada sabiam, contrariando assim as informações sagradas do Oráculo de Delfos, cuja pitonisa, após consulta divina, seguramente afirmava ser este modesto homem o mais sábio de Atenas. “ Douta ignorância” dizem os entendidos nas lides do amor à sabedoria (fileo+sofia= a filosofia) e do bem-querer para toda a comunidade.
Tempos remotos ou talvez não tanto, hoje a golpada é entrar de cernelha, esgrimindo piruetas intelectuais, fazendo-se passar por parafuso de rosca moída duma artesanal engenhoca, o reflexo mais perfeito duma arrogância que, muito longe de ser douta, jamais poderá levantar voo, qual ave de rapina de asas cortadas, na alienante fantasia de confundir uma águia-real com uma galinha de capoeira, que bica-bica mas não olha o horizonte, não enxerga, não vê mais longe…
Com a longa e desgastante experiência de quem viveu e vive a epopeia da educação, receita única para uma cidadania sustentável, não posso deixar de insinuar e pôr o dedo nas chagas que todos nós, uns mais do que outros, deixámos que se instalassem à nossa volta, aumentassem e contagiassem, pois são deveras contaminantes para quem não está “vacinado”contra estas novas pragas, quiçá, resultado das alterações climatéricas, familiares, parentéricas, etc.
A vida é como uma estrada, tem normas, faixas, regras e muitos sinais, uns proibitivos, outros obrigatórios. Condutor normal conhece-os e obedece-lhes, pára no vermelho, avança com precaução no amarelo e quando o verde lhe acena segue o seu caminho olhando para os espelhos retrovisores para avaliar se tudo vem bem ou há algum sinal de perigo nas suas imediações, pois prever as manobras perigosas dos outros também faz parte duma condução atenta e segura.
Conduz na estrada como na própria vida, dentro dos limites previamente estabelecidos para bem de todos e não para capricho de alguns, não passa o risco contínuo que, logo lhe indica sonoramente, que se está a aproximar da beira, da margem, que está a fugir para um terreno onde o perigo aumenta, pode derrapar, cair na ravina, enfim, ir por ali abaixo. Também sabe que não pode ir em contra mão, tão óbvio quanto isso, dá de choque com todos os que, pacatamente, circulam e cumprem em nome do bem senso, das normas vitais e as regras para tal elaboradas.
Ora bem, quem se sabe orientar tem toda a liberdade de chegar ao seu destino, deixar e facilitar que aos outros o mesmo possa acontecer, quem prevarica e circula na berma ou passa a margem permitida, meus queridos amigos, como não aprecio termos eufemísticamente perversos, chamo-lhe um marginal, um fora de lei, uma “persona non grata”, “tout court”.
Se a lei, a justiça e a autoridade, não chegam para “domesticar” estes cidadãos, é mister que todos nós colaboremos e exerçamos o nosso dever de cidadania activa e participada.
Pactuar com o que está mal é prevaricar também, por isso temos uma sociedade esquizófrenizada, diz uma coisa, faz outra e permite outras.
Tolerância, não! Preguiça, Inércia, Desleixo, poderão ser os termos mais adequados…
Após esta consideração, eu atrevo-me a lançar um desafio ao leitor amigo: sem perder tempo, nem dinheiro, nem horas suplementares, não será que todos, um pouco por onde nos movemos, poderemos colaborar na defesa e na reconstrução duma sociedade normal, educada, com uma higiene mental onde o ambiente moral ainda seja um factor dominante para a dignidade humana? É certo que técnicos de limpeza e higiene, desde há anos, vêm varrendo as ruas e os passeios, mas quem varrerá esta “espécie de folha caída” que assola e invade os nossos caminhos e as nossas vidas?
Sejamos solidários e, generosamente, exerçamos o nosso dever de cidadãos atentos e vigilantes, em busca duma qualidade que tanto falece neste nosso Portugal, façamos parte da solução e estrangulemos o problema, eliminando-o o mais radicalmente possível, aliás “quando se mata o bicho acaba-se a peçonha”. Violento? Não, caro leitor, a realidade está bem pior do que o cenário que aqui apresento e nós podemos exterminá-la.
                                                         Amílcar dos Santos – Professor

Palavras que voam

19-11-2014 17:21

Recentemente fui abordada por uma leitora residente em Paris. Ouvi elogios embrulhados em sorrisos e fiquei a pensar o quanto as palavras podem chegar longe, sem o sabermos. O quanto o nosso trabalho por vezes dá frutos com que nem sonhamos. E o quanto somos por vezes abraçados de forma inesperada pela vida, precisamente quando estamos a precisar de um impulso.
Acontece as nossas palavras iluminarem outros mesmo quando não conseguimos acreditar nelas. Precisamente em períodos de descrença, é preciso continuar a fazer caminho. Os frutos do que semeamos demoram mais do que a nossa vontade entende. Tudo na vida exige tempo, persistência e uma confiança inabalável de que acima das nossas dúvidas, as respostas para todos os mistérios mais cedo ou mais tarde acabam por chegar.
Gostávamos de andar pela vida sem hesitações, seguros do caminho a seguir. Mas a estrada está cheia de cruzamentos, atalhos e bifurcações que por vezes nos baralham. As palavras de outros são em tantos momentos inspiradoras e capazes de nos orientar na caminhada, mas só de dentro de nós podem vir as decisões necessárias para continuarmos a dar passos.
A sabedoria chega devagar. Aproxima-se de nós de mansinho, sem darmos conta. Mas um dia, inesperadamente, damos por ela nas pequenas coisas. Nas palavras amargas que conseguimos calar a tempo. Nas reacções mais tranquilas. Nos medos, até nos medos – porque sabemos que sem escuridão não conseguiríamos lutar tanto para procurar a luz. Nunca deixamos de cair, mas a certa altura olhamos com mais cuidado para os obstáculos. E percebemos, por mais que nos custe encará-lo, que nunca o percurso se torna fácil.
Crescemos todos os dias. Aperfeiçoamo-nos todos os dias. Falhamos todos os dias. E é exactamente por isso, porque a vida é uma tarefa sempre inacabada, que não podemos perder a fé no que semeamos – mesmo que a semente sejam simples palavras. Ninguém sabe o alcance que podem ter palavras que voam.

M. I. C.

Porque Misionário

31-10-2014 11:56

Foi há 88 anos que o Papa Pio XI instituiu o terceiro domingo do mês de Outubro como o dia Mundial das Missões, para ser vivido com orações e coletas em todas as comunidades, em prol das Missões da Igreja do mundo inteiro. Este dia contém em si o dever cristão de se cumprir o mandato de Jesus dado aos Apóstolos: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Noticia a toda a humanidade, quem acreditar e for batizado será salvo. Quem não acreditar, será condenado” (Mc 16,15).
O Concílio Vaticano II, no Decreto Sobre a Atividade Missionária, afirma que “a Igreja é missionária por sua própria natureza, porque procede da missão do Filho e da missão do Espírito Santo, segundo os desígnios de Deus Pai” (Ad Gentes, 2).O Papa Francisco, na mensagem que a propósito dirigiu ao mundo católico, no dia 19 de outubro, recorda que a finalidade do “Dia Mundial das Missões” é a de formar a consciência de todo o povo de Deus.
Nele, cada comunidade é interpelada e convidada a assumir o mandato confiado por Jesus aos Apóstolos, de serem suas  testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo” Act 1,8); e assim esta missão configura-se  aspecto essencial da vida de todo o cristão porque  todos somos enviados pelas estradas do mundo, fazendo-nos arautos do Evangelho, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo no caminhar com os irmãos.
Entretanto, o Dia alargou-se para Mês das Missões. Este que é mais um tempo de graça e mais uma oportunidade que o povo de Deus tem para rezar,  para tomar a consciência de que o anúncio do Evangelho é um dever que brota do ser discípulo de Cristo em compromisso constante que anima toda a vida da Igreja.
O mês de outubro ao fazer a memória litúrgica, apresenta-nos uma riqueza extraordinária de homens e mulheres de carne e ossos com uma herança espiritual extraordinária; que nos leva à reflexão e ao concreto agir para o bem da Igreja, da família e da sociedade. Para isso, vale a pena conhecer a biografia de Santa Teresa do Menino de Jesus (1873-1897), Carmelita e Padroeira Universal da Missões, que entregou toda a sua vida pela salvação das almas e pela Igreja; São Francisco de Assis (1182-1226) que abraçou a pobreza para seguir mais perfeitamente o exemplo de Cristo e pregar a todos o amor de Deus; São Gaspar Del Búfalo (1786-1837), definido pelo Santo João XXIII como a “Glória toda resplandecente do clero romano, verdadeiro e maior Apóstolo da devoção ao Preciosíssimo Sangue no mundo.”; e ainda o Papa Paulo VI (beatificado no dia 19 de outubro pelo Papa Francisco), que  com a sua inteligência e sensibilidade humana conseguiu unir a Igreja nas suas sensibilidades, conduzir o Concílio Vaticano II e, no diálogo sincero, abrir a Igreja Católica ao mundo.
Depois de vivermos mais um mês das Missões e de celebrarmos cristãmente mais um “Domingo Mundial das Missões”, importa agora arregaçar as mangas e assumir com alegria e entusiasmo a ordem de Jesus: “Ide e ensinai”, percorrendo os caminhos e as encruzilhadas, professando e testemunhando a nossa fé em Cristo e fazendo-nos arautos do seu Evangelho, a Boa Nova.

Cuidando da Família

31-10-2014 11:55

Quando se nasce e durante algum tempo a criança depende totalmente do cuidado dos seus pais, embora desde o momento da concepção tenha toda a dignidade de pessoa humana pois a criação da sua alma também se dá neste momento, pelo que deve ser reconhecida e protegida.
Daí a necessidade que o ser humano tem da educação como parte essencial do seu aperfeiçoamento nas virtudes, nas aptidões, nos seus dons que Deus lhe deu, etc.
Na família a sua actividade procriadora e educativa é reflexo da obra criadora de Deus. O próprio magistério da Igreja diz “os pais são os primeiros educadores dos seus filhos”.
É um direito e dever que está enraizado na lei natural e portanto há uma continuidade necessária entre a transmissão da vida humana e a responsabilidade educacional.
Claro que o mundo tem sofrido enormes alterações sociais e laborais, as quais têm a sua repercussão na família (horários complicados, trabalhos absorventes) mas, como realizar esta missão?
A resposta é sempre a mesma: o amor. O amor é a alma da educação.
A família é um lugar onde a ternura, o perdão, o respeito, os afectos, a fidelidade, a confiança, a fortaleza e o serviço desinteressado são regra.
Os pais têm deveres para com os filhos:
- Têm que rezar, de manhã em casa, no carro; nas refeições, ir à Missa;
- Têm que os ensinar a partilhar;
- Têm que criar regras, criar diálogo, etc;
Os filhos esperam dos pais, tudo;” os seus pais, são mesmo seus.”
- Esperam confiança. Devem estimular o bem e a confiança mútua;
- Esperam a verdade que é fundamental;
- Esperam autoridade, pois sem ordem não há sociedade,  sem ordem não há família;
- Esperam conselhos;
- Esperam alegria, que é uma virtude difícil, mas vale a pena. Tentar ver as coisas pelo lado positivo;
- Esperam a Fé. Os pais têm que saber responder às questões religiosas. Tem que haver uma Fé  cristã sabida e vivida.
Sagrada Família que a vossa presença se faça sentir no próximo Sínodo da Família e o vosso exemplo seja mote a imitar.
Luísa Loureiro

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