Reflexões

Abençoada mãe e n’Ela todas as mães

14-05-2014 19:15

Maio é recorrentemente o mês que nos devolve o sol, é o mês florido e luminoso que nos projeta e convida a grandes atitudes, desafios e festividades. Maio é na Igreja Católica o mês de Maria Mãe de Jesus e Nossa Mãe. E é em Portugal e para os milhões de fiéis cristãos o mês dedicado a Nossa Senhora do Rosário de Fátima.  Mas Maio é também tempo para valorizar o trabalho e a dignidade que lhe deve ser dada, trabalho que deve ser visto como acto possível de oração e trabalho que deve ser executado dignamente, a exemplo de S. José, como meio para a sustentação da família e caminho para a santificação, trabalho que deve ser realizado como um bem imprescindível não só para nos mantermos, a nós e à nossa família, mas também para contribuirmos para o crescimento do próprio mundo. Trabalho que ainda que apenas de lide doméstica nos leve à Santidade, a exemplo da humílima atitude de Maria no espaço da família de Nazaré. Na verdade, a família de Nazaré deve ser para nós um modelo vivo de Família que honra o trabalho e dele faz louvor a Deus.
No primeiro domingo de Maio comemoramos o dia da mãe. As mães que Deus escolheu para nos gerar, criar, educar, proteger e amar. Ainda que sintamos que o dia da mãe é sempre. Sim, a Mãe não tem férias, assim como não tiramos férias de Deus. Isso percebemos com a Virgem Maria. Maria que foi esposa fiel, Mãe assumida na educação de Seu Filho Jesus. Ela, Maria, é a Mãe cuidadosa e amorosa com os seus filhos. Estes filhos que Maria aceitou desde logo quando disse o “Fiat” na Anunciação ao Anjo Gabriel e depois na figura de João todos os membros da Igreja de Cristo, em resposta a Seu Filho Jesus que do alto da Cruz lhe disse: “Mulher, eis aí o teu filho!”  E virando-Se para João lhe diz: “Filho, eis aí a tua mãe!” (Jo 19, 26-28).
Maria enquanto Mãe de Jesus esteve sempre lá ao longo dos 33 anos de Presença de Cristo na Terra. Maria acompanhou e certamente confortou o Seu Filho Jesus nas horas de tormento. E lá estava aos pés da cruz. E também Maria estava no Cenáculo no dia de Pentecostes. Sem dúvida que muitos cristãos têm esta experiência da presença de Maria nas suas vidas, do conforto que encontram pela intercessão da Virgem Maria Rainha dos Céus e da Terra. Por isso, não passam um dia sem rezar o terço, como pedido em Fátima pela Senhora do Rosário. Visto que Ela como uma boa Mãe permanece próxima de nós, para que nunca percamos a coragem diante das adversidades da vida, perante as nossas debilidades e pecados: fortalece-nos e aponta-nos o caminho do seu Filho. Aliás, sabemos que conhece toda a nossa situação, porque como mulher, viveu muitos momentos difíceis na sua vida, desde o nascimento de Jesus, quando não havia lugar para eles na hospedaria (Lc 2,7), até ao Calvário (Cf. Jo 19,25). É agradável verificar que neste tempo de entre paredes de muitos lares, capelas, igrejas sobem dos corações dos cristãos até Maria a homenagem mais ardente e afetuosa da prece e da veneração. E é também o mês em que mais copiosos e mais abundantes descem até nós, do seu trono, os dons da misericórdia divina. No entanto seria bom que aqueles que ainda não têm este hábito aproveitassem, sobretudo neste mês, para em família, com os amigos, na comunidade da capelania ou na igreja matriz, rezar o Santo rosário ou alguma oração a Jesus e a Maria! Porque a oração recitada juntos é um momento precioso para tornar ainda mais sólida a vida familiar, a amizade! Muito nos agrada e consola este piedoso exercício, tão honroso para a Virgem e tão rico de frutos espirituais para o povo cristão. Maria é sempre caminho que leva a Cristo.
Nenhum encontro com Ela pode deixar de ser encontro com o próprio Cristo. E que outra coisa significa o recurso contínuo a Maria senão procurar entre os seus braços, nela, por ela e com ela, Cristo nosso Salvador, a quem os homens, no meio dos desvarios e dos perigos da terra, recorrem na constante necessidade e provações da vida? Porque lá no fundo todos acreditam que em Jesus e em Maria encontram porto de salvação e fonte transcendente de vida!
E aproveitando a ocasião favorável que é o mês de Maio, mês de Maria mãe de Jesus e Nossa Mãe, não deixeis de inculcar, com a maior insistência, a reza do Santo Rosário, oração tão agradável à Virgem Maria e tão recomendada pelos Sumos Pontífices. Por meio dela, podem os fiéis cumprir, da maneira mais suave e eficaz, a ordem do Divino Mestre: “Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto” (Mt 7,7).  A este propósito o Pontífice recordou «um dito popular» segundo o qual «cada homem, na vida, deve deixar um filho, plantar uma árvore e escrever um livro: esta é a melhor herança». O Papa convidou cada um a perguntar-se. «Que herança deixo eu aos que vêm após mim? Uma herança de vida? Pratiquei tanto o bem que o povo me quer como pai ou como mãe?». Talvez não «tenha plantado uma árvore» ou «escrito um livro», mas dei vida, sabedoria?». A verdadeira «herança é a que David» revela ao dirigir-se no momento da morte ao seu filho Salomão com estas palavras: «Sê forte e mostra-te homem. Observa a lei do Senhor, teu Deus, procedendo pelos seus caminhos e praticando as suas leis». Assim as palavras de David ajudam a compreender que a verdadeira «herança é o nosso testemunho de cristãos deixado ao próximo».
Fruto da Educação Cristã, acontece na vida do cristão aquele primeiro passo após o baptismo: a primeira comunhão. É por isso que geralmente, quando nos aproximamos deste Sacramento, dizemos que «recebemos a Comunhão», que «fazemos a Comunhão»: isto significa que no poder do Espírito Santo, a participação na mesa eucarística nos conforma com Cristo de modo singular e profundo, levando-nos a prelibar desde já a plena comunhão com o Pai, que caracterizará o banquete celestial, onde juntamente com todos os Santos teremos a felicidade de contemplar Deus face a face.
Estimados amigos, nunca daremos suficientemente graças ao Senhor pela dádiva que nos concedeu através da Eucaristia! Trata-se de um dom deveras grandioso e por isso é tão importante ir à Missa aos domingos. Ir à Missa não só para rezar, mas para receber a Comunhão, o pão que é o corpo de Jesus Cristo que nos salva, nos perdoa e nos une ao Pai. É bom fazer isto! E todos os domingos vamos à Missa, porque é precisamente o dia da Ressurreição do Senhor. É por isso que o Domingo é tão importante para nós! E com a Eucaristia sentimos esta pertença precisamente à Igreja, ao Povo de Deus, ao Corpo de Deus, a Jesus Cristo. Nunca compreenderemos todo o seu valor e toda a sua riqueza. Então, peçamos-lhe que este Sacramento possa continuar a manter viva na Igreja a sua presença e a plasmar as nossas comunidades na caridade e na comunhão, segundo o Coração do Pai. E fazemos isto durante a vida inteira, mas começamos a fazê-lo no dia da nossa primeira Comunhão. É importante que as crianças se preparem bem para a primeira Comunhão e que cada criança a faça, pois trata-se do primeiro passo desta pertença forte a Jesus Cristo, depois do Batismo e da Crisma. Também dando estes passos confortamos o coração Imaculado de Maria e o de Seu Filho Jesus! Para Ela são flores de Amor e por Ela exteriorizamos o nosso Amor a Jesus e por Ele e n’Ele a Deus Pai!
Neste mês de Maio e para toda a vida, tomemos Maria por modelo e digamos: Bendita Mãe e abençoadas sejam todas as mães do mundo!          Pe. Ilídio Graça

A MÃE das mães

14-05-2014 19:14

Nossa Senhora traça-nos o caminho mais curto e mais seguro para nos acolhermos sempre sob a misericórdia de Deus. Foi há cerca de 300 anos que S. Luís Maria de Monfort (séc. XVIII) disse: «nós estamos entrando no tempo de Maria.»
Mas a verdade é que todo o tempo da humanidade tem sido tempo presente de Maria, porque prometida desde o Jardim do Éden, «predestinada desde toda a eternidade» (constituição dogmática Lumen Gentium – concílio vaticano II)
No Sermão 20- Natividade de Santa Maria, Santo Aelredo (séc. XII, abade) exorta-nos a louvar Nosso Senhor «n’Aquela em que Se fez a Si mesmo» e a aproximarmo-nos «da esposa de Deus, da sua mãe, da sua melhor serva. Tudo isto é Maria.»
“Filho, porque procedeste assim connosco? Olha que teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura” (Evangelho de S. Lucas, 2, 48-49). Esta passagem mostra-nos como Maria Mãe de Jesus era mãe extremosa, genuína e afável educadora.
O conceituado psicólogo Augusto Cury qualifica Maria, a Mãe de Jesus como a maior educadora da História. E define-A como uma mulher corajosa, ousada e sem medos do risco, valente, genial, intuitiva e inteligente porque capaz de educar o ‘Filho de Deus’. E afirma Cury que Maria tinha «uma espiritualidade diferente da religiosidade da época, inclusive das gerações futuras…um dos pontos altos da espiritualidade de Maria era o respeito pelas diferenças.» Maria, foi assumidamente mãe intimista e confiante protectora do Seu Filho. Porque era profunda conhecedora da natureza humana e da divindade de Jesus. Maria foi na Terra Mestra do Amor a Deus (ver Magnificat) e “Mestra da entrega sem limites” (S. Josemaria Escrivà); na verdade, só quem nutria tão grande amor a Deus seria capaz de, sabendo-se Virgem, dizer aquele SIM ao Anjo do Senhor para se tornar templo vivo do Filho de Deus incarnado no seio da Mulher Redentora, por oposição a Eva.
Depois, Maria foi sempre uma Mãe presente e próxima do seu Filho Jesus, jamais o abandonando até O ver morrer na cruz do Gólgotha. E sempre fiel se manteve à Palavra de Cristo, até ser elevada em corpo e alma aos céus por uma legião de anjos de Deus.
Podemos pois qualificar Maria Mãe de Jesus como Mulher casta e pura – a Imaculada-, humilde, obediente e serva, de coração maternal maior que o de todas as mães, mulher e mãe fidelíssima a Deus e ao Seu Filho! E por extensão temos para nós, cristãos, Maria Nossa Mãe e Senhora, e Mãe e Mestra da Igreja! E porque assim é e acreditamos, a Ela recorremos e por Sua intercessão somos escutados e amados por Deus, pois «Nossa Senhora, como intercessora diante da Santíssima Trindade, é caminho seguro que sempre conduz a Deus» (D. Álvaro Portillo).
Confiadamente entregues ao Coração Imaculado de Maria, digamos a Maria a bela oração mexicana:

Doce Mãe, não te afastes
O teu olhar de mim não apartes,
Vem comigo a todo o lado
E só nunca me deixes.
Já que me proteges tanto
como verdadeira Mãe
Faz que me bendiga o Pai,
o Filho e o Espírito Santo.
Proença-a-Nova, 6 de Maio de 2014
Alfredo B Serra

As maravilhas da vida de uma mãe a tempo inteiro… ou não?

14-05-2014 19:14

Calculo que o que se espera de uma mãe a tempo inteiro é que descreva exaustivamente as vantagens incríveis desta ocupação. Calculo que o que se espera de uma mãe a tempo inteiro é que, ainda que descabelada e meio desengonçada, consiga enunciar com detalhe todas as suas atividades caseiras, explicando que poupa imenso dinheiro em empregadas e que consegue estar super contente quando o marido e os filhos chegam ao final do dia. Calculo que o que se espera de uma mãe a tempo inteiro é que assuma que até tem saudades de uma carreira profissional de sucesso (que teve ou que nunca teve), mas que a família vale todos os sacrifícios. Pois então, para não defraudar as expectativas, aqui vai. As vantagens de ser mãe a tempo inteiro são imensas, porque de facto, como de resto já deve estar à espera, posso dar tudo de mim à roupa (soa um pouco romântico demais!), à alimentação, à arrumação e sobretudo aos meus filhotes. Posso ir buscá-los mais cedo à escola e ir com eles à biblioteca municipal; posso prescindir dos serviços de ocupação de tempos livres para pô-los a correr pelo quintal fora; posso levar o mais velho comigo às compras e explicar-lhe as minhas escolhas económicas; posso escrever um texto a meio da manhã; posso fazer um bolo com a minha princesa a meio da semana; posso levá-los à música; posso almoçar com o maridão (cá por casa, porque os tempos não dão para loucuras!); posso ir às consultas de rotina; posso participar na Associação de Pais e posso falar com uma amiga ao telefone ou enviar-lhe textos e vídeos giros que encontrei na internet. Parece pouco comparado com a tal vida profissional de sucesso de que nos podemos gabar nas conversas sociais, ou que podem resumir uma vida quando formos velhinhos, mas é a minha vida.
Parece pouco comparado com uma vida social ativa, de almoços nos snacks da moda, de compras de trapinhos (porque só mais um nunca é demais!), mas é a minha vida. Escolhi-a… ou melhor, mais ou menos escolhi-a… melhor, aceitei-a e não se está nada mal. Claro que às vezes a vontade de me pentear e de me vestir benzinho para ir fazer sopa ou lavar o chão não é muita. Claro que às vezes apetecia-me loucamente ter dinheiro para ir arranjar as unhas como as amigas, comprar uma roupinha atualizada, almoçar ou jantar fora com o marido e namorar um bocadinho. Claro que às vezes me apetecia dar uma conferência, fazer uma tradução ou escrever para um jornal e deixar a esfregona para trás.
Não. Não posso dizer que esta vida de mãe a tempo inteiro é perfeita (ninguém acreditaria!).Há muitos dias em que não é, mas depois, quando paro um pouco para pensar melhor, não há como escapar às evidências e escamotear o facto de poder estar sempre por perto dos que realmente importam - o meu marido e os meus filhos. Porque, se olharmos com cuidado, de que serviria poder ter aquela carreira de sonho, ter uma família criada pelas empregadas, ter um armário cheio de roupinhas lindas e super-modernas, ir ao ginásio fazer pilates ou zumba, ter unhas de gel ou gelinho e, no final do percurso, ter andando a ver passar os comboios?
Obviamente que tudo isto também é pouco de auto-ajuda para me dizer a mim própria que estou no sítio certo, na hora certa e que tenho de fazer o que está certo. É também uma forma de assumir que estudei para ter uma determinada função, que fui apanhada pelos tempos e não consegui pôr em prática as competências que adquiri, mas se calhar o ditado popular tem algum sentido e não vale mesmo a pena chorar sobre leite derramado. Sobretudo se o leite derramado me permite descobrir outras competências, outros horizontes bem mais interessantes.
Rita Gonçalves
Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas variante Português e Francês
Pós-graduação em Ramo de Formação Educacional
Mãe a tempo inteiro (forçada e por vontade própria ao mesmo tempo)

De falcatrua a fraude

14-05-2014 19:13

Todos temos bem presente o que significa para a humanidade o trabalho, a sua riqueza, a sua necessidade e ninguém, provavelmente, desconhece casos muito tristes de desemprego entre amigos, familiares e conhecidos, bem perto de nós, a sofrer este flagelo sem fim à vista.
Mas no meio deste panorama desolador existem ainda outras situações que são gravosas, que revoltam e são muito perversas, bem como algumas pessoas sem escrúpulos que se aproveitam do panorama actual…
Com a devida autorização da “vítima” eu hoje exponho um desabafo de uma antiga aluna, que como tantas outras, sofrem, desmoralizam-se e não merecem…
-Foi um desperdício de tarde, de tempo e de dinheiro em transportes-
“Fui chamada para um entrevista, na medida em que estou desempregada. Cheguei à hora e ao local marcado. Apareceu uma senhora à porta, a mesma que me tinha convocado por telefone. Disse que o colega é que tinha a chave da loja e naquele momento não estava ali. Enquanto esperávamos pelo suposto colega, ela conversou comigo, perguntou-me a minha formação, o que fazia, etc.
Entretanto, passado alguns minutos, ligou ao suposto colega e disse-me que ele ia demorar muito tempo pelo que ia pedir “à amiga da loja de baixo” que lhe cedesse o espaço para me fazer a dita entrevista.
Tudo bem, entrei, estavam lá uma rapariga e um rapaz, que nos cederam o espaço e fomos para o escritório.
Começou-me por falar do trabalho que me esperava se fosse seleccionada, um negócio, que consistia em vender artigos de uma nova marca “X”, explicou-me que funcionava em sistema de pirâmide e eu iria receber comissões das vendas que fizesse.
Percebi que não se tratava de um emprego mas sim de um negócio, tipo aqueles negócios por catálogo que todos conhecem. Até aqui tudo bem.
Entretanto e depois de explicar tudo disse que eu teria de dar um investimento inicial de 150€ ou 250€ - que se convertia no produto para eu usar ou vender ao preço que quisesse.
Fiquei mais ou menos entusiasmada e ela disse que gostava muito que eu aceitasse.
Vim para casa pensar e contei ao meu namorado. Ele torceu o nariz e perguntou-me como é que eu tinha a certeza que iria receber os 150€ do investimento. E se era uma coisa séria.
Fui então investigar e sinceramente, pareceu-me tudo muito estranho. O site até tem “bom ar” assim à primeira vista. Mas fui ver alguns detalhes e encontrei o seguinte:
- Clicando em “Sobre nós” - não aparece nada;
- Clicando em “Compras on-line” - não aparece nada;
- Clicando em “Mapa” aparece vagamente o nome de uma rua que não corresponde ao local e não tem número de porta;
- Na informação de “Apoio Cliente” aparece um número de telemóvel que por acaso é o da tal pessoa que me ligou e me entrevistou;
- No site também tem lá um suposto passatempo para ganhar o produto, com um link do facebook que, por sua vez, não existe.
Por tudo isto e outras coisas que depois investiguei, conclui que só fui, definitivamente perder tempo. Ainda não tenho a certeza absoluta se é uma fraude, mas que é uma falcatrua, não tenho dúvidas.
E pronto, é preciso ser forte. Já não ia a uma entrevista desde Dezembro. E agora vou a uma em Abril e aparece-me isto...
Estive mais longe de deixar tudo e todos, meter-me num avião para outro país mais evoluído e DECENTE e voltar a Portugal só para férias.”
Diga-me o leitor o que se pode e deve responder a uma jovem neste caso de desespero…e não é dos piores…há histórias bem mais trágicas…
Não merecemos isto, é a única certeza que se me afigura! Somos um povo de brandos “costumes “mas a desolação toca a todas as idades e profissões. É triste, muito triste sofrer esta tormenta em benefício de nada nem de coisa alguma.
Será que ainda acordaremos numa manhã de esperança em que o Portugal perdido se voltou a encontrar? Será que o Abril em Portugal ainda vai voltar a ser um slogan que realize e concretize o muito que todos os de boa vontade fizemos por este país tão vandalizado por alguns?
Perguntas sem resposta, mas realidades que nos tocam profundamente, face às quais não nos podemos abater, desanimar, nem deixar de lutar.
Maria Susana Mexia

Exercício que provoca alegria no Céu

03-03-2014 11:00

Na Quarta-feira de Cinzas, dia 5 de março, começaremos um novo caminho quaresmal, um caminho que se estenderá por quarenta dias e nos conduzirá à alegria da Páscoa do Senhor, à vitória da Vida sobre a morte. Assim a Quaresma é um tempo especial e promissora como diz São Paulo: «Agora é o momento favorável, agora é o dia da salvação» (2 Cor 6, 2).
Será que alguém ignore a alegria que acontece no Céu quando um pecador se converte? Diz-nos Jesus: “Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão” (Lc 15,7).
Portanto viver a Quaresma é seguir o caminho da conversão, da revisão de vida e da mudança de atitude. No entanto, urge imprimir ritmo e perseverança no caminhar. Como sugestão e inspiração, a Igreja dispõe para todos os fiéis e pessoas de boa vontade de uma riqueza incalculável de textos bíblicos, orações e hinos inspirados…Importa-se agora tomar o caminho:

    Eis o tempo favorável
    Que nos deu a Divindade,
    Para que tenham remédio
    As culpas da humanidade.

    A luz excelsa de Cristo
    Nos traz hoje um novo dia,
    Que nos tira do pecado
    E a salvação anuncia.

    Penitentes, corpo e alma,
    Assim Deus não nos condene
    E nos leve em alegria
    À sua Páscoa perene.

    Renovados pela graça,
    Erguei um cântico novo
    Ao Pai que enviou seu Filho
    A resgatar o seu povo.

O que fazer para se conseguir manter o ritmo e perseverança neste caminhar? Ou ainda, que exercício se requer para provocar a tal alegria no Céu neste tempo favorável, no agora da salvação? Antes de mais reconhecer em cada momento da existência toda a verdade das palavras dirigidas por Deus ao primeiro homem: “Lembra-te, homem, que és pó da terra e à terra hás-de voltar” (Gn. 3, 19). Esta recordação, todavia, liberta o peregrino de muitos obstáculos no seu percurso, como a arrogância, a prepotência, o egoísmo; liberta-o dos sentimentos de superioridade ou inferioridade em relação ao próximo…Depois, naturalmente a Bíblia deve estar presente como uma autêntica bússola. A sua consulta regular é imprescindível, quer na caminhada pessoal quer na caminhada coletiva. Ela aviva sempre esta verdade: “Se o Senhor não constrói a casa, em vão labutam os seus construtores. Se o Senhor não guarda a cidade, em vão vigiam os guardas”(Sl 127,1-2). Por fim, toda esta ação e caminhar da Igreja encontram-se na oração a sua força motriz. Ela deve fazer parte da vida pessoal e da vida familiar. Este exercício da oração encontra na celebração em Igreja a sua força maior. Portanto, que “no agora da salvação”, a celebração do Sacramento da Reconciliação e a vivência da Missa seguida da alegre partilha dos nossos bens com o próximo sejam motivos para a verdadeira alegria no Céu.
Pe. Ilídio Graça
 

A alegria do SIM para sempre

03-03-2014 10:58

O papa Francisco encontrou-se com mais de vinte mil noivos oriundos de 28 países que se estão a preparar para o matrimónio, por ocasião da memória litúrgica de S. Valentim, padroeiro dos namorados.
A iniciativa decorreu na Praça de S. Pedro, no Vaticano, começou com testemunhos, música e poesia. O papa chegou depois e respondeu a algumas questões colocadas pelos casais de noivos, das quais destacamos as seguintes:  
1-O medo do “para sempre”
«Esta é uma pergunta que devemos fazer: é possível amar-se “para sempre”? Hoje muitas pessoas têm medo de fazer escolhas definitivas. (…). Mas o que entendemos por “amor”? Só um sentimento, um estado psicossomático? Se é isto, não se pode construir sobre alguma coisa de sólido. Mas se em vez disso o amor é uma relação, então é uma realidade que cresce, e podemos também dizer, como exemplo, que se constrói como uma casa. E a casa constrói-se em conjunto, não sozinhos. Construir, aqui, significa favorecer e ajudar a crescer. Caros noivos, estais-vos a preparar para crescer juntos, para construir esta casa, para viver juntos para sempre. Não a quereis fundar sobre a areia dos sentimentos que vão e vêm, mas sobre a rocha do amor verdadeiro, o amor que vem de Deus.
A família nasce deste projeto de amor que quer crescer como se constrói uma casa que seja lugar de afeto, de ajuda, de esperança, de apoio. Como o amor de Deus é estável e para sempre, assim também o amor que funda a família queremos que seja estável e para sempre. Por favor, não devemos deixar-nos vencer pela “cultura do provisório”. Esta cultura que hoje invade tudo.»
2-Viver juntos: o “estilo” da vida matrimonial
«Viver juntos é uma arte, um caminho paciente, belo e fascinante. Não acaba quando vos conquistastes um ao outro… Na verdade, é precisamente então que começa. Este caminho de cada dia tem regras que se podem resumir nestas três palavras (…), palavras que muitas vezes repeti às famílias: “Posso?”, “Obrigado” e “Desculpa”.
“Posso?” É o pedido gentil para poder entrar na vida de alguém com respeito e atenção. É preciso aprender a pedir: posso fazer isto? Agrada-te que façamos assim? Que tomemos esta iniciativa, que eduquemos assim os filhos? Queres sair esta noite? Em suma, pedir permissão significa saber entrar com cortesia na vida dos outros. Escutai bem isto: saber entrar com cortesia da vida dos outros. E não é fácil, não é fácil. (…) E hoje, nas nossas famílias, no nosso mundo, muitas vezes violento e arrogante, há necessidade de muito mais cortesia. E isto pode começar em casa.”
“Obrigado.” Parece fácil pronunciar esta palavra, mas sabemos que não é assim… Mas é importante. Ensinamo-la às crianças, mas depois esquecemo-la. A gratidão é um sentimento importante. Uma idosa, uma vez, dizia-me em Buenos Aires: “A gratidão é uma flor que cresce em terra nobre”. É necessária a nobreza da alma para que cresça esta flor. (…) Não é uma palavra gentil a usar com os estranhos, para ser educado. É preciso saber-se dizer “obrigado” para avançar bem em conjunto na vida matrimonial.
“Desculpa”. Na vida cometemos tantos erros, tantas falhas. Todos os cometemos. Mas talvez haja aqui alguém que nunca tenha tido uma falha? Levante a mão, se há alguém… (…). Todos as temos! Todos! Talvez não haja dia em que não tenhamos alguma. A Bíblia diz que o mais justo peca sete vezes ao dia. E portanto nós temos falhas… Eis então a necessidade de usar esta simples palavra: “Desculpa”. Geralmente, cada um de nós está pronto a acusar o outro e a justificar-se a si próprio. Isto começou com o nosso pai Adão, quando Deus lhe pergunta: “Adão, comeste daquele fruto?” “Eu? Não! Foi ela que mo deu!”. Acusar o outro para não dizer “desculpa”, “perdão”. É uma velha história. É um instinto que está na origem de muitos desastres.”
“Aprendamos a reconhecer os nossos erros e a pedir desculpa. “Desculpa se hoje levantei a voz”; “desculpa se passei sem te falar”; “desculpa se me atrasei”, “se esta semana andei tão silencioso”, “se falei demasiado sem nunca escutar”; “desculpa, esqueci-me”; “desculpa, enfureci-me (…)”… Tantas “desculpa” que podemos dizer ao dia. Também assim cresce uma família cristã. Todos sabemos que não existe a família perfeita, nem o marido perfeito ou a mulher perfeita. Não falemos da sogra perfeita… Existimos nós, pecadores.
O matrimónio é também um trabalho de todos os dias, diria um trabalho artesanal, um trabalho de ourives, porque o marido tem a tarefa de fazer mais mulher a esposa e a mulher tem a tarefa de fazer mais homem o marido. Crescer também em humanidade, como homem e como mulher. E isto faz-se entre vós. Isto chama-se crescer juntos. Isto não vem do ar. O Senhor bendi-lo, mas vem das vossas mãos, das vossas atitudes, do modo de viver, do modo de vos amardes. Fazer-se crescer! Fazer sempre de maneira que o outro cresça. Trabalhar para isto. (…) E os filhos terão esta herança de ter tido um pai e uma mãe que cresceram juntos, fazendo-se – um ao outro – mais homem e mais mulher.”
Entre as muitas maneiras de viver o Dia de S. Valentim esta foi, sem dúvida, sui generis, e a avaliar pelo empenho e alegria de todas as partes, dá para erguer aos céus um hino de esperança num futuro mais generoso e risonho, sabendo todos como é doloroso a infelicidade, a incompreensão, o abandono e a solidão de ver chegar ao fim um sonho que se desfez, por culpa de todos e de ninguém.
Maria Susana Mexia

Pedaços de eternidade

03-03-2014 10:56

Pontos de Vista

O tempo é o que temos de mais valioso na vida.


Não admira que todos tentemos domesticá-lo e obrigá-lo a obedecer-nos – há cursos e mil e um conselhos sobre gestão de tempo. Quase sempre o objectivo é o mesmo: queremos aprender a fazer mais em menos tempo. Aproveitar bem. Conseguir que as horas do dia se multipliquem e nelas caiba tudo o que gostaríamos de fazer. Como vivemos numa aceleração constante, cada vez mais lamentamos que as horas não estiquem.
Poderá dizer-se que não é o tempo, mas a saúde, a família, o amor, a fé, o emprego. Cada um tende a escolher o que considera o bem mais precioso na sua vida. Se escolho o tempo, é porque dele depende o espaço para que tudo o resto possa acontecer.
Numa altura em que tanto falamos em gestão de tempo e tendemos a olhá-lo de forma estratégica, diria que exactamente por ele ser precioso devemos tentar fazer menos. Hoje tendemos a fazer várias coisas em simultâneo. Estamos a ver um espectáculo e ao mesmo tempo vêem-se pessoas a consultar, no telemóvel, informações sobre a música que se ouve. Nos estádios, ao mesmo tempo que o jogo decorre, os espectadores consultam os resultados de outros encontros, espreitam notícias e pormenores sobre aquilo que se passa à sua frente. À mesa, por vezes entre conversas com amigos, mandam-se e-mails e mensagens.
Por querermos aproveitar o tempo, escolhemos fazer muitas coisas. Viver em ritmo frenético. Procurar muita informação, muita distracção, muita novidade. Perdemos a noção de espera. Parar? Parece-nos quase sempre uma perda de tempo.
O tempo é o que temos de mais precioso na vida, mas não numa visão estratégica ou contabilística.
O que realmente conta é a decisão quanto àquilo e aqueles a quem damos o nosso tempo. É a soma das nossas escolhas, no tempo que damos a determinados projetos, objectivos, ideias ou pessoas, que determina o resultado do que é a nossa vida. E escolher bem exige… tempo. Parar é condição para conseguirmos encher cada momento de pedaços de eternidade.                                                         M. I. C.

Mente sã num corpo são

03-03-2014 10:55

Dizia o poeta Romano Júnio Juvenal, que devemos pedir em oração uma mente sã num corpo são. Não posso estar mais de acordo. Ultrapassadas, em grande medida, as influências filosóficas, religiosas e sociais que insistiam numa antagónica e dualista relação entre corpo e alma, onde o primeiro oprimia o segundo,  a consciência hoje é que o ser humano só pode ser pensado na totalidade da pessoa. Pessoa integral inserida num contexto, num ambiente, num tempo e num espaço próprios, sem os quais não se pode ser.
O homem só é em relação, com o ambiente e com o outro. Ninguém É verdadeiramente, sem o seu corpo, da mesma forma que ninguém é verdadeiramente sem o seu espírito, pois só esta unidade indissociável dá forma ao sujeito, à pessoa. Sem corpo, não se percebe a existência do indivíduo, sem espírito essa existência meramente corporal, é incompleta e vazia, é cadáver.
Torna-se urgente então apelar a uma real edificação da pessoa total que contemple estas duas realidades. Não chega viver uma vida ativa, imersa pelo trabalho, pelo desporto, pelo exercício intelectual, da mesma forma que não chega viver uma vida de piedade, oração e devoção espiritual. É necessário que estas duas realidades sejam simbióticas, de tal forma que os prejuízos de um descuido com os assuntos do espírito, sejam tão percebidos como os descuidos com o corpo.
A boa alimentação, não passa necessariamente apenas por aquilo que ingerimos, mas especialmente por aquilo que lemos, vemos e ouvimos. O estar em forma não passa necessariamente apenas pelo tempo que dedicamos ao desporto e ao trabalho, mas especialmente pelo tempo que dedicamos aos assuntos do espírito, a Deus.
Temos o privilégio de habitar um tempo onde é possível compreender esta realidade, e acima de tudo onde é possível vivê-la. Se corres ou trabalhas mais do que rezas, ótimo, mas não te esqueças de rezar. Se rezas mais do que corres ou trabalhas, ótimo, mas não te esqueças de correr, nem de trabalhar.  A conversão às coisas do espírito é tão importante como a conversão à saúde do teu organismo.
Ousa dar um pouco do teu tempo a estas duas realidades, porque apenas uma não te chega, como tu bem sabes.
Diogo Bronze da Silva

Uma espiritualidade comunitária para a família

30-12-2013 11:05

Com o Advento, entrámos no mês de dezembro, mês que nos conduz à festividade do Natal, em que nos é dada a conhecer a Família de Nazaré. Nesta caminhada natalícia, a liturgia apresenta-nos as figuras de Maria ( 8 de dezembro), de José ( 22 de dezembro), de Jesus Cristo (25 de dezembro). Assim, Maria, ao dizer sim à Vontade de Deus, deixa que nela opere o Espírito Santo; José, homem justo, ao acolher sua esposa grávida, oferece um lar e uma família ao Filho de Deus. E acontece Natal e o Emanuel, o Deus connosco, vem habitar entre nós, nasce a família de Nazaré, a Sagrada Família que também celebraremos com festa a 29 de Dezembro.

Encerrado o ano litúrgico com a festa de Cristo Rei, iniciámos também um ano especial da Família, com a igreja universal a debater o tema, num primeiro momento, em Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos em Outubro de 2014; com a igreja diocesana a refletir, também no âmbito do seu sínodo e respetivos grupos sinodais, a temática “Família – Natureza e Missão”; e com a unidade pastoral das nossa paróquias a ter por lema “A família nos caminhos da Fé”. Nesta linha pastoral, leia-se o recente apelo aos pais e famílias feito pelo nosso bispo, D.Antonino, e que transcrevemos, ao lado, na edição deste jornal.

FAMÍLIA !  A família é a base da sociedade, o alicerce da construção da vida. Mas ela também é o prolongamento da obra criadora de Deus. Por isso, a família é uma pequena Igreja, uma célula viva da Igreja – Igreja doméstica, no dizer do concílio Vaticano II – pois “Deus é Amor” e, como diz a canção, “onde haja a caridade e amor, aí habita Deus”. A família, à imagem do amor trinitário de Deus, é a primeira fonte do amor, logo a primeira presença de Deus. De facto, se pais e mães, marido, esposa e filhos vivificarem com o sobrenatural o seu amor, olhando-se entre si também como irmãos, amando-se uns aos outros como Ele recomendou, Cristo não poderá deixar de estar presente entre aqueles que estiverem unidos em seu nome: “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles” (Mt18,20).Então, cada núcleo familiar poderá espelhar melhor a Família de Nazaré, a família das famílias, família que Deus compôs com o mais puro afeto natural mas a menos egoísta e a mais aberta ao mundo.

Numa época em que, graças às novas tecnologias comunicativas, tudo tende para a unidade, é necessária também para a família uma espiritualidade comunitária, que sublinhe que se vai a Deus com o irmão, que nos fazemos santos juntos. Uma espiritualidade, nascida do Evangelho, que leve cada membro da família a chegar a Deus, fonte de Amor e a descobrir no irmão - portanto também no marido, na esposa, nos filhos, em cada próximo - o caminho para chegar a Deus. Melhor dizendo: eles são o primeiro caminho para chegar a Deus, pois neles está Jesus e neles, antes de tudo o mais, é a Jesus que amamos. Além disso, este sentido do amor a Jesus no outro gera a abertura a todo o próximo, cria a generosidade na família, a unidade, a fraternidade universal segundo o desejo do Mestre: ”Que todos sejam um”         (Jo, 17, 21).

Que nos santificamos juntos, particularmente em família, afirma-no-lo S. Paulo: ”O marido não crente é santificado pela mulher e a mulher não crente é santificada pelo marido” (1Cor 7,14), isto é, o cônjuge cristão, por força da sua união com Cristo pelo sacramento, torna-se canal de graça, através do qual Deus santifica a família.

Uma espiritualidade comunitária para a família, assim definida, é utópica? Não é, muito embora seja uma meta de maior perfeição. Porém, temos sempre a possibilidade de recomeçar cada dia, nesta caminhada para este ideal de família, como Deus a concebeu.

Vivamos este ano da família, ao jeito evangélico, estreitando os laços, purificando o amor, alargando os horizontes da mesma a todo a humanidade, pois “todo o homem é meu irmão, nosso irmão”.

 

Um pouco de céu

30-12-2013 11:04

Pontos de Vista

Há pessoas que vibram com o Natal e o vivem de forma expressiva, enfeitada e colorida. Há pessoas que preferem o silêncio e procuram que a época festiva seja uma revolução de amor. Há quem ignore esta data e olhe as manifestações dos outros de lado. Há quem se rodeie de presentes e jantares festivos, sem deixar que uma única gota de ternura lhe humedeça o coração. Vivências, relações diferentes com a fé, ambientes familiares ou culturais e personalidade distintas contribuem para que haja, naturalmente, formas muito diferentes de viver o Natal.

Há, contudo, pessoas que me fazem sempre pensar que tudo deve ser olhado com cuidado, para encontrar a perspectiva certa: são as que não sendo crentes mantêm um distanciamento em relação ao Natal e se dizem sem “espírito natalício”, mas têm vidas mais semeadoras de amor do que tantos cristãos. Tenho vários amigos assim, que a todo o momento se entregam sem reservas por quem os rodeia. Pessoas que são Natal, porque fazem a sua parte para que um mundo melhor seja possível – e o fazem sem perceber os milagres que a toda a hora transportam consigo. Às vezes, penso que o Natal acontece mesmo nos recantos mais improváveis. Em quem não o prepara, não procura e julga não crer – mas quer que haja espaço para o sorriso dos outros.

A bondade, simples e desprendida, sem tiques de benevolência ou beatice, não escolhe credos ou raças. Há pessoas que nascem com uma inesgotável capacidade de dar. Dar sem expectativas de nada, sem moedas de troca, sem pesos nem medidas. Dar mesmo quando pela frente está quem não sabe entender tanta generosidade, quem se aproveita dela ou faz dela uma paródia.

Haverá sempre momentos em que quem dá sem medida se sente um pouco atropelado. Dar com intensidade e ser incompreendido às vezes fere. Mas pessoas que nasceram com uma inesgotável capacidade de pensar nos outros não conseguem ser de outra forma. E ainda bem: porque percebem que darem-se e esgotarem-se é a melhor forma de felicidade que podem ter. São pessoas com uma altura impressionante, capazes de agarrar as nuvens e trazer o céu ao meio de nós. Sempre que alguém transporta um pouco de céu entre as suas mãos, o Natal acontece.

M. I. C.

 

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